Estudo concluiu que
malformação está relacionada com 2ª e 5ª semanas.
LNBio, de Campinas, rastreou o caminho do vírus em camundongos.
LNBio, de Campinas, rastreou o caminho do vírus em camundongos.
Pesquisadores brasileiros
conseguiram pela primeira vez reproduzir em laboratório o modelo mais realista
das malformações congênitas causadas pelo vírus da zika, como a microcefalia.
Eles também descobriram que ela está relacionada com a segunda e a quinta
semana de gestação nos seres humanos. Antes, acreditava-se que o maior risco
estava em outra fase da gravidez.
Nós pensávamos que a exposição
crítica seria um pouco mais tardia, por volta do início do segundo trimestre.
Mas, os nossos estudos mostram que não. Na realidade, ela é muito precoce"
“Nós pensávamos que a
exposição crítica seria um pouco mais tardia, por volta do início do segundo
trimestre. Mas, os nossos estudos mostram que não. Na realidade, ela é muito
precoce”, explica José Xavier Neto, pesquisador do Laboratório Nacional de
Biociências (LNBio), que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e
Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).
No entanto, o pesquisador
Murilo Carvalho afirma que isso não significa que exista um período seguro de
exposição. “Isso não quer dizer que nós estamos dizendo que existe uma janela
segura de que as grávidas poderiam ser expor ao zika”, complementa.
O pesquisador do LNBio, José Xavier Neto (Foto: Vanderlei
Duarte/EPTV)
Caminho
Ainda segundo os pesquisadores do LNBio, o estudo rastreou o caminho que o vírus da zika percorre no organismo dos seres humanos, com a ajuda do trabalho feito em camundongos saudáveis. Eles receberam a mesma quantidade de vírus que o Aedes aegypti pode transmitir ao picar o homem. Isso não havia sido feito ainda pelos cientistas.
Ainda segundo os pesquisadores do LNBio, o estudo rastreou o caminho que o vírus da zika percorre no organismo dos seres humanos, com a ajuda do trabalho feito em camundongos saudáveis. Eles receberam a mesma quantidade de vírus que o Aedes aegypti pode transmitir ao picar o homem. Isso não havia sido feito ainda pelos cientistas.
Os pesquisadores destacam
neste mapeamento a hidrocefalia, que consiste no acúmulo de líquido no cérebro
e pode até matar as células do sistema nervoso, além de reduzir o tamanho do
cérebro. A hidrocefalia, segundo pesquisas anteriores, precede a
microcefalia.
Nós mostramos que antes da
hidrocefalia há um processo de falha na fusão do tubo neural [estrutura
embrionária que dará origem ao cérebro e à medula espinhal]. É um processo que
provoca um defeito nas paredes do tubo"
“Nós avançamos nisso. Nós
mostramos que antes da hidrocefalia há um processo de falha na fusão do tubo
neural [estrutura embrionária que dará origem ao cérebro e à medula espinhal].
É um processo que provoca um defeito nas paredes do tubo”, explica Xavier Neto.
Todo este processo de falha no
tubo neural pode levar, de acordo com o cientista, a hidrocefalia e depois a
microcefalia, que são as malformações tardias. O fechamento correto do tubo
permite o desenvolvimento ideal do sistema nervoso central (cérebro e
medula).
O pesquisador Murilo Carvalho destaca, que ao pesquisar o
caminho do vírus da zika no organismo, foi detectado que ele é rapidamente
eliminado da corrente sanguínea.
“Mas de algum modo ele chega
aos órgãos da fêmea (camundongo), e até na placenta. E acaba rompendo a
placenta e chegando ao embrião, o que causa a malformação, em especial a falha
no fechamento do tubo neural”, conclui Carvalho.
O pesquisador do LNBIo, Murilo
Carvalho, no laboratório (Foto: Vanderlei Duarte/EPTV)
Do G1 Campinas e Região
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