21/10/2015 - UOL
Quando se pensa em ultrassom, logo
vêm à cabeça os exames de imagem, como aqueles para saber se está tudo bem com
um bebê. Mas um grupo cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT), da Universidade de Harvard e da Universidade de Israel criou um outro
uso para essas ondas: um dispositivo capaz de aumentar a absorção de
medicamentos em tecidos inflamados, principalmente no intestino. O estudo foi
publicado nesta quarta-feira (21) na revista Science Translational Medicine.
O resultado da pesquisa pode ser
visto como positivo para pacientes com doenças como Crohn e retocolite
ulcerativa, ambas crônicas, autoimunes e de difícil tratamento. A medicação
para doenças inflamatórias do intestino geralmente é eficiente, mas sua
absorção é pequena ou muito lenta, uma vez que os tecidos internos,
prejudicados, têm dificuldade de absorver o medicamento. Muitos pacientes usam
a medicação pelo reto, que além de incômoda, exige que os pacientes acordem
várias vezes à noite.
A pesquisa liderada por Carl
Schoellhammer foi realizada com porcos e roedores e mostrou que a eficácia do
ultrassom em chegar aos tecidos doentes foi dez vezes maior em comparação com a
medicação normal.
No futuro, com o aperfeiçoamento do
dispositivo de ultrassom de baixa frequência, os cientistas acreditam que ele
também poderá transportar vacinas, anticorpos e até quimioterapia.
Como funciona?
Atualmente, é difícil fazer com que
moléculas complexas cheguem ao trato gastroinstestinal por causa de barreiras
fisiológicas e estruturais do tecido, que se organiza em camadas. Além disso,
no caso das doenças acima, o intestino fica muito debilitado e a absorção do
medicamento é um fator complicador adicional. A frequência do dispositivo de
ultrassom cria bolhas e ajuda na absorção do medicamento sem causar danos ao
intestino. O tempo de absorção do remédio caiu para apenas um minuto.
Camundongos com colite aguda tratados
diariamente com ultrassom se recuperaram muito mais rapidamente do que os
animais tratados apenas da maneira tradicional.
Ao aumentar a quantidade de medicação
que chega ao cólon, o ultrassom poderá reduzir a quantidade de doses dos
pacientes de "uma por dia" para "dias alternados". Os
pesquisadores pretendem desenvolver uma sonda de ultrassom em miniatura para os
pacientes e até mesmo cápsulas ingeríveis que emitam ultrassom para tratar
doenças inflamatórias do intestino em geral.
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