O medicamento
dolutegravir (DTG) está sob investigação da Anvisa por suspeita de ocorrência
de defeitos de tubo neural (DTN) em mulheres que foram expostas ao produto no
momento da concepção. O trabalho é conduzido pela Gerência de Farmacovigilância.
A investigação ocorre em
paralelo à divulgamos da Organização Mundial da Saúde (OMS) de uma carta de
alerta sobre o produto. O documento foi publicado nesta sexta-feira (18/5). A
carta traz recomendações adicionais quanto ao uso deste medicamento.
tradução da Carta da OMS:
Declaração sobre o
dolutegravir (DTG) - Genebra, 18 de maio de 2018
Potencial questão de segurança
que afeta mulheres com HIV usando dolutegravir no momento da concepção
O investigador de um estudo
independente, financiado pelo NIH, identificou um possível problema de
segurança com o medicamento anti-retroviral dolutegravir (DTG), e reportou à
Organização Mundial de Saúde (OMS) e à ViiV Healthcare (GSK, PFIZER e
SHIONOGI). A potencial questão de segurança está relacionada a defeitos do tubo
neural em bebês nascidos de mulheres que estavam tomando DTG no momento da
concepção.
A questão foi identificada a
partir de uma análise preliminar não programada de um estudo observacional em
andamento em Botsuana, que encontrou 4 casos de defeitos do tubo neural dentre
426 mulheres que engravidaram enquanto tomavam DTG. Essa taxa de
aproximadamente 0,9% se compara a um risco de 0,1% de defeitos do tubo neural
em bebês nascidos de mulheres que estão tomando outros medicamentos
antirretrovirais no momento da concepção.
Informações sobre defeitos do
tubo neural
O tubo neural é a base da
medula espinhal, do cérebro, do osso e dos tecidos que o rodeiam. Os defeitos
do tubo neural ocorrem quando o tubo neural não se forma completamente; esta
formação ocorre entre 0 e 28 dias após a concepção. Os defeitos do tubo neural
podem estar relacionados à deficiência de folato, outros medicamentos ou
história familiar.
A OMS recomenda que as
mulheres tomem suplementos diários de ácido fólico antes da concepção e durante
a gravidez para ajudar a prevenir defeitos do tubo neural.
Detalhes sobre as conclusões
preliminares sobre a potencial questão de segurança
Dados preliminares do estudo
acima mencionado em Botswana, até este momento, parecem sugerir que a questão
de segurança potencial surge da exposição de uma mulher ao DTG no momento da
concepção, em vez de durante a gravidez. A partir do mesmo estudo, não há
atualmente nenhuma evidência de qualquer criança nascida com um defeito do tubo
neural a partir de uma mulher que iniciou o DTG durante a gravidez.
O Monitoramento está em curso
para outras mulheres grávidas em Botsuana que foram expostas ao DTG no momento
da concepção. Os desfechos serão acompanhados de perto nos próximos 9 meses
(maio de 2018 - fevereiro de 2019), e os resultados deverão ser conhecidos logo
em seguida. Esses dados fornecerão mais informações sobre a segurança do DTG
para mulheres em idade fértil.
De acordo com o fabricante
ViiV Healthcare, o DTG foi testado em um pacote completo de estudos
toxicológicos reprodutivos, incluindo estudos de desenvolvimento embriofetal em
ratos e coelhos, nos quais a dose foi administrada durante o período crítico
para ocorrência de defeitos do tubo neural nessas espécies. Não houve evidência
de resultados adversos no desfecho desses estudos.
Resposta da OMS
A OMS reconhece que o dolutegravir
(DTG) tem eficácia e tolerabilidade bem estabelecidas e uma alta barreira
genética à resistência.
As atuais Diretrizes da OMS,
divulgadas em 2016, alertaram que havia dados insuficientes para o uso de DTG
durante a gravidez e amamentação e recomendaram o efavirenz (EFV) em combinação
com tenofovir (TDF) + lamivudina (3TC) ou emtricitabina (FTC) como a opção
preferencial na gravidez.
A OMS convocou grupo de
desenvolvimento de diretrizes para uma reunião entre 16 e 18 de maio de 2018
para analisar todos os dados disponíveis sobre os dados de eficácia e segurança
do dolutegravir, incluindo os dados de Botsuana, e divulgará orientações
atualizadas sobre o papel do DTG na primeira e segunda linha de tratamento do
HIV nos próximos meses.
Enquanto isso, a OMS aconselha
que os países e ministérios sigam as Diretrizes Consolidadas de Terapia
Anti-retroviral da OMS de 2016 e considerem o seguinte:
- Mulheres grávidas que estão
tomando DTG não devem interromper a terapia anti-retroviral e devem falar com
seu médico para orientação adicional.
- A terapia anti-retroviral
(ARV) para mulheres em idade fértil, incluindo mulheres grávidas, deve
basear-se em medicamentos para os quais estejam disponíveis dados de eficácia e
segurança adequados; um regime à base de efavirenz é um regime de primeira
linha seguro e eficaz.
- Se outros antirretrovirais
de primeira linha não puderem ser usados em mulheres em idade fértil, o DTG
pode ser considerado nos casos em que a contracepção consistente possa ser assegurada.
- Os programas devem continuar
fortalecendo a farmacovigilância, incluindo o monitoramento dos desfechos dos
nascimentos.
Próximos passos
A OMS está levando muito a
sério essa potencial questão de segurança e está trabalhando de perto com todas
as partes interessadas relevantes, incluindo os ministérios da saúde, os
investigadores do estudo, o fabricante e as organizações parceiras para
investigar essas descobertas preliminares. As Autoridades reguladoras também
estão analisando este assunto.
A OMS fará a atualização
desses dados e informações posteriormente, quando houver mais informações
disponíveis.
Anexo:
Ascom - ANVISA
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