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quinta-feira, 17 de maio de 2018

Investir no controle de doenças crônicas não transmissíveis gera grandes retornos financeiros e de saúde, afirma OMS


Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) lançado nesta quarta-feira (16) revela que os países mais pobres do mundo podem ganhar US$ 350 bilhões até 2030 aumentando os investimentos na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardíacas e o câncer, que, juntos, custam US$ 1,27 por pessoa a cada ano. Tais ações salvariam mais de 8 milhões de vidas no mesmo período.

O novo relatório, “Saving lives, spending less: a strategic response to NCDs” (“Salvando vidas, gastando menos: uma resposta estratégica às DCNTs”, tradução livre) mostra, pela primeira vez, as necessidades financeiras e os retornos sobre o investimento das políticas “best buy” da OMS – rentáveis e viáveis – para proteger as pessoas contra doenças crônicas não transmissíveis, que são as principais causas de enfermidades e mortes em todo o mundo.  

Isso mostra que, para cada US$ 1 investido na ampliação de ações para tratar as DCNTs em países de baixa e baixa-média renda, haverá um retorno à sociedade de pelo menos US$ 7 em aumento de empregos, produtividade e longevidade. "A mensagem abrangente deste novo e poderoso relatório da OMS é otimista", diz o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Combater as DCNTs é uma oportunidade para melhorar a saúde e as economias”.  

Se todos os países usarem essas intervenções, o mundo se aproximaria significativamente do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3.4, que tem o objetivo de reduzir mortes prematuras por DCNTs em um terço até 2030. Entre as ações de melhor custo-benefício, estão o aumento dos impostos sobre o tabaco e o álcool; a redução da ingestão de sal por meio da reformulação de produtos alimentares; a administração de terapia medicamentosa e aconselhamento para pessoas que tiveram ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais; vacinação de meninas com idades entre 9 e 13 anos contra o papilomavírus humano (HPV); e rastreio de mulheres com idade entre 30 e 49 anos para câncer do colo do útero.

"As DCNTs impõem enormes custos econômicos que recaem sobre os países de baixa e média renda baixa, ou seja, os que menos podem pagar. Esse relatório defende a ousadia de ação contra essas doenças de uma perspectiva empresarial e descreve algumas das formas mais eficazes de reduzir seu “pedágio”, que pode ajudar a direcionar mais recursos para onde eles realmente são mais necessários”, afirma o Embaixador Global da OMS para Doenças Crônicas Não Transmissíveis, Michael R. Bloomberg.  

Países de baixa e baixa-média renda sofrem, atualmente, com as mortes prematuras por DCNTs: quase metade (7,2 milhões) das 15 milhões de pessoas que morrem em todo o mundo a cada ano, entre 30 e 70 anos, são dos países mais pobres do mundo. No entanto, o financiamento global para as DCNTs é severamente limitado, recebendo menos de 2% de todo o financiamento em saúde.  

O relatório indica que a adoção de medidas eficazes para prevenir e controlar as DCNTs custa apenas US$ 1,27 por pessoa a cada ano nesses países. Os ganhos em saúde desse investimento, por sua vez, gerarão US$ 350 bilhões, evitando os custos com a saúde e aumentando a produtividade até 2030, além de salvar 8,2 milhões de vidas durante o mesmo período.  
Para US$ 1 investido em cada área de política, foram documentados os seguintes retornos:  
  • US$ 12.82 de promoção de dietas saudáveis;
  • US$ 9,13 de redução do uso nocivo do álcool;
  • US$ 7,43 de redução de consumo do tabaco;
  • US$ 3,29 por fornecer terapia medicamentosa para doença cardiovascular;
  • US$ 2,80 do aumento de atividade física;
  • US$ 2,74 de gerenciamento do câncer.  
As doenças crônicas não transmissíveis matam 41 milhões de pessoas a cada ano, abrangendo 72% de todas as mortes no mundo. O número de mortes por DCNTs está aumentando globalmente, inclusive nos de baixa e baixa-média. Como condições tipicamente de longo prazo, essas enfermidades são especialmente prejudiciais para as famílias em ambientes de poucos recursos, uma vez que o tratamento demorado e dispendioso drena os recursos domésticos, força as famílias à pobreza e sufoca o desenvolvimento. A nova publicação lança um apelo claro para que os doadores apoiem os governos, oferecendo financiamento como um catalisador para ampliar, de forma ambiciosa, as políticas de “melhor compra” que salvariam milhões de vidas.

Nota aos editores
As doenças crônicas não transmissíveis – entre elas, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias crônicas e transtornos mentais – tendem a ser de longa duração e são resultado de uma combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais. O uso do tabaco, a inatividade física, o uso nocivo do álcool e dietas pouco saudáveis aumentam o risco de morte por uma DCNT. A detecção, rastreio e tratamento de DCNTs, bem como cuidados paliativos, são componentes-chave para sua resposta. A OMS também reconhece que a poluição do ar é um fator de risco crítico para essas enfermidades.

Fonte: OPAS/OMS BRASIL  


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