A crise econômica e política
brasileira centralizam as capas e as principais reportagens das revistas que
circulam neste fim de semana. Abordagens reforçam que os diferentes setores da
sociedade se posicionam contra as medidas de ajuste fiscal do governo.
Diante desse cenário, a
postura do empresariado em relação ao governo está em evidência,
principalmente, nas reportagens de capa da CARTA CAPITAL e ISTOÉ DINHEIRO,
elevando a visibilidade da pauta de interesse da indústria.
- Destaque está na reportagem de capa da CARTA CAPITAL, que adverte que a recessão e o ajuste fiscal ameaçam a ascensão da classe C. “Após anos de inclusão contínua nos diversos estratos sociais, alguns milhões de brasileiros saboreiam perda de status. A situação provoca um desencanto crescente com o governo Dilma Rousseff”, aponta o texto.
- Reportagem alerta para um aumento da taxa de desemprego em 2015 e lembra que, nas fábricas, de maneira geral, 2014 já foi de enxugamento. “Apesar das dificuldades não tão recentes do setor, não se registravam mais demissões do que contratações desde 2002. A pergunta relevante é se a deterioração do parque industrial, afetado pela facilidade de importar no período do dólar barato e pela perda de mercado externo por conta da crise internacional, atingiu seu ápice ou se dias piores virão”, questiona.
- Mesma reportagem registra que, em janeiro, a indústria voltou a contratar, “e o dólar na casa dos 3 reais tende a ajudar, desde que a cotação se mantenha neste nível ou acima por um longo período”.
- “A confiança dos industriais anda, porém, próxima dos rodapés”, afirma CARTA. Após uma recente reunião em São Paulo de grandes empresários do setor com o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um comunicado de “forte teor”: “A sobrevivência da indústria está ameaçada”, resume a nota. A entidade aponta "extrema preocupação com as perspectivas de recessão na economia e seus reflexos sobre o investimento e o nível de emprego”.
- CARTA CAPITAL, em editorial sobre a atual crise política do governo, avalia que faltou a Dilma Rousseff "alento político para o diálogo com o Congresso e com o empresariado, aquele gênero de conversa que faz de Lula um mestre na matéria. Faltou avaliação atenta e precisa na escolha dos principais colaboradores".
- Reportagem de capa da ISTOÉ DINHEIRO destaca que em meio a uma grave crise política, representantes do setor produtivo se uniram às centrais sindicais para lutar contra os juros altos e o corte de benefícios trabalhistas e fiscais. Reportagem detalha o encontro de 150 empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Durante quase duas horas, empresários e sindicalistas dispararam críticas à nova política econômica do governo, e decidiram hastear bandeiras contra os juros altos, a elevação de impostos e o excesso de gastos públicos”, aponta.
- Em entrevista à ISTOÉ DINHEIRO, Delcídio do Amaral, novo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, afirma que vai trabalhar pelo ajuste, mas avisa que o Executivo terá de negociar com os parlamentares se quiser ver os projetos aprovados. “Elas não passam no Congresso do jeito que estão”, ressalta.
- VEJA, em reportagem de capa, relaciona os “motivos” dos atuais apuros na economia brasileira e posiciona que “o buraco na economia, na verdade, foi cavado pelo governo, laboriosamente, nos últimos cinco anos”. Ao relatar o delicado momento econômico, reportagem menciona que “a indústria brasileira não produzia tão pouco desde 2009”. “Pôr a casa em ordem, em meio a uma conjuntura adversa, será uma missão espinhosa, sobretudo pela falta de apoio político”, aponta a revista.
- Mesma reportagem afirma que “o governo aprofundou os desequilíbrios”, “ficou sem caixa, e a penúria atinge até programas prioritários. As novas turmas do Programa Nacional do Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foram adiadas”, exemplifica a reportagem.
