Dados preliminares de projeto
de pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde rastreou a existência de
depressão, ansiedade e/ou estresse pós-traumático na população brasileira
devido à pandemia da COVID-19.
De um total de 17,5 mil
questionários respondidos, houve uma incidência maior de transtornos mentais
entre as mulheres (71,9%). Já a ansiedade afetava 86,5% do total de pessoas que
responderam a pesquisa. Leia o relato do Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA).
Depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Foto: PEXELS
Para discutir sobre saúde
mental no contexto da pandemia de COVID-19, a Associação Brasileira de Estudos
Populacionais e o Fundo
de População das Nações Unidas (UNFPA) promoveram na semana passada
(2), a 19ª edição da série de webinários População e Desenvolvimento em Debate.
Participaram Ubiraci Matildes
de Jesus, coordenadora executiva do Fórum Nacional de Mulheres Negras;
Margareth Arilha, pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais Elza Berquó
(NEPO/Unicamp) e Maria Dilma Alves Teodoro, coordenadora Geral de Saúde Mental,
Álcool e Outras Drogas (DAPES/SAPS/Ministério da Saúde).
Maria Dilma compartilhou
informações e dados preliminares de um projeto
de pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, que teve como objetivo
rastrear a existência de depressão, ansiedade e/ou estresse pós-traumático na
população brasileira devido à pandemia da COVID-19.
“Tivemos um total de 17.500
questionários respondidos e do ponto de vista de dados demográficos, nós
tivemos uma incidência maior no sexo feminino, com 71,9%. Tivemos também, uma
proporção significativa de ansiedade em 86,5% de todas as pessoas que
responderam”, explica a coordenadora Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras
Drogas (DAPES/SAPS/Ministério da Saúde).
A pesquisadora do Núcleo de
Estudos Populacionais Elza Berquó (NEPO/Unicamp) Margareth Arilha levou para a
discussão fatores sociais que podem ter sido agravados durante o período da pandemia.
“A epidemia trouxe uma
perspectiva de indagação. Ela indaga a nossa vida cotidiana, as formas como
estamos nos relacionando conosco e com o outro, indaga nossas relações
afetivas, sexuais e reprodutivas; aponta questões que eram negligenciadas e provoca
questões latentes como abandono, solidão, violência, vulnerabilidades de
gênero, raça e idade ou aquelas trazidas pelas perspectivas das orientações
sexuais.”
Incluindo a perspectiva da
população negra, a coordenadora executiva do Fórum Nacional de Mulheres Negras,
Ubiraci Matildes de Jesus, alerta: “a pandemia só veio retratar e tirar debaixo
do tapete uma situação que a gente vem vivendo há algum tempo, que é exatamente
a invisibilidade de quem mais usa o Sistema Único de Saúde, ou seja, a população
negra brasileira, que corresponde a 80% da população que utiliza o SUS”.
“Na minha concepção, não
existe a possibilidade de existir uma rede de saúde mental bem equilibrada, com
seus CAPS [Centro de Atenção Psicossocial] e RAPS [Rede de Atenção Psicossocial]
trabalhando de forma equânime, se a gente desconhece a diversidade da população
brasileira”, conclui Ubiraci Matildes de Jesus.
A mediação do webinário foi
realizada por Junia Quiroga, representante auxiliar do Fundo de População das
Nações Unidas no Brasil.
Assista ao debate na íntegra
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