Deputados
federais da Comissão de Seguridade Social e Família realizaram uma visita
técnica ao campus da Fiocruz em Manguinhos, na sexta-feira
(18/8), para conhecer as instalações e processos de produção do Instituto de
Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
Os
deputados tiraram dúvidas e ouviram explicações sobre a importância do Complexo
Econômico e Industrial da Saúde (Ceis) para o desenvolvimento e a segurança
sanitária do país. A comitiva foi composta por Alexandre Serfiotis (PMDB/RJ),
Benedita da Silva (PT/RJ), Chico D'Angelo (PT/RJ), Jandira Feghali (PCdoB/RJ),
Laura Carneiro (PMDB/RJ) e Odorico Monteiro (PSB/CE).
A
visita teve o objetivo de esclarecer questionamentos sobre a cooperação
internacional com Cuba para a produção de alfaepoetina, o primeiro biofármaco
sintetizado 100% no Brasil, indicado no tratamento da anemia associada à
insuficiência renal crônica, incluindo os pacientes em diálise. Em maio, uma
audiência pública realizada na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle
da Câmara debateu repasses de recursos para a compra da substância. Na ocasião,
o então diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto, realizou um convite para que
congressistas conhecessem as instalações produtivas da substância, aceito pelos
parlamentares.
Em
reunião no Castelo Mourisco no começo da visita, a presidente da Fundação,
Nísia Trindade Lima, afirmou que o convite foi feito como um esforço para
esclarecer os parlamentares da importância estratégica da Fiocruz e dos
laboratórios públicos de produção de fármacos para o Estado. A presidente se
focou nas ações de produção da Fiocruz, assim como nos desafios enfrentados
pela instituição.
“Do
ponto de vista de ações finalísticas, nossa diretriz principal é reforçar nossa
cadeia de inovação, estabelecendo índices mais sólidos nas áreas de pesquisa e
de produção. Temos um papel muito relevante na área de vigilância, e oferecemos
uma resposta importante à sociedade no caso da epidemia de zika”, disse Nísia.
“Isso só foi possível porque a Fiocruz tem uma grande diversidade de ações, que
nos permite agir de forma sinérgica. Só seremos instituição de Estado se o
investimento nessas áreas for visto como um investimento no futuro. Nossa
agenda é a da defesa da ciência e tecnologia como um todo”, afirmou.
A
comitiva teve contato com equipes técnicas ligadas à produção de biofármacos e
conheceu o Centro Henrique Penna, unidade de produção inaugurada no final de
2016. O diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, listou ganhos que o
empreendimento traz ao país. “Conseguimos elevar a capacidade de entrega de
reativos para diagnóstico ao Ministério da Saúde”, disse. Além disso, Zuma
afirmou que o empreendimento é conquista não apenas de Bio-Manguinhos, mas sim
do Estado brasileiro, que passa a dispor de uma planta de protótipos com capacidade
de escalonamento de lotes de medicamentos biológicos para estudos clínicos, em
boas práticas laboratoriais (BPL), Boas Práticas de Fabricação (BPF) e
biossegurança.
A
planta deve produzir também kits moleculares para zika, dengue e chikungunya e
o kit NAT, que traz segurança transfusional ao país ao verificar a presença de
vírus HIV e das hepatites B e C nas bolsas de sangue coletadas para
doação.
Produção
de biofármacos
Os
deputados conheceram também as duas plataformas tecnológicas de produção de
biofármacos, incluídos os laboratórios e equipamentos onde é feita a produção
de alfaepoetina. Os parlamentares tomaram ciência ainda do atual estágio de
desenvolvimento do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs), nova
planta da Fiocruz a ser construída em Santa Cruz. “No novo centro de
processamento final multiplicaremos por quatro nossa capacidade de entrega”,
explicou
Zuma.
Os
deputados deixaram a visita impressionados com o que viram. Odorico Monteiro,
que também é servidor da Fundação, afirmou que a instituição é estratégica para
a ciência e a tecnologia nacionais.
“A
Fiocruz deve ser sempre entendida como instituição de Estado, que ultrapassa
questões de governo. Temos que desenvolver nosso complexo produtivo da saúde,
onde hoje temos nossa maior dependência externa”, disse. “Precisamos também
levar em consideração a importância dos biofármacos hoje para o futuro da
saúde. É um projeto de Estado, estratégico”.
Deputados conheceram também as duas plataformas tecnológicas de produção de
biofármacos
Jandira
Feghali deu declaração em tônica parecida ao deputado. “Cada vez que piso na
Fiocruz fico mais convencida do papel estratégico dessa instituição. Precisamos
blindá-la de momentos conjunturais. Tenho muita preocupação que a mudança
política no ministério esvazie instituições públicas e fortaleça instituições
privadas. Nesse momento, vamos sair daqui com visão mais clara dessa
instituição”, afirmou, acrescentando desejar que os presidentes da Câmara e do
Senado também conheçam as instalações da Fundação, para ter melhor ideia de sua
função.
A
posição da deputada foi endossada por Laura Carneiro, que afirmou que “todo o
Congresso Nacional deveria fazer essa visita”. “A planta que vimos aqui é uma
coisa especialíssima. É importante que o Ministério da Saúde utilize essa
planta da melhor maneira, para avançar o desenvolvimento nacional e, que de
alguma maneira, tenhamos os produtos desenvolvidos pelos órgãos públicos”.
Benedita
da Silva, por sua vez, destacou a “importante visita”. “Saímos com a responsabilidade
de interagir com outras comissões, principalmente a de Finanças. Temos também
que levar esta mensagem ao Ministério da Saúde, demonstrando a capacidade que a
Fiocruz tem. Precisamos de mais recursos, para que a planta em Santa Cruz vá
adiante”.
Chico
D’Angelo, por fim, disse que “a visita tem importância muito grande porque há
desconhecimento de setores do congresso da importância da Fiocruz como um todo
para o país. Na verdade, isso aqui é uma política de Estado, não de governo,
inserida no SUS. O ideal é que todos os parlamentares, todos os 513 e
senadores, viessem aqui para ver. Isso aqui é um orgulho do país. Há uma
parcela grande de pessoas que opinam sobre Fiocruz com desconhecimento profundo
do que ela representa para o Brasil”.
A
reportagem não conseguiu falar com Alexandre Serfiotis. Os deputados
comprometeram-se a produzir um relatório contando o que viram na visita, a ser
entregue à Comissão de Fiscalização e Controle. A Fiocruz aguarda o
reagendamento da visita da Câmara, atendendo ao requerimento realizado na
audiência pública.
André
Costa (AFN) e Paulo Schueler, foto - Peter Iliciev, (Bio-Manguinhos/Fiocruz)
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