Elaine Giannotti: nem sempre o
pagamento aos hospitais filantrópicos é a melhor forma de transferir as verbas.
Além da tabela do SUS, o governo oferece incentivos às instituições.
Representantes das entidades
filantrópicas voltaram a criticar na Câmara a defasagem no reajuste da tabela
do Sistema Único de Saúde (SUS) aplicável aos hospitais filantrópicos,
afirmando que tem inviabilizado o setor.
O diretor da Confederação das Santas
Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, Mário Medeiros, disse
não saber como essas instituições ainda sobrevivem com uma defasagem de 110% na
tabela do SUS. Medeiros sugeriu a adoção da remuneração por meio de contratos
no lugar da tabela.
De acordo com a Federação das Santas
Casas e Hospitais Filantrópicos, a cada um real gasto em um procedimento
médico, o SUS repassa, em média, R$ 0,65. Além disso, a entidade estima que o
pagamento chega com atraso médio de 60 dias.
Limites do orçamento
Durante audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família nesta
terça-feira, o Ministério da Saúde reconheceu a importância da parceria, mas
ressaltou a necessidade de encontrar maneiras de incentivar os filantrópicos,
mas respeitando os limites dos recursos previstos no orçamento.
Segundo a diretora do Departamento de
Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas da pasta, Elaine Maria Giannotti, o
orçamento é bastante apertado e precisa ser levado em conta, uma vez que
aumentos de repasses causariam impacto significativo.
Para Elaine Giannotti, nem sempre o
pagamento aos hospitais filantrópicos e Santas Casas é a melhor forma de
transferir as verbas. Ela explicou que, paralelamente à tabela do SUS, o
governo também oferece incentivos às instituições. Segundo a diretora, em 2014
foram transferidos ao setor filantrópico mais de R$ 2 bilhões por meio do
incentivo de adesão à contratualização. "Ele é um incentivo para que se
faça o contrato. No contrato, você tem uma parte que é remunerada por valor de
procedimento, portanto, por ação feita e faturada pela tabela, e tem outra
parte desse contrato que são incentivos de qualificação dos serviços. Isso tem
que estar presente no contrato, inclusive com metas não só quantitativas, mas
também com metas qualitativas."
Fechamento de hospitais
Antonio Araújo / Câmara dos Deputados
Fábio Augusto: hospitais estão fechando porque não conseguem se manter
com essa tabela, já que a última revisão ocorreu em 1996.
Já o vice-presidente do Conselho
Regional de Medicina de Minas Gerais defende a reavaliação imediata da tabela
do SUS. Fábio Augusto de Castro Guerra disse que hospitais estão sendo fechados
porque não conseguem se manter com essa tabela, já que a última revisão ocorreu
em 1996. "É uma tabela que vem sofrendo uma desatualização ao longo dos
anos. Ou seja, ela não responde mais às necessidades dos hospitais, dos
prestadores de serviço. Falta a incorporação de novos procedimentos e de novas
tecnologias.”
Guerra assinala que a medicina vem
evoluindo de uma forma muito rápida, com o aparecimento de novas tecnologias.
“Isso é colocado na prática e, muitas vezes, o serviço não tem como dar
respaldo a essas demandas porque não tem nem na tabela e nem o financiamento
adequado para fazê-lo."
Francisco de Assis Figueiredo,
presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas
Gerais, entidade que reúne 300 unidades hospitalares, lembrou que o reajuste da
tabela é discussão antiga.
Figueiredo assinala que a tabela é
letra morta porque não passa de uma referência. "O que vem acontecendo nesses
últimos anos é o fechamento de hospitais. Vários estudos revelam que o SUS
remunera apenas 66% das ações. Ou seja, as entidades filantrópicas precisam
buscar outros meios de financiamento, aumentado a dívida com bancos".
Debate com o governo
Para o deputado Misael Varella
(DEM-MG), um dos autores do requerimento para a audiência, a situação das
instituições filantrópicas é insustentável e deve ser debatida amplamente com o
governo. "Não parar somente no que existe. Tem que ouvir principalmente as
pessoas que têm participação nas bases, que são atendidas nos hospitais
filantrópicos. Ou seja, onde são atendidas todas as pessoas que têm parceria
com o SUS, que é o principal e maior parceiro do povo e do governo
juntos."
Reportagem-Idhelene Macedo, Edição –
Regina Céli Assumpção
Agência Câmara Notícias
0 comentários:
Postar um comentário