Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
Jovair Arantes: é preciso incluir em
medidas provisórias temas de interesse da sociedade
O Plenário da Câmara dos Deputados
adiou a votação da Medida Provisória 678/15, que amplia o
Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para a área de segurança pública. O
adiamento ocorreu após um impasse sobre os novos temas incluídos na MP pela
comissão mista: mudanças em leis tributárias e em normas de cartórios e de
lotéricos, prazo para ampliação de lixões, renegociação de dívidas e outros
pontos.
O PT se uniu à oposição a favor da
preferência ao texto original da MP, mas esse pedido de preferência ainda não
foi votado. Vários deputados se recusaram a votar a proposta ou declararam voto
contrário por conta dos novos temas incluídos.
“A MP chegou aqui com meia página de
projeto e se transformou em 16 páginas, uma arca de Noé, uma árvore de natal.
Não tem como votar a favor”, disse o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
A votação, segundo o deputado Raul
Jungmann (PPS-SP), seria inconstitucional. “Se aprovarmos esta medida
provisória, estaremos incorrendo em ilegalidade formal. O Supremo Tribunal
Federal já deliberou que cabe emendar as medidas provisórias, mas não em
matérias não relacionadas ao tema ou que gere despesa. Esse zoológico não pode
passar”, disse Jungmann. “Estamos aqui nos expondo ao ridículo, com um projeto
que traz 15 propostas estranhas à matéria original.”
Outro parlamentar que criticou a
inclusão de novos temas pela comissão mista foi o deputado Alberto Fraga
(DEM-DF). “Aqui se permite até mudanças em cartórios, colocaram ‘jabutis’ à
vontade e acho que o texto da comissão inviabiliza o objeto original”, disse.
O deputado Edmilson Rodrigues
(Psol-PA) chamou a MP de Frankenstein. “Se o projeto, inicialmente, até
permitia um certo diálogo, depois que os lobistas fizeram suas emendas e
empanturraram o projeto – dando ao substitutivo uma versão
frankenstein – fica impossível fazer o debate”, afirmou.
Inclusão de temas
O líder do PTB e relator da MP, deputado Jovair Arantes (GO), rebateu as críticas. Segundo ele, os parlamentares não podem se furtar de incluir em medidas provisórias temas de interesse da sociedade. “Esta Casa tem sido cada vez mais tolhida na sua liberdade de legislar. Então, quando surge a oportunidade de incluir temas de interesse da sociedade em medidas provisórias, nós somos demandados”, disse.
O líder do PTB e relator da MP, deputado Jovair Arantes (GO), rebateu as críticas. Segundo ele, os parlamentares não podem se furtar de incluir em medidas provisórias temas de interesse da sociedade. “Esta Casa tem sido cada vez mais tolhida na sua liberdade de legislar. Então, quando surge a oportunidade de incluir temas de interesse da sociedade em medidas provisórias, nós somos demandados”, disse.
O relator afirmou que não seria
desautorizado por isso e que houve temas incluídos a pedido do governo, como
mudanças para o setor de turismo. “Eu não vou aceitar ser desmoralizado por um
requerimento que tira todo o relatório, toda a autoria, eu não posso concordar
com essa proposta”, disse Jovair, sobre o pedido de preferência para o projeto
original.
O deputado defendeu pontos incluídos,
como a prorrogação de prazos para os lixões. "Prefeitos e mais prefeitos
questionados, processados, porque o prazo venceu e eles não têm como atender à
lei. Os municípios estão, na totalidade, quebrados”, afirmou.
Pedido de exclusão
Os deputados Esperidião Amin (PP-SC) e Marcus Pestana (PSDB-MG) pediram que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, reveja o posicionamento tomado contra a retirada de matérias estranhas incluídas em medidas provisórias, como ocorria na Presidência de Henrique Eduardo Alves.
Os deputados Esperidião Amin (PP-SC) e Marcus Pestana (PSDB-MG) pediram que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, reveja o posicionamento tomado contra a retirada de matérias estranhas incluídas em medidas provisórias, como ocorria na Presidência de Henrique Eduardo Alves.
Cunha se comprometeu em discutir a
matéria, mas disse que não caberia um novo posicionamento durante a sessão.
O deputado Arnaldo Faria de Sá
(PTB-SP) também defendeu o relatório de Jovair Arantes. Ele disse que é
regimental a inclusão de emendas no parecer da comissão mista.
Regras de
licitações
Também houve divergência sobre o objeto da medida provisória: a ampliação do Regime Diferenciado de Contratação, inaugurado em 2011 para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas e, desde então, ampliado para outros setores, como educação, saúde, presídios e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A MP 678 permite que o regime seja utilizado em licitações nas áreas de policiamento, defesa civil e inteligência. O foco principal é a construção de centros de comando e controle de segurança pública.
Também houve divergência sobre o objeto da medida provisória: a ampliação do Regime Diferenciado de Contratação, inaugurado em 2011 para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas e, desde então, ampliado para outros setores, como educação, saúde, presídios e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A MP 678 permite que o regime seja utilizado em licitações nas áreas de policiamento, defesa civil e inteligência. O foco principal é a construção de centros de comando e controle de segurança pública.
O deputado Afonso Florence (PT-BA)
ressaltou que a proposta não extingue a Lei de Licitações. “A possibilidade de
estender o RDC para essas obras vai dar celeridade, transparência e qualidade
na contratação. É um sistema experimentado e aprovado”, disse.
Florence declarou ainda que a
contratação integrada – que permite a contratação do projeto e da obra em uma
só licitação – é um avanço, já que os projetos de obras precisam ser revistos
na hora da execução.
O deputado Mário Heringer (PDT-MG),
no entanto, criticou a medida. “As compras públicas são desordenadas no Brasil.
Temos Lei de Licitações, RDC, carta-convite, regime de tomada de preços: uma
salada mista que permite que se faça de acordo com o interesse de cada um”,
avaliou.
Já o deputado Carlos Marun (PMDB-MS)
lembrou que a Câmara tem uma comissão especial para discutir as licitações. “O
que hoje temos na sociedade é uma repulsa ao RDC. Não achamos uma entidade para
defender na comissão essa forma de contratação em que se define o preço e
depois se encontra uma obra para caber no preço”, disse.
“É um equívoco que deveria ter sido
usado como exceção, exatamente como foi concebido, para a Copa. Mas depois
virou uma barriga de aluguel para caber outras obras, como as do PAC”, disse
Marun.
Íntegra da
proposta:
Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli
Edição – Pierre Triboli
'Agência Câmara Notícias'
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