Elsa Brasil aponta
hipertensão, diabetes e colesterol alto como os vilões da saúde do brasileiro
Na base dos dados, o estudo
que acompanha a vida de mais de 15 mil pessoas identifica obesidade alta e
atividade física baixa
Dois terços de pessoas com
obesidade ou sobrepeso; 1/3 com hipertensão; 1/5 com diabetes; e 2/3 com
colesterol elevado. São alguns dos muitos resultados de um estudo que acompanha
15.105 voluntários, na faixa etária dos 35 aos 74 anos, em seis centros de
investigação: Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador
e Vitória. Trata-se do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto – Elsa Brasil,
apresentado nesta terça-feira (17), no auditório Emílio Ribas, do Ministério da
Saúde, pelo seu pesquisador principal, professor Paulo Lotufo, da Faculdade de
Medicina da USP.
Iniciativa pioneira no
Brasil, o Elsa é uma pesquisa “a longo prazo”. Acompanha funcionários de seis
instituições públicas de ensino superior e pesquisa (UFBA, UFRGS, UFES,
FIOCRUZ-RJ, UFMG e USP). O principal objetivo é investigar a incidência e
fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis, especialmente as
cardiovasculares, cerebrovasculares e diabetes, além de traçar um cenário que
poderá valer para os próximos 15 ou 20 anos.
“Os principais fatores de
risco identificados entre o público estudado são o diabetes, a hipertensão, o
colesterol alto e, na base disto, uma obesidade muito elevada e atividade
física muito baixa”, destaca Paulo Lotufo, que dá a dica: “Temos que enfatizar
a necessidade do controle do peso e a prática da atividade física”.
Encontre em anexo a
apresentação completa
Este estudo longitudinal,
tecnicamente chamado de estudo de coorte, acompanha ao longo da vida um
conjunto de pessoas. “No Brasil, são mais de 15 mil pessoas avaliadas de
maneira contínua. O que possibilita o levantamento de muitos dados que a gente
só dispunha através de estudos americanos. Agora, nós os temos adaptados à
realidade e à composição étnica brasileiras”, observa o secretário de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
Além de focar nas doenças
crônicas não transmissíveis, o Elsa Brasil busca determinar mudanças nas
exposições a fatores de risco relevantes, como peso corpóreo e tabagismo;
identificar perdas na função cognitiva e a presença de demência; e comparar
parâmetros subclínicos de evolução da aterosclerose, da resistência insulínica
e da função renal.
Políticas integradas - O
estudo visa contribuir para a formulação de políticas integradas de controle
das doenças crônicas não transmissíveis, em especial as cardiovasculares, o
diabetes e a obesidade. “São
importantíssimos dados sobre hipertensão, diabetes e outros fatores de risco
para doenças crônicas. O Elsa revela informações que outros tipos de estudos
não teriam capacidade de revelar”, enfatiza o secretário.
Com financiamento do
Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde e do Fundo Setorial de
Saúde do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Elsa Brasil
recebeu, de 2005 até o presente, aproximadamente R$ 51 milhões, com aporte de
R$ 19 milhões até 2017, para realização da terceira onda de exames.
“O papel do Ministério da
Saúde, além de financiar o Elsa, é fazer com que os conhecimentos que são
revelados se transformem numa melhor maneira de nós organizarmos o setor saúde,
para que os profissionais de saúde do Brasil passem a utilizar esses
conhecimentos para orientar os seus pacientes de maneira mais adequada”,
explica Jarbas Barbosa.
Desde 2008, quando iniciou
suas atividades, o Elsa Brasil implantou seis centros de Investigação para a
realização de entrevistas e exames, criou unidades localizadas em diferentes
instituições para padronizar a aquisição e a leitura dos dados obtidos com os
exames e desenvolveu, no Centro de Dados, um sistema de entrada e transmissão
de dados do projeto.
O primeiro ciclo ou onda
desse estudo, que envolveu exames laboratoriais, questionários e entrevistas,
foi realizado entre 2008 e 2010 e estabeleceu a linha de base para as etapas
posteriores. A segunda onda iniciou-se em 2012 e foi concluída em 2014.
Bioteca - Nas duas primeiras
ondas de exames, o Elsa Brasil montou uma “bioteca” com amostras de soro,
plasma, urina e DNA de todos os participantes.
Esta “bioteca” permitirá
investigações futuras e acompanhamento da evolução das doenças crônicas.
“A ‘bioteca’ é um legado
para as próximas gerações”, diz o professor Lotufo. “Em 2040, 2050 haverá
estudos analisando as amostras do Elsa Brasil congeladas em 2010. Aqueles que
vão nos suceder poderão analisar doenças como o Alzheimer, entre outras,
utilizando amostras que estão congeladas na ‘bioteca’”.
O terceiro ciclo, previsto
para iniciar em 2016, incluirá, além da repetição de entrevistas e exames
essenciais, a medida direta da atividade física e o escore de cálcio.
Anexo: Apresentação Elsa Brasil
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