Banco de dados vai estruturar
medicina de precisão no país
Publicado em 14/10/2020 -
19:54 Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O governo federal lançou
nesta quarta-feira (14), no Palácio do Planalto, o Programa Nacional de
Genômica e Saúde de Precisão, batizado de Genomas Brasil. A cerimônia contou
com a presença do presidente Jair Bolsonaro; do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; além
de diversas outras autoridades. O principal objetivo do programa é a criação de
um banco de dados nacional com 100 mil genomas completos de brasileiros, nos
próximos anos.
O projeto sequenciará genes de
portadores de doenças raras, cardíacas, câncer e infectocontagiosas, como a
covid-19. A escolha das doenças levou em conta a quantidade de casos no país e
o alto custo que geram ao Sistema Único de Saúde (SUS), segundo informou o
Ministério da Saúde.
"Com o conhecimento do
DNA de nossa população, poderemos entender a relação entre o código genético e
as doenças. Poderemos, inclusive, desenvolver um tratamento específico para uma
única pessoa ou para um grupo de indivíduos que possuam a mesma informação
genética", explicou Hélio Angotti Neto, secretário de ciência, tecnologia,
inovação e insumos estratégicos em saúde da pasta.
Por ser constituído por uma
população altamente miscigenada, com traços genéticos de diferentes etnias,
como africanos, ameríndios, europeus e asiáticos, o mapeamento do genoma dos
brasileiros pode dar um impulso no conhecimento genético em escala global. Os
avanços na ciência genômica foram feitos com base no código genético de
populações caucasianas, principalmente europeus e seus descendentes diretos,
que representam cerca de 80% de toda a informação disponível no mundo sobre o
genoma humano.
"Para que isso seja
possível, vamos criar aquilo que será um dos maiores bancos de dados de genomas
do planeta, trazendo a diversidade que falta para os bancos que já
existem", acrescentou o secretário.
Para o ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello, o Brasil está atrasado na corrida internacional pelo
sequenciamento do genoma humano e o programa deverá estruturar a posição no
Brasil no setor. "Precisamos correr atrás do prejuízo. Estamos
efetivamente focados em buscar o mapeamento do DNA de 100 mil brasileiros em
quatro anos. Isso vai nos dar capacidade de medicina de precisão. Pra deixar
claro, nós precisamos dar o remédio certo, na dose certa, para aquela pessoa em
que o remédio vai fazer efeito. Se não, nós não vamos estar fazendo a saúde que
brasileiro merece em 2020 e 2021".
"Agora, [o Ministério da
Saúde] dá um grande passo para nós entrarmos na elite a questão do tratamento
de doenças no Brasil, através desse projeto Genomas Brasil", celebrou o
presidente Jair Bolsonaro, durante a cerimônia.
Como vai funcionar
De acordo com o Ministério da
Saúde, o Genomas Brasil vai trabalhar em três frentes para criar um cenário que
permita implementar a saúde de precisão no SUS. A primeira fase visa fortalecer
as áreas de ciência e tecnologia no Brasil, apoiando financeiramente a execução
de pesquisas e formação de pesquisadores altamente qualificados. Para isso, a
pasta firmou acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) este ano em que disponibilizou mais de R$ 71 milhões do seu
orçamento para viabilizar ações de fomento à pesquisa e à capacitação de
pesquisadores.
A segunda etapa visa
estabelecer um projeto piloto de pesquisa para avaliar a viabilidade de
implementação de serviço de genômica e saúde de precisão no SUS, além de
qualificar os profissionais da rede pública para a medicina personalizada e de
precisão. Os participantes da pesquisa que terão seus genomas sequenciados
serão recrutados diretamente pelos serviços da rede pública que cuidam dos
pacientes com doenças raras, cardiovasculares, oncológicas e infectocontagiosas
do SUS. Esse projeto é inspirado no 100.000 Genomas do Reino Unido, iniciado em
2012.
A terceira fase consiste em
fortalecer e estimular a indústria brasileira de genômica e saúde de precisão.
O Genomas Brasil prevê a criação de um programa de pré-aceleração de startups,
com o objetivo de estimular ideias inovadoras para a indústria nacional. O
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abrirá também uma
chamada pública no valor aproximado de R$ 50 milhões para o sequenciamento
genético da população brasileira, o apoio na estruturação do modelo de
participação da iniciativa privada no financiamento e na pesquisa de saúde de
precisão e o fomento a startups na área de genômica via
Programa BNDES Garagem.
Edição: Liliane Farias
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