- PODER, na ISTOÉ DINHEIRO, posiciona que “apenas dois meses depois de assumir o cargo como salvador da Pátria, e mesmo fazendo tudo o que todos pediam e esperavam, parece que Levy já não agrada”. Coluna lembra que “quando assumiu o posto, em janeiro, Levy já sabia que precisava cortar no osso, desfazer políticas equivocadas dos últimos anos e apertar o cinto da máquina pública” e que “todos concordavam com a ideia de ajuste”.
- “A concordância se foi quando as medidas começaram a ser anunciadas, quando cada agente econômico percebeu que teria que dar a sua contribuição. Sindicalistas não aceitavam de maneira alguma a reforma nos benefícios trabalhistas e previdenciários. Nas semanas seguintes, foi a vez dos empresários reclamarem de aumento de impostos e redução da desoneração, além do aumento das taxas de juros nos financiamentos altamente subsidiados do BNDES”, completa PODER.
- Em outra nota, PODER situa que “entre as várias batalhas que o governo precisa vencer para tirar o País da situação atual e recolocá-lo na rota do crescimento, está a batalha da comunicação”. Conforme a coluna, o “problema é que enquanto Dilma tenta atenuar a crise, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, dedicou as últimas semanas a convencer empresários, investidores e políticos de que precisa de apoio de todos para aprovar no Congresso um duro ajuste fiscal. Um ajuste mais profundo, diz Levy, permitirá uma correção rápida de rumo e trará resultados mais rapidamente. Se a crise não é tão séria, como diz a presidenta, para quê ajuste?”.
- RADAR, na VEJA, afirma que “Joaquim Levy assustou alguns senadores quando, numa reunião sobre o ajuste fiscal, previu que, se as medidas não passassem no Congresso, haveria risco de o dólar bater em 4 reais”.
- Revistas também registram um clima de expectativa sobre os protestos contra o governo marcados para domingo (15). Abordagens relembram fatos políticos e econômicos mais relevantes que geraram um “clima de insatisfação”, dão voz a organizadores da mobilização nas redes sociais e sinalizam um cenário “difícil” para o governo de Dilma Rousseff.
- Destaque está na capa reportagem de capa da ISTOÉ, que sugere que a onda de manifestações contra a presidente Dilma Rousseff impõe ao governo um cenário de incertezas.
- Sobre o encontro de 150 empresários na sede da Fiesp, texto menciona que o tema das conversas foi o impacto das manifestações na popularidade de Dilma. “O sentimento era um misto de insatisfação política com temor econômico”, afirma a reportagem. “Entendemos a revolta da população com o ajuste fiscal. Mas se essa fogueira pegar, iremos todos nos queimar”, disse à reportagem Carlos Pastoriza, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
- “Após duas horas, empresários e sindicalistas se uniram em torno de três bandeiras: contra os juros altos, a elevação de impostos e o excesso de gastos públicos”, aponta ISTOÉ. "Não somos contra o ajuste fiscal, mas não abrimos mão da desoneração da folha de pagamentos", disse Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
- Já a abordagem de capa da ÉPOCA mostra que Dilma Rousseff vive seu pior momento na presidência, “sem força na economia, na política e, agora, nas ruas”. Em uma série de reportagens, ÉPOCA aponta os múltiplos aspectos de uma crise como o Brasil jamais viu.
- Ainda na agenda política, ROSA DOS VENTOS, na CARTA CAPITAL, indaga "até quando Renan Calheiros vai agir contra o governo de Dilma Rousseff e contra si mesmo?". Segundo a coluna, a “insurgência” de Renan é resultado do temor de ser forçado a renunciar, pela segunda vez, à presidência do Congresso. “Essa é a crise política mais intensa e mais extensa nos governos petistas, duas vezes com Lula e o começo do segundo mandato de Dilma. O senador Renan Calheiros é um protagonista importante nesse tabuleiro político e econômico de resultado ainda indefinido”, afirma.
Outro assunto de interesse
se refere a abordagens sobre investimentos em infraestrutura.
