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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Mais um exame para o diagnóstico da leptospirose humana passa a ser ofertado pela Funed

No ano do centenário do isolamento da bactéria que causa a doença, que acomete cerca de 500 mil pessoas anualmente, Laboratório Central de MG disponibiliza a cultura para Leptospira sp.

A leptospirose, doença causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente principalmente na urina de ratos, é uma das doenças mais negligenciadas pelos sistemas públicos de saúde em todo o mundo, causando um elevado número de mortes a cada ano. Estima-se que ocorram de 350 a 500 mil casos graves ocorramanualmente no em todo o mundo, mesmo assim este número é subestimado. A magnitude de casos leves é completamente desconhecida. Considerando a elevada letalidade causada por leptospirose grave, pode-sesupor que a carga global de leptospirose é semelhante à da febre do dengue vírus. Dados oficiais obtidos dos Ministérios da Saúde dos países das Américas no período de 1996 a 2005 relataram que do total de casos que ocorrem no mundo, as Américas contribuem com 10% do valor e o Brasil contribuiu com mais de 28 mil casos. No período entre 2007 a 2012, do total de 22.351 casos de leptospirose confirmados no Brasil, 19.540 foram concluídos por critérios clínico-laboratorial. Cerca de 70% dos casos ocorrem em área urbana.

Entendendo a doença
A doença ocorre em áreas urbanas de países industrializados e em desenvolvimento, bem como nas regiões rurais em todo o mundo. A manutenção da leptospirose em regiões urbanas e rurais do Brasil é favorecida pelo clima tropical úmido e vasta população de roedores. No homem, a doença resulta principalmente da exposição direta com animal infectado ou indiretamente através do contado com água e solo contaminados com urina de animais portadores ou doentes. Os sintomas clássicos da doença são: febre, calafrios, mialgia generalizada, cefaleia, dor retro orbital, podendo ser acompanhados de complicações renais, hemorrágicas, cardíacas, respiratórias, oculares, entre outras.

Funed passa a oferecer a cultura de Leptospira sp.
Apesar de terem decorridos cem  anos da descoberta do agente, o cultivo de leptospira, mesmo apresentando alta especificidade, é pouco usado para fins diagnósticos devido ao crescimento lento da bactéria e da baixa sensibilidade.
A equipe do Serviço de Doenças Bacterianas e Fúngicas do Instituto Octávio Magalhães da Funed, Laboratório Central de Minas Gerais (Lacen/MG), vêm se dedicando há mais de uma década na avaliação e desenvolvimento de métodos para aumentar a chance do diagnóstico laboratorial da leptospirose em Minas Gerais. Neste ano, coincidindo com o centenário da descoberta da doença, a Funed passa a oferecer a cultura de leptospira para casos em que há suspeita clínica e epidemiológica da doença. Amostras de sangue de todo o Estado poderão ser coletadas e encaminhadas para a Funed.

A cultura de Leptospira sp. é extremamente importante na identificação dos sorovares (diferentes tipos de  leptospiras) envolvidos em surtos ou epidemias, ou mesmo que circulam em determinada região. Com a implantação do método, a Funed estará contribuindo com este conhecimento para a melhor compreensão da relação agente-hospedeiro e distribuição da Leptospira spp. no Estado. “Esperamos que esta contribuição venha pautar as medidas de prevenção e controle, assim como futuros protocolos para o diagnóstico laboratorial e o correto tratamento da doença”, relata a diretora do Instituto Octávio Magalhães da Funed, Marluce Assunção Oliveira. 
                      
Um pouco da história da doença
A leptospirose é uma zoonose de importância global. A doença é conhecida desde Hipócrates, quem primeiro descreveu a icterícia infecciosa. No Cairo, em 1800, a doença foi identificada e diferenciada de outras por Larrey, médico militar francês, que observou no exército napoleônico dois casos de icterícia infecciosa. AdolfWeil, em 1886, observou trabalhadores agrícolas na Alemanha com febre, icterícia, hemorragias, insuficiência hepática e renal. Em honra ao notável pesquisador, em 1888, foi chamada de Doença de Weil, que a caracterizou como uma doença grave e de alta mortalidade. A leptospirose era conhecida com diferentes nomes, incluindo febre dos pântanos, doença dos porqueiros ou tifo bilioso.

A partir da Primeira Guerra Mundial, o estudo da leptospirose teve um grande desenvolvimento, quando se sucederam vários surtos da doença entre as tropas que se encontravam nas frentes de batalha. Durante esse período, foram registrados 350 casos da doença na França. Em 1915, o agente etiológico da leptospirose foi isolado pela primeira vez, no Japão, por Inada e Ido, que detectaram a presença de leptospiras no sangue de trabalhadores de mina com a síndrome infecciosa. Em paralelo, também foi descrita por médicos alemães que estudaram soldados alemães afetados pela "doença francesa" nas trincheiras do nordeste da França. Uhlenhuth e Fromme observaram a presença de espiroquetas no sangue de cobaias inoculadas com o sangue obtido a partir de soldados infectados. Os animais inoculados morreram e as leptospiras foram identificadas microscopicamente, sendo chamadas de “Spirochaeta Icterohaemorrhagiae”. Ido foi reconhecido como o verdadeiro descobridor do agente causador da leptospirose apesar de não ter sido o primeiro a observar o agente, mas por postar o primeiro trabalho na Europa. Em 1917, propôs-se a criação do gênero Leptospira.

Prevenção e controle
De forma geral as principais medidas de prevenção e controle da doença são controle da população de roedores, redução do risco de exposição às águas e lama de enchentes, medidas de proteção individual para trabalhadores ou indivíduos expostos a situação de risco, como o uso de luvas e botas; conservação adequada de água e alimentos; armazenamento e destinação adequados do lixo.

Texto: Marluce Assunção Oliveira
Assessoria de Comunicação Social
(31) 3314-4577




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