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domingo, 9 de outubro de 2016

Brics negocia acordo para baratear remédios de alto custo - COMENTÁRIOS DA RM CONSULT sobre o tema

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Sobre a matéria publicada hoje no caderno de Economia do jornal “O Globo”, com o  título de “BRICS NEGOCIA ACORDO PARA BARATEAR REMÉDIOS DE ALTO CUSTO” e em função das várias demandas de nossos parceiros instalados no Brasil, optamos por comentar pontualmente as informações objetivando traduzir o nosso entendimento sobre o tema:

Nossos comentários serão destacados em azul, logo a seguir a cada ponto destacado:

Setor é um dos temas de encontro do grupo na Índia, na próxima semana

O governo brasileiro começou a negociar um acordo entre o Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para produzir, comercializar e baratear medicamentos. O foco são os remédios de alto custo, caso daqueles que tratam doenças crônicas como a Aids. RM: esta é uma iniciativa isolada do Min. José Serra desalinhada da política estratégica brasileira e do governo Temer, abruptamente apresentada por protagonismo pessoal, acima dos limites de sua competência, realizada sem consulta os demais atores envolvidos no segmento, em especial, ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros, e outros titulares das pastas da Indústria e Comércio, Ciência e Tecnologia, sem qualquer avaliação jurídica, sem ouvir o Congresso Nacional, e, até mesmo desconsiderando a potencial extensão das consequências produzidas por um acordo desta envergadura.

O Governo Temer assumiu garantindo postura respeitosa, com segurança institucional e jurídica à todos contratos e compromissos estabelecidos, sobre o marco regulatório vigente, objetivando ampliar as parcerias com a iniciativa privada, que ensejou recentemente a publicação de normativa especifica, atrair novos investimentos, absorver e desenvolver tecnologias no país, para gerar mais empregos, renda e tributos em toda cadeia produtiva nacional, com a necessária atenção à redução do impacto financeiro na balança comercial internacional bem como buscando reduzir custos para o País, notadamente no que se destina ao SUS. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, os cinco países discutem como quebrar patentes RM: não faz sentido o Brasil falar em quebra de patentes de medicamentos. O única tentativa realizada com o Efavirenz não funciona adequadamente até hoje o País não conseguiu internalizar completamente o produto, continua a adquirir ativos semiacabados  e a pagar royalties para o detentor da tecnologia  e fabricar os medicamentos com um custo menor. RM: falar em produzir no Brasil, para absorver tecnologias, consolidar conhecimentos, estabelecer plataformas tecnológicas que permitam desenvolver novos produtos faz todo sentido, mas com menor custo, sem considerar a necessidade do financiamento do custo do desenvolvimento do parque industrial e do próprio produto, sem tratar do volumes a serem fabricados é no mínimo desconhecer o processo, margeia a inconsequência.

Dentre os BRICS, certamente, China e Índia (que tem relativo e parcial respeito às patentes), que são os líderes mundiais na produção de ativos farmacêuticos – IFAs, serão os grandes beneficiados por esta iniciativa.

Deixar de ser dependentes dos detentores das patentes e da tecnologia dos produtos inovadores para ficar dependente da China e da Índia em relação aos intermediários e aos ativos farmacêuticos é equivalente a:
  • colocar “todos ovos na mesma cesta” – o País precisa e pretende ter o domínio tecnológico para produzir todos os medicamentos, mesmo que a produção seja realizada por terceiros
  • assumir o risco da redução brusca e drástica da confiança dos investidores no segmento e no País
  • compromete a continuidade da fabricação local de alguns produtos,
  • reduz postos de trabalho e a arrecadação de toda cadeia envolvida,
  • dificultará o acesso futuro a novos produtos,
  • promove retrocesso em relação às novas plataformas tecnológicas em processo de transferência tecnológica,
  • induzir a insegurança institucional e jurídica no segmento e no País.


Esse é um dos temas que estarão nas conversas da 8ª Cúpula do Brics, que será realizada no próximo fim de semana em Goa, na Índia. Os países devem debater quais tipos de medicamentos podem entrar em um acordo de livre comércio.RM: o grande foco do portfólio são as DSTs e os medicamentos de auto custo  A discussão não é simples. Afinal, cada nação tenta proteger a sua própria produção RM os únicos beneficiados serão Índia e China que já produzem os IFAs, e até mesmo produtos acabados para os detentores das patentes. Esse acordo ainda está em fase inicial e não deve ser concluído no encontro RM um dos pontos em avaliação está na continuidade do desenvolvimento tecnológico e ao acesso aos novos medicamentos, sem falar no potencial risco de comprometer futuros investimentos e contratos com os detentores das patentes.