- Com chamada de capa, ISTOÉ DINHEIRO destaca que, "apesar da crise no Brasil", o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financia obras de infraestrutura em Cuba, Angola, Venezuela e República Dominicana.
- “Para um país em crise e carente de financiamento para projetos de infraestrutura, como o Brasil, essa política externa com recursos públicos do BNDES tem sido mal vista pelos especialistas. Faz sentido financiar projetos no Exterior com o dinheiro de um banco criado para fomentar o desenvolvimento nacional?”, indaga DINHEIRO.
- Segundo a reportagem, para os especialistas, “isso faria sentido se a economia brasileira estivesse crescendo e solucionando seus gargalos em infraestrutura, mas toma-se uma política equivocada na conjuntura atual”.
- Em nota enviada à DINHEIRO, o BNDES declarou considerar "um falso dilema" a escolha entre financiar obras de infraestrutura no Brasil ou em outros países. "Em 2014, o BNDES desembolsou cerca de R$ 68 bilhões para projetos de infraestrutura, enquanto que, para o financiamento à exportação, o total de desembolsos foi de US$ 5 bilhões", informou o banco. Segundo o BNDES, o financiamento às exportações de bens e serviços de conteúdo nacional gera emprego e renda no Brasil.
- De volta a RADAR, na VEJA, informação é que “na ponta do lápis, o endividamento da encrencada Sete Brasil é de 10,8 bilhões de reais. Desse total, 2 bilhões de reais são com o FI-FGTS”.
- ANTONIO DELFIM NETTO, na CARTA CAPITAL, Dilma escolheu um caminho mais realista, mas também “íngreme, duro e pedregoso”.
- “Por mais preconceituosas que sejam as desconfianças de parte da sociedade, é preciso reconhecer que, diante das dificuldades enfrentadas em 2011-2014, a presidente Dilma escolheu um caminho mais realista que nos aproximará da administração ‘normal’ dos países mais bem-sucedidos: Estado forte, mas regulado; mais regulador do que interventor; finança pública bem organizada; reforço das garantias jurídicas; liberdade de empreender e reter os seus benefícios: estímulo à competição, ao investimento e à exportação; intolerância com o abuso do poder econômico e, final mente, coordenação das políticas fiscal, salarial, cambial e monetária para obter alto nível de emprego pelo crescimento do PIB, com equilíbrio interno (taxa de inflação parecida com a externa) e equilíbrio externo (déficit em conta corrente financial)”, posiciona o ex-ministro.
- Em entrevista às PÁGINAS AMARELAS da VEJA, o economista venezuelano Ricardo Hausmann, diretor do centro para o desenvolvimento internacional da Kennedy School of Government, da Universidade Harvard, avalia que o Brasil aproveitou mal os anos de economia externa favorável, abusou da gastança e do protecionismo, mas não investiu no aumento da produtividade. "O protecionismo impede o país de tirar proveito dos benefícios oferecidos pela globalização", afirma na entrevista. Segundo ele, "o setor privado deve ser focado no mercado externo. Do contrário, as empresas serão preguiçosas".
- A título de registro, seção SEMANA, na ISTOÉ, publica: “Foi renovado o acordo que regulamenta as transações comerciais de veículos entre Brasil e México -- até março de 2019 será mantido o regime de cotas para a comercialização bilateral de carros sem o pagamento de imposto de importação. Se isso não tivesse ocorrido ficaria valendo desde já o livre-comércio como queriam os mexicanos, o que poderia elevar o déficit brasileiro. O acordo representa maior restrição do governo do Brasil à entrada de carros fabricados pela indústria automotiva mexicana. Sem pagamento de imposto de importação pelos próximos 12 meses, Brasil e México importarão e exportarão veículos, reciprocamente, atingindo o montante de US$ 1,56 bilhão. A cota subirá 3% a cada ano a partir de março de 2016”
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