O tripé ciência, tecnologia e
inovação é essencial para que se alcance os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), o ambicioso plano de metas da ONU para o ano 2030. “Com a
tecnologia disponível hoje, não somos capazes de resolver os problemas do
mundo”, explica Veerle Vandeweerd, ex-funcionária da ONU e especialista em
desenvolvimento sustentável. Com isso em mente, o Instituto Flamenco de
Pesquisa Tecnológica (Vito, na sigla em holandês), em conjunto com outras
instituições de ciência e tecnologia não-lucrativas, incluindo a Fiocruz,
organiza uma série de conferências globais sobre tecnologia e inovação
sustentável, o G-STIC, que esse ano será em novembro, em Bruxelas
(Bélgica).
Reuniões na Fiocruz debateram
série de conferências globais sobre tecnologia e inovação sustentável (foto:
Peter Ilicciev)
“Esta é uma iniciativa muito
jovem, com apenas 20 meses, que pretende usar a tecnologia e seu potencial
inovador para acelerar a implementação da Agenda 2030”, afirmou Vandeweerd, que
atualmente é diretora de políticas do G-STIC, em reuniões na Fiocruz, onde ela
esteve entre os dias 27 e 29 de agosto para apresentar e discutir a programação
e visão do evento. A Fundação foi convidada para ser uma das coanfitriãs do
G-STIC e será responsável pelo grupo temático de saúde.
Além da saúde, um dos novos
temas incorporados em 2018, compõem as linhas temáticas do evento: Água como
valor, Economia Circular, Agroecologia para sistemas alimentares sustentáveis,
Comunidades com energia renovável, Educação e Dados geoespaciais. Estes dois
últimos também fazem sua estreia como eixos temáticos. “Nossa intenção é
estabelecer prioridades e continuaremos ‘martelando’ os temas até haja soluções
sustentáveis para eles”, disse a ex-funcionária da ONU.
“Nossa intenção é estabelecer
prioridades e continuaremos ‘martelando’ os temas até haja soluções
sustentáveis para eles”, afirmou Vandeweerd (foto: Peter Ilicciev)
“O que buscamos são
tecnologias inovadoras e prontas para entrar no mercado. Mas não apenas isto,
elas também precisam ser socialmente aceitáveis, viáveis, baratas e lucrativas.
Além de terem potencial de serem produzidas em larga escala”, pontuou
Vandeweerd, ao explicar que a intenção não é ser um evento acadêmico, mas uma
conferência tecnológica com representantes da comunidade científica, além de
agências da ONU, governos, setor privado e sociedade civil. “Precisamos de
todos se quisermos realizar mudanças”, argumentou.
Integração de gênero, engajamento
jovem e desenvolvimento urbano também estão entre as preocupações do evento.
Estes são alguns dos eixos transversais que vão guiar as discussões. A ideia é
que eles sirvam como orientadores de todos os grupos e na plenária final se
avalie o quanto as soluções apresentadas para cada tema podem ter impacto nos
itens. Um desafio com convocatória aberta e uma exposição de tecnologias
inovadoras completam a programação, o que permitirá aos participantes
visualizar algumas das soluções apresentadas.
Papel da Fiocruz
A Fiocruz como um novo
parceiro tem um papel fundamental no G-STIC. Além de organizar o grupo temático
de saúde e ser coanfitriã, a organização é a única da América Latina a fazer
parte do evento, representando um braço importante na região. “A abordagem da
Fiocruz é única, vocês entendem saúde de um modo muito inovador”, destacou a
representante do G-STIC, que colocou o Sistema Único de Saúde (SUS) como um
modelo a ser seguido.
Diretor da Estratégia Fiocruz
para Agenda 2030, Gadelha acredita que o evento pode promover a visão da
Fiocruz sobre a saúde em todos os objetivos da Agenda 2030 e em todas as
políticas, como prevê a OMS (foto: Peter Ilicciev)
“O G-STIC é uma oportunidade
de atingir outras áreas em ciência, tecnologia e inovação que não são
conectadas aos nossos parceiros tradicionais, é uma grande chance de interagir
com outras agências, institutos e atores, principalmente na temática da saúde”,
ressaltou o diretor da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030, Paulo Gadelha, que
lidera a parceria a Vito. Gadelha acredita que o evento pode promover a visão
da Fiocruz sobre a saúde em todos os objetivos da Agenda 2030 e em todas as
políticas, como prevê a OMS. Neste sentido, representantes da Fiocruz
reforçaram a necessidade de interação com os demais grupos de trabalho da
conferência, como agroecologia e água, nos quais a instituição também tem forte
atuação.
Na ocasião, foram
apresentadas, ainda, tecnologias inovadoras da Fiocruz com potencial para serem
apresentadas no evento e replicadas em outros lugares do mundo. É o caso do
World Mosquito Project, um projeto para conter a disseminação de doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti por meio da introdução de
mosquitos com a bactéria Wolbacchia, que tem a capacidade reduzida de
transmitir arboviroses, como zika, dengue, chikungunya e febre amarela.
Julia Dias (Agência Fiocruz de
Notícias) Ascom - Fiocruz
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