— É uma discussão que está no início, mas que é muito importante RM: não se coloca em causa a importância da discussão, mas não se pode achar que os BRICS estão prontos para dar o “grito de independência tecnológica” e sair quebrando patentes, abalando a já instável segurança jurídica proporcionada aos investidores e à alguns importantes e antigos parceiros do sistema – que não fornecem apenas os produtos alvo desta proposta -, a maioria instalados no País há mais de 50 anos, o que não invalida a oportunidade e a obrigação de negociar, adequadamente ampliando e mantendo a estabilidade, confiança e segurança institucional e jurídica. Utilizando o realinhamento econômico de custos e preços, frente ao poder de compras do Estado, principalmente se agrupados os volumes para a aquisição, certamente o governo estará ampliando o acesso da população aos medicamentos, com os mesmos investimentos  e pode significar uma revolução para a distribuição de medicamentos de alto custo entre o Brics RM: entende que esta imaginária e necessária revolução deva acontecer com a manutenção da segurança institucional e jurídica, claramente expressas nas negociações equânimes, abertas, transparentes, justas que ainda permitam que o País absorva gradativamente as plataformas tecnologias. Mas ainda temos um longo caminho de negociação — disse uma alta fonte do governo brasileiro

EFEITO EM ATÉ DEZ MEDICAMENTOS

Inicialmente, um acordo de quebra de patente incluiria um número limitado de medicamentos RM: a exemplo do que já ocorre no Mercosul, via PAHO. Seria algo entre cinco e dez remédios que não são produzidos pelos países do Brics. Se vingar, cada país será responsável pela fabricação de um ou dois itens e deve fornecer para os demais integrantes do grupo RM: e todos continuarão dependentes dos Intermediários e dos IFAs da China e da Índia.

A ideia desse acerto para a troca de tecnologias RM: como trocar tecnologias que são propriedade de terceiros, sem judicialização dos processos??? entre os países foi levada pelo Brasil RM: importante deixar claro que se trata de um protagonismo do Min. José Serra, em completo desalinhamento com a política de Estado apregoada pelo governo Temer, ao encontro da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Nos bastidores, as conversas têm sido conduzidas pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, que tem experiência no assunto.

Em 2001, em meio a uma guerra de preços com laboratórios, Serra ameaçou quebrar patentes de medicamentos para a Aids, mas não precisou cassar a licença RM: naquele momento o Brasil promoveu a licença compulsória (não quebra de patente) do Efavirenz que até hoje não conseguiu absorver totalmente a tecnologia de produção do sal, componente estratégico para a fabricação dos comprimidos, algumas apresentações continuam a ser adquiridas do detentor da tecnologia. Ao verem que RM: a REDE de laboratórios Públicos Oficiais, produtores de Medicamentos, como IVB, LAFEPE, IQUEGO, FURP E FARMANGUINHOS  os cientistas de Manguinhos tinham condições de desenvolver os produtos, RM: e a Microbiológica, Laborgen, Nortec, Globe, Cristália, e, mais recentemente a Blanver poderiam responder a fabricação dos IFAs os laboratórios farmacêuticos responsáveis passaram a negociar reduções de preços. RM: O Instituto Vital Brasil, sob nossa coordenação, foi o primeiro laboratório da REDE pública de produtores a ganhar uma concorrência pública do detentor do produto inovador “lamivudina” e passou a fornecer ao MS com fabricação local. Na época, Serra era ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso. De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO, ele tem usado a experiência brasileira como exemplo.

A patente garante ao inventor de um produto os direitos de reprodução e comercialização de seu invento. No Brasil, a patente pode ser quebrada em caso de interesse nacional. RM: o Brasil respeita os direitos do detentor da patente e a política do governo Temer preconiza as parcerias público privadas com estabilidade institucional e jurídica do processo.

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O Brasil também quer exportar o modelo de genéricos RM: a Índia é um dos maiores produtores de genéricos do mundo... além de junto com China serem líderes de produção de IFAs. No entanto, há grandes diferenças entre os modelos de saúde dos países. Na Índia, por exemplo, não há laboratórios públicos como no BrasilRM: em contra partida existe um rigoroso controle sanitário para os medicamentos comercializados internamente, o que não tem o mesmo rigor para as exportações . Isso encarece o remédio fornecido para a população, porque sobre o produto público não há incidência de impostos RM: importante lembrar que as cadeias tributárias são muito diferentes entre os países e que no Brasil a “venda” do produto realizada pela REDE de produtores oficiais para o SUS é realizada sem a incidência de alguns impostos, já a aquisição do IFA seja local ou importado é tributada, o que continua a onerar os custos para o SUS, já que é um custo ‘embutido’ no preço da compra do IFA.

