Pesquisadores da Fiocruz
Pernambuco desenvolveram uma nova vacina contra a febre amarela. Baseada no RNA
do vírus, ela foi testada em camundongos e os resultados alcançaram 100% de
proteção, mesmo índice alcançado pela vacina convencional hoje ofertada pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as vantagens desse novo imunizante, está a
possibilidade de ser ofertada para os grupos de risco da vacina de vírus
atenuado (crianças, gestantes, idosos, imunodeprimidos e pessoas com alergia a
proteínas do ovo), além da capacidade de produção em larga escala.
O pesquisador Rafael Dhalia destaca
como benefício da vacina de DNA o fato dela poder ser produzida em
larga escala (foto: Fiocruz Pernambuco)
A maior cobertura da vacina de
DNA pode constituir um benefício a mais para a população em época de surto da
doença, como ocorre agora no Brasil, onde já foram registrados 1.170 casos
suspeitos em seis estados, tendo sido confirmadas mortes em três deles. Outra
vantagem é que a nova vacina é mais segura. “A segurança está no fato da
imunização ser feita sem a presença do vírus vivo, mesmo que enfraquecido, o
que torna nula a chance de ocorrer reações adversas e provocar óbito, pelo fato
do DNA ser considerado uma molécula inerte no nosso organismo”, afirma Rafael
Dhalia, que desenvolveu o imunizante, já patenteado em todo o mundo, junto com
o seu colega médico Ernesto Marques. Ambos são pesquisadores do Departamento de
Virologia e Terapia Experimental (Lavite) da Fiocruz Pernambuco.
Dhalia, que é doutor em
Biologia Molecular, também destacou como benefício da vacina de DNA o fato
dela poder ser produzida em larga escala, em grandes fermentadores, com cultura
de bactérias. Já a vacina convencional utiliza uma tecnologia de meados da
década de 1930, na qual são usados ovos fecundados para o cultivo dos
vírus usados no imunizante, o que pode ser considerado um limitante em relação
a capacidade de escalonamento da produção.
Antes de chegar ao mercado, a
vacina criada na Fiocruz Pernambuco precisa ser testada em humanos para se
assegurar de sua segurança e eficácia. “Nessa etapa de testes a pessoa toma a
vacina de DNA e depois de um tempo recebe a vacina convencional. Se após essa
segunda aplicação o vírus vacinal não se multiplicar no organismo, isso
significa dizer que a vacina de DNA é capaz de neutralizar a infecção causada
pelo vírus da febre amarela. Testes de avaliação de anticorpos
neutralizantes e desafios com cepas não letais da febre
amarela também devem fazer parte desses testes.
Nos ensaios pré-clínicos feito
com cem camundongos de duas espécies, 80 receberam a vacina de DNA e 20 não.
Após injetar o vírus da febre amarela em todos eles, só sobreviveram os que
foram imunizados, o que revela a mesma eficiência da vacina convencional nesses
animais. Os resultados desse teste estão relatados no artigo Uma vacina
de DNA contra o vírus da febre amarela: desenvolvimento e avaliação,
publicado na edição de abril de 2015 da revista científica Plos
Neglected Tropical Diseases. Nesse momento, a Fiocruz contratou a empresa
Wylinka (do conhecimento a inovação), que está para prospectando possíveis
parceiros comerciais para os testes clínicos e produção em larga escala dessa
nova vacina.
0 comentários:
Postar um comentário