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Um novo relatório do Programa
Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) mostra como os
países que lutam contra a COVID-19 estão usando a experiência e a
infraestrutura da resposta à AIDS para garantir uma resposta mais robusta a
ambas as pandemias.
O relatório “COVID-19
e HIV: 1 momento, 2 epidemias, 3 oportunidades – como aproveitar o momento para
aprender, alavancar e construir um novo caminho para a saúde e direitos de
todas as pessoas” (em inglês) mostra que, ao identificar as mudanças
dinâmicas necessárias, podem ser encontrados sistemas que são eficazes,
inclusivos, equitativos e com recursos suficientes.
“Dadas as dimensões épicas da
emergência, o mundo precisa de unidade e solidariedade”, disse o
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. “Nossa luta de décadas
contra o HIV oferece lições essenciais. Seguindo essas lições e trabalhando
juntos, podemos garantir que as respostas nacionais de saúde cumpram a promessa
da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e a saúde e o bem-estar de
todas as pessoas”.
As três oportunidades
destacadas no relatório são: (1) que as principais lições aprendidas com a
resposta ao HIV devem se comunicar com as respostas à COVID-19; (2) como a
infraestrutura da resposta ao HIV já está impulsionando as respostas à COVID-19
e tem o potencial de catalisar o progresso acelerado; e (3) como as respostas à
COVID-19 e ao HIV oferecem uma oportunidade histórica de construir uma ponte
para sistemas de saúde adaptáveis e orientados para resultados que funcionem
para as pessoas.
Para a diretora-executiva do
UNAIDS, Winnie Byanyima, esta é uma oportunidade única de reimaginar os
sistemas de saúde. “Todos os olhos estão voltados para a saúde, os sistemas de
saúde e os cuidados de saúde, com o desejo dos países de estarem bem equipados
para lidar não apenas com a COVID-19, mas também para criar sociedades mais
saudáveis e resilientes. Podemos aproveitar esta oportunidade aprendendo com o
HIV e com a COVID-19 para fazer mudanças importantes para desenvolver sistemas
de saúde baseados em direitos, equitativos e centrados nas pessoas”.
O relatório destaca como a
resposta ao HIV pode ajudar a impulsionar uma resposta acelerada à COVID-19 de
maneiras que podem colaborar para garantir que tais esforços não ocorram às
custas da resposta ao HIV ou de outras prioridades essenciais de saúde. Ao
mesmo tempo em que o mundo empreende esforços focados para desacelerar a
disseminação da COVID-19, também deve redobrar os esforços para limitar
qualquer interrupção e promover a recuperação rápida dos serviços relacionados
ao HIV, incluindo a garantia de suprimentos ininterruptos de produtos e
tecnologias essenciais para o HIV e outras prioridades globais de saúde.
“A COVID-19 causou perdas
significativas de vidas em muitas comunidades, mas principalmente naquelas onde
as desigualdades tornam as pessoas mais vulneráveis a problemas de saúde. O
aproveitamento da infraestrutura e da força de trabalho do HIV ajudou a mitigar
o que poderia ter sido uma situação muito pior”, disse o presidente/CEO da
International Association of Providers of AIDS Care (Associação Internacional
de Provedores de Cuidados com a AIDS, na tradução livre para o português) e
co-organizador da conferência virtual Fast-Track Cities com o UNAIDS, José M. Zuniga.
“No entanto, com os gastos atuais com HIV substancialmente fora do caminho, o
mundo precisa urgentemente aumentar os investimentos nas respostas ao HIV e à
COVID-19 e não desviar de uma epidemia para responder à outra”.
A infraestrutura extensa,
dinâmica e ágil que foi construída em torno da resposta ao HIV está sendo
aproveitada de várias maneiras para ajudar na resposta ao COVID-19 e inclui a
entrega de serviços inovadores liderados pela comunidade. Por exemplo, 280.000
novas pessoas profissionais de saúde treinadas pelo Plano de Emergência do
Presidente dos Estados Unidos para Alívio da AIDS (PEPFAR) estão atualmente
auxiliando como primeiros respondentes à COVID-19 em muitos países de baixa e
média renda.
Além disso, 17 centros de
referência de tratamento de HIV em Marrocos estão agora funcionando como a
primeira linha para serviços de tratamento de COVID-19. A Housing Works, ONG
que atua com pessoas que vivem com HIV ou AIDS, abriu dois abrigos na cidade de
Nova Iorque especificamente para pessoas sem-teto que tiveram resultado
positivo para a COVID-19.
O relatório destaca que,
embora diferentes em muitos aspectos, a COVID-19 e o HIV compartilham
características importantes e que, ao incorporar as lições aprendidas com o
HIV, a resposta à COVID-19 pode evitar muitos erros. Um elemento essencial é a
adesão e liderança das comunidades. O ativismo comunitário acelerou a entrega
de medicamentos para o HIV que salvam vidas, a vigilância comunitária alertou
as autoridades sobre a falta de estoques de medicamentos perigosos e as
comunidades prestaram serviços essenciais de testagem e tratamento de HIV de
porta a porta, além de estarem liderando esforços para derrubar as leis
punitivas que afastam dos serviços de saúde essenciais populações como homens
gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e pessoas
que usam drogas.
O relatório também mostra a
importância de fundamentar firmemente as respostas de saúde nos direitos
humanos e a necessidade de respostas transformadoras de gênero. Outras ações
incluem o fortalecimento de sistemas de informação estratégica capazes de
fornecer dados oportunos e precisos sobre a pandemia para identificar novos
surtos e coordenação global, vontade política sustentada e uma resposta
multissetorial.
Os sistemas de saúde do futuro
devem ser preparados para enfrentar qualquer nova grande crise de saúde, sendo
ágeis, orientados para resultados, inclusivos e centrados nas pessoas. A
COVID-19 e a resposta ao HIV devem ser usadas como uma oportunidade para repensar
sistemas de saúde que funcionem para as pessoas, maximizar a eficiência e
eficácia, atrair recursos suficientes e envolver as comunidades como parceiros
essenciais para a saúde.
A conferência
virtual Fast-Track Cities 2020 acontece nos dias 9 e 10 de setembro,
reunindo cerca de 1.500 representantes de mais de 300 municípios em todo o
mundo para discutir as respostas urbanas à COVID-19 e ao HIV. Anthony Fauci,
diretor do United States National Institute of Allergy and Infectious Diseases,
(Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, na
tradução livre para o português), fará o discurso de abertura e o UNAIDS fará
uma apresentação sobre a importância da continuidade dos serviços de HIV
durante a COVID-19 e discutirá estratégias de mitigação para proteger os ganhos
obtidos na resposta ao HIV.
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