Pesquisa e Inovação
Segundo levantamento da
Sociedade Brasileira de diabetes, baseado em dados do Ministério da Saúde, há
14 milhões de diabéticos no Brasil
Um sistema desenvolvido pelo
Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IFSC/USP), vai
possibilitar o diagnóstico pré-sintomático do diabetes mellitus tipo 2, doença
que afeta o metabolismo da glicose, a principal fonte de energia do corpo.
Segundo levantamento da
Sociedade Brasileira de diabetes, baseado em dados do Ministério da Saúde, há
14 milhões de diabéticos no Brasil, 90% deles com o tipo 2 da doença e o
restante com o tipo 1.
O diabetes não
insulinodependente ou do adulto - tipo 2 - ocorre geralmente em pessoas obesas
com mais de 40 anos. Por ser pouco sintomático, o portador do diabetes tipo 2,
na maioria das vezes, permanece por muitos anos sem diagnóstico e sem
tratamento, o que pode provocar complicações no coração e no cérebro.
O dispositivo foi criado pelo
Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do IFSC/USP com o objetivo de
identificar alterações hormonais, de forma rápida e fácil, que possam indicar a
possibilidade de surgimento do diabetes tipo 2 no futuro.
Inovação
A pesquisa foi feita pela
aluna de doutorado Laís Canniatti Brazaca, com a orientação do professor
Valtencir Zucolotto. “Não é um sistema para diagnóstico de diabetes tipo 2 e
nem para diagnóstico precoce da doença. O que desenvolvemos é um sistema de
detecção de um hormônio específico chamado adiponectina”, explicou Zucolotto.
“Quando o organismo começa a
produzir menos esse hormônio, há uma relação com o aparecimento de diabetes
tipo 2 lá na frente. Obviamente, não são todos os casos em que a diminuição [do
hormônio] leva ao diabetes, mas há uma correlação. Sabendo que há uma disfunção
[hormonal], a pessoa pode até pensar em uma mudança de hábitos alimentares e de
vida, que podem evitar ou postergar o aparecimento da doença",
acrescentou.
Avanços
O sistema funciona por meio de
um biossensor, descartável e de baixo custo, que detecta a baixa concentração
do hormônio adiponectina, relacionado com a doença. Há diversas pesquisas que
relacionam o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2 à baixa produção de
adiponectina, mas o método utilizado para detectá-lo, chamado de Enzyme-linked
immunosorbent assay (ELISA), costuma ser muito caro e pouco realizado em
laboratórios.
“Já existem métodos padrões e
convencionais para detectar esse hormônio, mas são mais caros e precisam de
grandes equipamentos, além de serem feitos em laboratórios de análises
clínicas. Nosso sistema é um biossensor, descartável, um eletrodo pequeno para
que se possa tentar tornar mais fácil esse monitoramento da adiponectina”,
explicou o professor.
Exames feitos em laboratório
com o novo sistema, no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, da
Faculdade de Medicina da USP, obtiveram resultados bastante semelhantes aos
feitos com o método tradicional Elisa.
Mas a ideia é que o novo
dispositivo não substitua a análise feita convencionalmente com o Elisa, mas
seja um exame complementar. Após o desenvolvimento dessa tecnologia, o grupo
espera encontrar empresas interessadas em produzir o aparelho e
comercializá-lo.
Fonte: Agência Brasil
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