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sábado, 21 de março de 2015

hipertensão, diabetes e colesterol alto são os vilões da saúde do brasileiro

Elsa Brasil aponta hipertensão, diabetes e colesterol alto como os vilões da saúde do brasileiro
Na base dos dados, o estudo que acompanha a vida de mais de 15 mil pessoas identifica obesidade alta e atividade física baixa

Dois terços de pessoas com obesidade ou sobrepeso; 1/3 com hipertensão; 1/5 com diabetes; e 2/3 com colesterol elevado. São alguns dos muitos resultados de um estudo que acompanha 15.105 voluntários, na faixa etária dos 35 aos 74 anos, em seis centros de investigação: Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Vitória. Trata-se do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto – Elsa Brasil, apresentado nesta terça-feira (17), no auditório Emílio Ribas, do Ministério da Saúde, pelo seu pesquisador principal, professor Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP.

Iniciativa pioneira no Brasil, o Elsa é uma pesquisa “a longo prazo”. Acompanha funcionários de seis instituições públicas de ensino superior e pesquisa (UFBA, UFRGS, UFES, FIOCRUZ-RJ, UFMG e USP). O principal objetivo é investigar a incidência e fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis, especialmente as cardiovasculares, cerebrovasculares e diabetes, além de traçar um cenário que poderá valer para os próximos 15 ou 20 anos.
“Os principais fatores de risco identificados entre o público estudado são o diabetes, a hipertensão, o colesterol alto e, na base disto, uma obesidade muito elevada e atividade física muito baixa”, destaca Paulo Lotufo, que dá a dica: “Temos que enfatizar a necessidade do controle do peso e a prática da atividade física”.

Encontre em anexo a apresentação completa

Este estudo longitudinal, tecnicamente chamado de estudo de coorte, acompanha ao longo da vida um conjunto de pessoas. “No Brasil, são mais de 15 mil pessoas avaliadas de maneira contínua. O que possibilita o levantamento de muitos dados que a gente só dispunha através de estudos americanos. Agora, nós os temos adaptados à realidade e à composição étnica brasileiras”, observa o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

Além de focar nas doenças crônicas não transmissíveis, o Elsa Brasil busca determinar mudanças nas exposições a fatores de risco relevantes, como peso corpóreo e tabagismo; identificar perdas na função cognitiva e a presença de demência; e comparar parâmetros subclínicos de evolução da aterosclerose, da resistência insulínica e da função renal.

Políticas integradas - O estudo visa contribuir para a formulação de políticas integradas de controle das doenças crônicas não transmissíveis, em especial as cardiovasculares, o diabetes e a obesidade.  “São importantíssimos dados sobre hipertensão, diabetes e outros fatores de risco para doenças crônicas. O Elsa revela informações que outros tipos de estudos não teriam capacidade de revelar”, enfatiza o secretário.
Com financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde e do Fundo Setorial de Saúde do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Elsa Brasil recebeu, de 2005 até o presente, aproximadamente R$ 51 milhões, com aporte de R$ 19 milhões até 2017, para realização da terceira onda de exames.

“O papel do Ministério da Saúde, além de financiar o Elsa, é fazer com que os conhecimentos que são revelados se transformem numa melhor maneira de nós organizarmos o setor saúde, para que os profissionais de saúde do Brasil passem a utilizar esses conhecimentos para orientar os seus pacientes de maneira mais adequada”, explica Jarbas Barbosa.

Desde 2008, quando iniciou suas atividades, o Elsa Brasil implantou seis centros de Investigação para a realização de entrevistas e exames, criou unidades localizadas em diferentes instituições para padronizar a aquisição e a leitura dos dados obtidos com os exames e desenvolveu, no Centro de Dados, um sistema de entrada e transmissão de dados do projeto.

O primeiro ciclo ou onda desse estudo, que envolveu exames laboratoriais, questionários e entrevistas, foi realizado entre 2008 e 2010 e estabeleceu a linha de base para as etapas posteriores. A segunda onda iniciou-se em 2012 e foi concluída em 2014.

Bioteca - Nas duas primeiras ondas de exames, o Elsa Brasil montou uma “bioteca” com amostras de soro, plasma, urina e DNA de todos os participantes.

Esta “bioteca” permitirá investigações futuras e acompanhamento da evolução das doenças crônicas.

“A ‘bioteca’ é um legado para as próximas gerações”, diz o professor Lotufo. “Em 2040, 2050 haverá estudos analisando as amostras do Elsa Brasil congeladas em 2010. Aqueles que vão nos suceder poderão analisar doenças como o Alzheimer, entre outras, utilizando amostras que estão congeladas na ‘bioteca’”.

O terceiro ciclo, previsto para iniciar em 2016, incluirá, além da repetição de entrevistas e exames essenciais, a medida direta da atividade física e o escore de cálcio.



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