Em maio de 2019, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) definiu o dia 17 de setembro como o Dia Mundial da
Segurança do Paciente. Em 2020, a data, a ser celebrada nesta quinta-feira
(17/9), terá um caráter diferente, por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus,
e o tema central será Segurança do trabalhador da saúde: uma prioridade
para a segurança do paciente. Como parte das diversas ações em todo o
mundo, a Fiocruz promove neste 17 de setembro, às 10h, o seminário online Desafios
e lições da Covid-19 para a segurança do paciente e do trabalhador da saúde.
Além disso, o Castelo Mourisco — símbolo da Fiocruz — terá sua a fachada
iluminada na cor laranja, assim como outros espaços públicos, hospitais e
prédios por todo o país, em uma ação que envolve diversas sociedades
técnico-científicas, redes de profissionais de saúde, conselhos profissionais,
conselhos de secretarias de Saúde e instituições direta ou indiretamente
relacionadas à segurança do paciente. O evento poderá ser
acompanhado aqui.
O Castelo Mourisco da Fiocruz iluminado de laranja pelo Dia Mundial da Segurança do Paciente (Foto: Peter Ilicciev)
O seminário contará com
a participação de René Amalberti, importante referência da área e integrante da
Foncsi (Fondation pour une Culture de Sécurité Industrielle), e de Magda Costa,
gerente de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). O debate terá ainda a participação, como
debatedora, de Letícia Janotti, membro da Câmera Técnica de Segurança do
Paciente do Cremerj e pesquisadora colaboradora do Proqualis, e será mediado
por Margareth Portela, pesquisadora da Fiocruz e coordenadora-geral do
Proqualis. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, participará com um
vídeo de abertura.
Criado em 2009, o Proqualis
tem foco na produção e disseminação de informações e tecnologias em qualidade e
segurança do paciente. O evento online faz parte do projeto O Brasil após seis
meses de pandemia da Covid 19 – I Ciclo de Debates do Observatório Covid-19,
que vem reunindo pesquisadores nacionais e internacionais com o objetivo de
analisar os impactos no Sistema Único de Saúde (SUS), na sociedade e na
produção de desigualdades no Brasil.
Para Victor Grabois,
coordenador-executivo do Proqualis, os problemas na área da saúde e da
segurança do trabalhador não surgiram agora durante a pandemia, mas alguns
ganharam mais visibilidade. “Não à toa, o slogan escolhido pela OMS é
"trabalhadores de saúde seguros, pacientes seguros". O
dimensionamento adequado de profissionais de saúde para cada unidade, as
condições adequadas de descanso, de paramentação, os equipamentos, tudo isso já
era debatido antes. O que a pandemia traz é uma doença com nível de
contagiosidade importante, e também o fato de que ela é transmitida por pessoas
assintomáticas. Os profissionais de saúde ficaram muito expostos, e o uso de
equipamentos e outras medidas de segurança tornaram-se fundamentais”, afirma.
Segundo informações da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp), presidida por Grabois, estudos em diferentes países nos últimos 20 anos indicam que danos causados aos pacientes por eventos adversos constituem causas de mortalidade e incapacidade em todo o mundo, e que cerca de um em cada dez pacientes hospitalizados sofre dano associado aos cuidados à saúde (e que pelo menos 50% poderiam ser evitados). Na atenção primária e ambulatorial, quatro em cada dez pacientes sofrem danos. O Ministério da Saúde divulgou, em 24/8, que até aquele momento mais de 257 mil trabalhadores da saúde no Brasil haviam sido infectados pela Covid-19, com 226 mortes.
Informação para práticas
seguras
Em um mundo marcado pelo
excesso de informação – que, em vez de esclarecer, gera, muitas vezes, confusão
–, a participação do Proqualis na mobilização de 17/9 é essencial, segundo
Grabois. “A OMS definiu um termo para resumir essa condição, a ‘infodemia’, ou
seja, um excesso de fontes, que gera uma imensa propagação de informações
falsas, sem embasamento científico. Então, essa é também uma oportunidade de
divulgarmos conhecimento de qualidade, que é o papel do Icict/Fiocruz,
dedicar-se a divulgar informação baseada em evidências científicas”, explica.
Segundo a OMS, o termo “infodemia” significa: “um excesso de informações,
algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e
orientações confiáveis quando se precisa”.
Grabois acredita que, com as ações, será possível também divulgar informações importantes no enfrentamento da pandemia. “Poderemos falar sobre práticas que oferecem mais segurança para o paciente, mas também para os profissionais de saúde, como paramentação, equipamentos, equipes e fluxos adequados, ventilação nos ambientes etc. Ou seja, é um dia para dizermos: aqui estão informações científicas, e estas são as práticas seguras”, resume.
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