O avanço da cooperação foi
discutido no 4º Encontro de Ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação, que
contou com a participação do secretário do MCTIC Alvaro Prata. Segundo ele,
Brasil pode exercer papel de liderança no grupo.
Secretário Alvaro Prata participou
do 4º Encontro de Ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brics.
Crédito: Governo da Índia
Os países que integram o grupo
Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – planejam a união de
esforços para o desenvolvimento de produtos em temas como computação em nuvem,
energias renováveis e tratamento preventivo de saúde. A ideia saiu do 4º
Encontro de Ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação do bloco, realizado de
quinta-feira (6) a sábado (8), em Jaipur, no noroeste indiano, com a presença
do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Alvaro Prata.
"A presença do Brasil é
sempre muito celebrada nessas reuniões", avaliou o secretário. "A
expectativa, mais e mais, é de que nós possamos ter um papel de liderança nessa
cooperação internacional. Nós temos sido atuantes, mas como parceiros. Eu acho
que o que se espera do país é que ele aumente o seu protagonismo em sua atuação
junto aos Brics, pela sua experiência, pela força da sua economia e pela sua
tradição na área de ciência e tecnologia."
O 4º Encontro de Ministros
precede a 7ª Cúpula dos Brics, em Goa, no sudoeste indiano, neste sábado (15) e
domingo (16). Na ocasião, o presidente Michel Temer deve se reunir com chefes
de Estado e governo dos outros quatro países. "Ciência, tecnologia e
inovação sempre ocupam uma posição de destaque no bloco", disse Prata.
"Os líderes vão tomar conhecimento de como andam as ações e, a partir daí,
poderão fazer recomendações e observações."
Conhecida pela sigla Step –
Parceria em Ciência e Tecnologia para Empreendimentos Específicos, em inglês –,
a nova proposta veio do Departamento de Ciência e Tecnologia da Índia, a fim de
estender a cooperação multilateral além de objetivos puramente acadêmicos.
"Esses empreendimentos
seriam ações concretas, com materialização de produtos, que, embora ainda sem
componente industrial, resultariam de esforços coletivos dos países em prol de
energias renováveis, computação em nuvem e tratamento de saúde
preventiva", explicou o secretário. "Diferentemente de chamadas
públicas abertas a projetos em demandas espontâneas, onde os pesquisadores
decidem enfrentar problemas diversos, aqui os Brics querem gerar consequências
específicas, mais completas."
Segundo Prata, o MCTIC deve
discutir a proposta indiana dentro do governo federal e com outras
instituições, como agências de fomento, antes de confirmar o apoio brasileiro
ao Step. Os temas ainda podem mudar, contanto que contribuam para o
desenvolvimento econômico e social dos países.
Prioridades
Desde o 1º
Encontro de Ministros, na Cidade do Cabo, na África do Sul, em fevereiro de
2014, cada país lidera uma área temática: prevenção e mitigação de desastres
naturais, sob responsabilidade brasileira; recursos hídricos e tratamento da
poluição, por conta da Rússia; tecnologia geoespacial e suas aplicações para o
desenvolvimento, da Índia; fontes renováveis de energia e seu uso eficiente, da
China; e astronomia, com liderança sul-africana.
Em Jaipur, Prata relatou os
avanços brasileiros em sua área temática, ao lembrar que o Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) participou da
organização da 6ª Conferência Anual da Sociedade Internacional para a Gestão
Integrada do Risco de Desastres, em Nova Deli, na Índia, em outubro de 2015; e
da 26ª Conferência Conjunta de Regiões Costeiras, em São Petersburgo, na
Rússia, em agosto de 2016.
Brasília recebeu o 2º Encontro
de Ministros, em março de 2015, quando os países assinaram um memorando de entendimento para
institucionalizar a cooperação no âmbito do bloco. Um dia antes, também na
capital federal, a 4ª Reunião de Altas Autoridades de Ciência, Tecnologia e
Inovação dos Brics discutiu prioridades para o plano de trabalho firmado
em Moscou, na Rússia, durante o 3º Encontro de Ministros, em outubro de 2015.
Na ocasião, os países firmaram
o Plano de Trabalho 2015-2018, documento que agregou mais cinco áreas temáticas
à cooperação: biotecnologia e biomedicina, incluindo saúde humana e
neurociências; ciência e tecnologia oceânica e polar – compromisso assumido
pelo Brasil –; fotônica; nanotecnologia e ciência de materiais; e tecnologias
da informação e computação de alto desempenho.
Dentre as atividades da
segunda área temática liderada pelo Brasil, o secretário citou a realização de
um workshop em oceanografia operacional, em Pequim, na China, em setembro de
2016. "Nós oficializamos um grupo de trabalho para atuar em ciência e
tecnologia oceânica e polar", comentou.
Os 10 temas definidos na
Cidade do Cabo e em Moscou orientaram, neste semestre, a primeira chamada
pública do Programa-Quadro dos Brics em Ciência, Tecnologia e Inovação, fundo
multilateral formado por agências de fomento das cinco nações. "A condição
era que cada proposta analisada envolvesse pelo menos três países",
detalhou Prata. "Dos 320 projetos em fase de julgamento, o Brasil
participa de 147, distribuídos por sete áreas temáticas."
A chamada conjunta envolveu
US$ 9,4 milhões dos cinco países. O Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) lançou em agosto passado um edital de R$ 1,2 milhão,
oriundo do MCTIC.
Outra iniciativa recente dos
Brics é o Fórum de Jovens Cientistas, cujo primeiro encontro ocorreu em
setembro, em Bangalore, na Índia, com mais de 40 participantes, que debateram
os três temas da proposta Step. O secretário garantiu presença brasileira no
segundo encontro, em 2017, e declarou apoio à criação de um prêmio de ideias
inovadoras para jovens cientistas.
Fonte: MCTIC


0 comentários:
Postar um comentário