Cirurgiões do Hospital Federal
do Andaraí, no Rio de Janeiro, desenvolveram técnica apresentada em congresso
mundial no Japão
Uma técnica de cirurgia
pós-bariátrica desenvolvida no Hospital Federal do Andaraí (HFA) já atraiu
a essa unidade do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no
Rio de Janeiro estudantes de 16 países em quatro continentes. Todos eles em
busca da inovação que hoje permite realizar quatro tipos de procedimentos
cirúrgicos ao mesmo tempo: a reparação do abdômen inteiro (360°), peito, braços
e coxas.
Inteiramente criada no Sistema
Único de Saúde (SUS), a técnica permite a redução pela metade do tempo de
plástica reparadora para os pacientes que já haviam sido submetidos a
cirurgia bariátrica – de 8 a 10 horas para 4 horas de procedimento cirúrgico.
Já a recuperação pós-cirúrgica, que demora pelos métodos tradicionais cerca de
dois meses, também foi reduzida para 10 a 15 dias – ou seja, para até 1/6 do
tempo médio.
Outro benefício apontado pela
equipe é que diminuiu o risco cirúrgico. Complicações que exigiam transfusões,
por exemplo, foram reduzidas a quase zero nos pacientes submetidos a esse tipo
de cirurgia no HFA. Em novembro de 2016, a técnica foi apresentada no Congresso
Mundial da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, em Kyoto, no Japão,
evento que reúne alguns dos mais renomados cirurgiões plásticos do mundo.
“Ao conseguir realizar quatro
cirurgias em uma mesma pessoa ao mesmo tempo, diminuímos também o custo dos
procedimentos e a fila de pacientes, uma vez que eles estavam à espera de
várias cirurgias”, ressalta o chefe do setor de Cirurgia Plástica do HFA,
Carlos Del Piño Roxo, que expôs os avanços desta técnica em master conferência
no congresso.
DETALHAMENTO DA TÉCNICA
- Uma das grandes diferenças é que a técnica do HFA consiste na previsão
de todo o corte para as quatro cirurgias simultâneas que ocorrem depois
da bariátrica e do emagrecimento do paciente, ainda antes que comece
o procedimento. Dessa forma, é delimitado estritamente o tecido que está
sobrando. Mais do que isso, se evita a danificação dos tecidos.
“Da forma tradicional, os
cirurgiões iam ‘puxando’ tecidos durante a cirurgia, sem a delimitação
planejada, o que pode ocasionar transtornos como o de um lado do abdômen ficar
mais caído que o outro”, esclarece Roxo.
Até agora, 675 pacientes foram
submetidos a essa técnica cirúrgica. Anualmente, ocorrem 50 cirurgias
pós-bariátricas no HFA. O hospital federal realiza desde o ano 2000 cirurgias
pós-bariátricas gratuitamente pelo SUS. Desde então, esses procedimentos já ocorriam
com forma diferenciada, que reduz o tamanho da cicatriz de corte do abdômen
porque, em vez de corte vertical, é feito corte em formato de âncora no
abdômen.
“Não vejo minha
pós-bariátrica como algo estético, não, vejo como a possibilidade de maior
qualidade de vida. Minha barriga caía três camadas, eu queria muito caminhar
normalmente”, conta a administradora de residência terapêutica Alessandra de
Mello Morelli, 34 anos. Com 1,56 metro de altura, ela chegou a pesar 148 quilos
e a ter problemas nos rins e fígado. Entre a cirurgia bariátrica e a
pós-bariátrica, feita em abril, foram dois anos e quatro meses até chegar ao
peso considerado ideal, 65 quilos. “Hoje sou uma outra pessoa”, atesta.
Uma das apostas do HFA para o
êxito desse tipo de tratamento é o acolhimento ao paciente no hospital, o que
prevê a atuação de uma mesma equipe multidisciplinar desde a primeira consulta
até a retirada dos pontos pós-cirurgias e finalização do atendimento. O
objetivo é reforçar a confiança do paciente no tratamento.
Por Géssica Trindade, Ascom/RJ
0 comentários:
Postar um comentário