PROPOSTA DEPENDE DE AVAL DE INDIANOS

Um grande acordo como esse tem um longo caminho a percorrer antes de ser fechado RM: entendemos que a grande avaliação a ser realizada pelos indianos passe por assumir um grande protagonismo no primeiro momento, assumindo a posição de fornecedor privilegiado, ao lado da China, para os BRICs mas com o risco de “perder o bonde” do avanço tecnológico dos novos produtos que os detentores de patentes americanos e europeus repassam para que eles produzam, nos parece que dependerá do resultado da equação de um resultado imediato contra um crescimento de longo prazo .

O que deve ser assinado na cúpula de Goa é um memorando de entendimento em cooperação e regulação de produtos farmacêuticos entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o órgão correspondente na Índia. Após muita negociação, o texto está pronto e espera o aval dos indianos para ser fechado RM: Os avanços com os acordos internacionais negociados e firmados pela ANVISA passam por uma maior aproximação técnico, científica e clínica com os principais parceiros globais – Índia é um dos maiores fornecedores de IFAs para o Brasil, já executa significativa parcela dos estudos de bioequivalência, além de abrigar várias plantas industriais produtoras de medicamentos de propriedade intelectual de americanos e europeus. Os primeiros acordos são de confidencialidade para troca de informações assegurando que o sigilo não seja quebrado. Depois as Agencias tem avançado no reconhecimento mútuo (quando possível) de alguns documentos e caminham para a harmonização de alguns procedimentos, notadamente nos critérios para a Certificação das Boas Práticas de Fabricação e Controle e finalmente um grupo de agencias caminham para a identificação e nomeação de instituições externas capazes de realizar trabalhos específicos de inspeção. Embora até por força de Lei a ANVISA não deixará de realizar a inspeção de planta e os registros dos produtos, conforme determina o marco regulatório atual.

É o primeiro passo para o acordo de comércio e investimentos na área de medicamentos RM: neste caso novamente o grande beneficiado será a Índia que terá mais facilidade em exportar para o Brasil já que a maioria dos IFAs vem de lá. O eventual ganho do Brasil será o de proporcionar maior agilidade aos processos de importação, certificação e registro de medicamentos fabricados na Índia

Ajustes são acordados por uma equipe de diplomatas e representantes da Anvisa. O objetivo inicial é firmar a cooperação com os indianos, mas a tratativa não tem sido fácil RM: felizmente o Brasil tem mantido uma posição de liderança regulatória internacional, já que está entre as 7 maiores agencias do mundo e faz questão absoluta de obter reciprocidade, onde direitos e obrigações são de mão dupla, aplicáveis a qualquer dos lados.

Desde 2013, o governo indiano quer avançar na proposta de um acordo com o Brasil. Essa é uma das prioridades da Índia no relacionamento entre os dois países. Com a crise política e a indefinição de qual seria o governo no Brasil, o diálogo foi suspenso.

As conversas foram retomadas em junho, já no governo interino do presidente Michel Temer. Foram apresentadas três propostas de memorandos de entendimento pelo governo indiano, nas áreas de medicina tradicional e homeopatia, plantas medicinais e cooperação universitária. Uma cátedra de medicina indiana deve ser criada no Brasil. O Ministério da Saúde apresentou uma contraproposta, mas, pouco antes da reunião bilateral, ainda não havia resposta dos indianos RM: o Brasil deverá se manter firme na posição sobre a reciprocidade.

Brasil é grande importador

O Brasil tem interesse no acordo, considerado estratégico pela Anvisa por causa do perfil da indústria farmacêutica indiana, sobretudo no setor de genéricos, dos quais o Brasil é grande importador. Com o acerto, seria possível facilitar o processo de inspeção e promover o reconhecimento RM: a ANVISA poderá acatar e utilizar as informações, mas entendemos que está longe de simplesmente reconhecer sem realizar as inspeções e u os registros de produtos de inspeções homologadas.

A equipe de Temer deve fechar o acordo bilateral no início da semana que vem. Uma reunião entre o presidente brasileiro e o primeiro-ministro Narendra Modi deve selar o entendimento. Os dois países têm muito em comum: ambos buscam implementar reformas estruturais para aumentar a competitividade.

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O encontro entre os dois chefes de Estado acontecerá após a reunião do Brics. É o oitavo encontro do grupo. Desde 2012, já foram anunciadas iniciativas como a criação de um banco de desenvolvimento e um contingente de reservas. Desde que a Índia assumiu a presidência do bloco, há alguns ruídos entre os membros.

— Há interesse da Índia em avançar em assuntos nos quais não há consenso — diz uma fonte do Itamaraty.

Nesse sentido, a cúpula em Goa é vista como uma chance de estabelecer novos entendimentos

POR GABRIELA VALENTE
Norm Betts / Norm Betts/Bloomberg

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