Pela primeira vez, a Agência
de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) concedeu o status
de orphan drug para um medicamento desenvolvido inteiramente
no Brasil: o imunomodulador P-MAPA, para o tratamento da esquistossomose.
O P-MAPA é a sigla para anidrido polimérico de fosfolinoleato de magnésio e
amônio e proteína, denominação química de um biopolímero produzido por
fermentação pelo fungo Aspergillus oryzae. Os pesquisadores Juliana
Carla Serafim da Silva e Bruno de Melo Carvalho, ambos da Universidade de
Pernambuco (UPE), e Fábio Lopes Melo, do Departamento de Parasitologia da
Fiocruz Pernambuco, participam do estudo. A pesquisa integra a rede
da Farmabrasilis, que
conseguiu o registro na FDA com base em estudos de caracterização da ação in
vitro e in vivo.
Fábio Melo explica que o
P-MAPA já foi amplamente testado como antiviral, anticancerígeno e
imunoprotetor em diversas doenças, por exemplo, a tuberculose, apresentando
eficácia significativa. No entanto, a decisão do grupo de pesquisadores
pernambucanos de testar a ação do medicamento também sobre Schistosoma
mansoni, o agente causador da esquistossomose, mostrou-se uma escolha
acertada, uma vez que o composto apresentou potente ação contra o verme. Como
comprovado pelos dados da pesquisa que se encontram em via de publicação.
O tratamento medicamentoso
para esquistossomose é feito pelo Praziquantel, droga utilizada desde de 1980.
Entretanto, esse tratamento vem apresentando algumas limitações relacionadas
aos indícios de existência de parasitos resistentes e baixa tolerabilidade,
principalmente para crianças, como relatado na literatura. No caso do P-MAPA, a
sua tolerância é excelente. Uma vez que não apresenta toxicidade mesmo em dosagens
muito acima dos níveis considerados terapêuticos. Quanto à sua eficácia,
os ensaios in vitro e in vivo realizados pela
equipe de cientistas de Pernambuco demonstraram que o composto é uma nova
e importante arma para o tratamento de esquistossomose, conjugando eficácia e
ausência de efeitos colaterais.
Bruno Carvalho descreve que os
testes in vitro e in vivo apresentaram
efeitos positivos no tratamento da esquistossomose, pois o composto apresentou
efeitos diretamente no agente infeccioso da doença, o trematódeo Schistosoma
mansoni, bem como na melhora das consequências provocadas pela doença, em
especial a redução significativa do número de granulomas no fígado, principal
componente patológico da esquistossomose. O próximo passo dos cientistas
envolvidos no estudo é obter financiamento para desenvolver a etapa da pesquisa
que envolve os ensaios clínicos. A designação conferida pela FDA, além da
credibilidade quanto a eficiência e viabilidade do fármaco, facilita o seu
registro e distribuição em muitos países, incluindo os Estados Unidos da
América.
O termo orphan drug é
utilizado pelas autoridades sanitárias americanas para designar as drogas para
o tratamento de doenças raras, que têm baixa frequência ou negligenciadas.
Embora rara nos EUA, no mundo a esquistossomose atinge cerca de 200 milhões de
pessoas, das quais 7 milhões no Brasil.
Com informações da
Farmabrasilis
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