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quinta-feira, 19 de março de 2015

Cepe participa da primeira pesquisa sobre declínio cognitivo realizada no Brasil

Quanto mais a terceira idade se aproxima, mais nossa memória começa a dar os primeiros sinais de falha. Pensando nisso, o neurocientista Rogério Panizzutti decidiu fazer um estudo baseado na capacidade que o cérebro tem de melhorar, ser treinado e aperfeiçoado. A pesquisa é realizada no Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), do Instituto Vital Brazil, com pessoas acima de 60 anos.

De acordo com o neurocientista, esses sintomas da idade são chamados de declínio cognitivo associado ao envelhecimento. No final da década de 90 começaram estudos, principalmente nos Estados Unidos, com estratégias para reverter esse declínio.

No Brasil, foi produzida uma ferramenta, como jogos de computador, cientificamente desenhados para melhorar a atenção, memória e velocidade de resposta do cérebro. Sendo as lembranças feitas, principalmente do que se vê e ouve, quando a memória falha é porque o cérebro não está processando essas informações claramente. “Não estamos apenas com o intuito que o cérebro do idoso fique mais rápido, mas que aquilo tenha um impacto sobre a vida dele. Queremos desenvolver o que chamamos de reserva cognitiva, para que eles consigam viver melhor. Nosso objetivo final é melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, afirmou o médico.

As ferramentas são baseadas na tecnologia da Califórnia, onde o médico trabalhou. Os exercícios, chamados de neuroterapia, funcionam como uma fisioterapia do cérebro. O recomendado é fazer de três a cinco vezes na semana, durante uma hora. Isso melhora o registro que o cérebro faz do que se vê e ouve o que ajuda a criar uma memória clara durante o acontecimento, facilitando a lembrança no futuro.

A ideia é que o idoso consiga realmente se conectar com o mundo, ser independente, como o que aconteceu nos Estados Unidos. Os idosos que participaram desse tipo de estudo e que fizeram os exercícios tiveram não só a melhora na capacidade de memorizar, mas conseguiram manter a capacidade de dirigir por mais tempo, impactando na qualidade de vida deles. No Brasil, após a pesquisa, será possível avaliar qual será o maior impacto na vida dos idosos.

Entender como esse estudo pode ser aplicado no sistema de saúde pública brasileiro é outro objetivo da pesquisa. Para trabalhar com uma situação real, os idosos que participam desse estudo são da Casa de Convivência e Lazer Maria Haydee, localizada ao lado do Cepe, na Gávea. Para entender outra realidade, o intuito é no futuro, expandir para a Casa de Convivência e Lazer Carmen Miranda, em frente ao complexo da Penha.

A pesquisa teve início no segundo semestre de 2014 e tem previsão de ser finalizada no final de 2016. Enquanto isso, o neurocientista diz que ainda não é possível apresentar números objetivos. “O que temos é o relato de alguns idosos que afirmam que já sentiram uma diferença em suas memórias”, conta o médico.

O Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) é um projeto da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, gerenciado pelo Instituto Vital Brazil, que tem como objetivo promover o envelhecimento saudável, ser um ambiente de debates e formação voltado para a saúde do idoso com perspectiva de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e realizar avaliação interdisciplinar dos idosos.

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