Lorenzo tem três anos e vive
com HIV no Malauí. Foto: UNICEF/Schermbrucker
Vinte e três países — todos da
África Subsaariana — são o lar de 87% dos 2,1 milhões de crianças e
adolescentes que vivem com HIV no mundo. Nas mesmas nações, ocorrem 87% das
novas infecções pelo vírus entre meninos e meninas de até 14 anos. Para
proteger os jovens, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS)
lançou em 2016 uma estratégia a fim de aprimorar a prevenção e o tratamento
nesses mais de 20 territórios.
Após um ano de implementação,
o projeto Start Free, Stay Free, AIDS-Free — Comece livre,
permaneça livre, livre da AIDS, em tradução livre para o português — apresentou
ao final de abril (27) um relatório que aponta avanços na eliminação do HIV e
da AIDS, mas alerta para a necessidade de acelerar esforços pelo fim da
epidemia.
Em 2016, foram registradas em
todo o planeta 160 mil novas infecções pelo vírus entre crianças de até 14
anos. O número representa uma queda de 8% na comparação com 2015. Do total de
transmissões, 140 mil aconteceram nos 23 países. Entre os adolescentes dessas
nações com 15 a 19 anos, aconteceram 200 mil novas infecções em 2016, 5% a
menos do que no ano anterior. Setenta e dois porcento dos jovens afetados eram
mulheres.
Apesar das reduções nas duas
faixas etárias, a comunidade internacional continua consideravelmente longe das
metas propostas pelo Start Free, Stay Free, AIDS-Free para
2018. Neste ano, os 23 países prioritários devem alcançar um número de novas
infecções por HIV abaixo de 40 mil para os indivíduos de até 14 anos. Até 2020,
as transmissões deverão chegar a menos de 20 mil.
“Um alto número de novas
infecções por HIV entre adolescentes e uma população em rápido crescimento
poderia provocar uma explosão do HIV entre as mulheres jovens na África”,
alerta Deborah Birx, coordenadora global de AIDS dos Estados Unidos e
representante especial para a diplomacia da Saúde Global. O governo
norte-americano é um dos parceiros que apoia o UNAIDS na implementação do Start
Free….
Uma das medidas para diminuir
os novos casos de HIV é ampliar a cobertura do tratamento antirretroviral entre
mulheres grávidas, a fim de impedir a chamada transmissão vertical do vírus —
de mãe para filho. Em 2016, cerca de 78% das gestantes que vivem com HIV nos 23
países tiveram acesso à terapia. No mesmo ano, o UNAIDS estimou que, em todo o
mundo, os remédios evitaram 270 mil infecções entre crianças durante a gravidez
e o período de amamentação.
Entre as metas do Start
Free… para 2018, estão o fornecimento — e a manutenção — do tratamento
para 95% das mulheres grávidas vivendo com HIV. Outro objetivo para este ano é
garantir que, entre os jovens que vivem com o vírus, 1,6 milhão de crianças de
até 14 anos e 1,2 milhão de adolescentes de 15 a 19 tenham acesso à terapia
antirretroviral. Em 2016, apenas 920 mil meninos e meninas do primeiro grupo
etário recebiam o tratamento.
“O mundo está na via rápida
para eliminar as novas infecções por HIV entre crianças e garantir que suas
mães estejam vivas e saudáveis, mas precisamos fazer mais para garantir que
todas as crianças vivendo com HIV tenham acesso ao tratamento imediatamente”,
defendeu o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé.
Nos 23 países prioritários, um
dos problemas por trás da baixa cobertura antirretroviral é o crescimento lento
do acesso das crianças à testagem. Apenas nove das mais de 20 nações
conseguiram testar e diagnosticar 50% ou mais dos meninos e meninas que foram
expostos ao HIV em 2016. Há taxas particularmente baixas de diagnóstico precoce
de recém-nascidos nos dois primeiros meses de vida, quando a testagem é mais
importante e a mortalidade relacionada ao HIV é mais alta.
Sem acesso ao diagnóstico e ao
tratamento, metade de todas as crianças que vivem com HIV morrerão antes do seu
segundo aniversário. “O futuro das crianças e adolescentes depende de ações que
tomamos coletivamente hoje”, completou Sidibé.
Fonte:nacoesunidas.org
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