Os serviços de saúde nos países das Américas estão sendo interrompidos à medida que profissionais de saúde são redirecionados para atender pacientes com COVID-19, as pessoas estão hesitando em procurar atendimento de rotina devido ao medo de infecção e as cadeias globais de fornecimento de medicamentos e equipamentos estão prejudicadas, alertou nesta terça-feira (4) Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
“Sem médicos e enfermeiros
disponíveis para oferecer outros serviços essenciais no primeiro nível de
atenção – incluindo atendimento relacionado à gestação e gerenciamento de
condições crônicas como diabetes ou doenças infecciosas como HIV, TB e malária
–, esses serviços foram severamente interrompidos ou pior ainda, pararam por
completo”, explicou Etienne na coletiva de imprensa semanal da OPAS.
A região permanece sob forte
controle a pandemia. Em 3 de agosto, as Américas contabilizavam mais de 9,7
milhões de casos e mais de 365 mil mortes. “E esses números continuam a
aumentar”, afirmou a diretora da OPAS.
“Mais de um quarto dos países
suspenderam campanhas de vacinação de rotina” e “semanas ou meses de
interrupção aumentarão o risco de surtos de doenças evitáveis por vacinas,
revertendo nossas tendências de longa data na região”, pontuou Etienne.
Em 27 países, metade dos
programas de diabetes e hipertensão da atenção primária foi interrompida,
mostra pesquisa, e as visitas relacionadas à gestação caíram 40%. Hoje, 11
países das Américas têm menos de três meses de fornecimento de
antirretrovirais. “Se estes não forem reabastecidos em breve, as pessoas que
vivem com HIV podem ter que interromper o tratamento. A falta desses suprimentos
simplesmente não é uma opção”, afirmou a diretora da OPAS.
Uma resposta prolongada a esta
pandemia deve incluir o fornecimento de outros serviços essenciais para salvar
vidas, defendeu Etienne. "Os países devem evitar pensar que precisam fazer
uma escolha entre reabrir economias e proteger a saúde e o bem-estar de seu
povo.”
A OPAS está pedindo aos países
que se adaptem a essa nova situação para “reestruturar como os cuidados
essenciais são prestados e investir no primeiro nível de atenção”, usando telemedicina,
visitas domiciliares e programas de extensão comunitária para apoiar populações
vulneráveis”. Ao mesmo tempo, também devem mitigar os efeitos da COVID-19.
“Esta não é uma escolha, os governos devem encontrar esse equilíbrio cuidadoso
para a saúde pública”, disse a diretora da OPAS.
“Os países podem responder à
COVID-19 fornecendo testes e rastreamento de contatos, além de oferecer outros
serviços essenciais, como imunização e apoio à saúde mental. Uma abordagem
integrada economiza tempo e recursos dos pacientes, melhorando a qualidade dos
cuidados que eles recebem ", disse ela. "Os investimentos em atenção
primária à saúde também melhoram a eficiência, reduzem os custos de cuidados de
saúde e permitem que hospitais e comunidades expandam a capacidade em outras
áreas de atendimento".
“Enquanto continuamos esse
caminho em direção à saúde universal, precisamos garantir que nossos sistemas
de saúde sejam resilientes e que tenham os recursos, suprimentos e
profissionais de saúde necessários para combater uma pandemia, além de manter
as pessoas saudáveis e protegidas de outras doenças”, concluiu Etienne.
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