O
Zika in Brasil Real Time Analysis (Zibra), projeto itinerante de mapeamento
genômico do vírus zika, encerrou seu percurso no dia 17/6, em Salvador. Até o
momento, foram analisadas amostras de 1.247 pacientes que tinham perfil clínico
da doença. Destas, 15% tiveram resultado positivo para o vírus. Na Bahia, os
testes foram realizados em amostras de 172 pacientes (sangue, urina e saliva),
coletadas pela Secretaria de Saúde de Feira de Santana e pelo Hospital Irmã
Dulce, em Salvador. O resultado foi de 18 pacientes positivos para zika. Cerca
de 700 mosquitos também foram analisados.
Além
da capital baiana, o projeto passou por mais cinco cidades do Nordeste: Natal
(RN), João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL) e Feira de Santana (BA),
coletando amostras e realizando a análise genômica do zika, em um laboratório
móvel contendo equipamentos de última geração. As pesquisas continuam em
laboratório fixo, com as atividades de sequenciamento do genoma do vírus. O
objetivo é atingir a marca de 750 cepas.
Segundo
Luiz Alcântara, pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador do Zibra, o estudo
permite que os cientistas entendam melhor as características genéticas do vírus
e tracem quais mutações estão associadas a ele, desde o seu surgimento. Os
dados de diagnóstico molecular foram entregues aos Lacens, ao laboratório
referência de diagnóstico da Fiocruz Pernambuco e à coordenação de vigilância
epidemiológica da secretaria de Saúde de Feira de Santana.
Ainda
de acordo com o pesquisador, as amostras colhidas no ano de 2015 têm tido maior
positividade no resultado, embora a maioria tenha sido de 2016. "Com a
finalização do sequenciamento, vamos realizar a análise epidemiológica e
evolutiva dos dados, os relatórios serão enviados às instituições participantes
e ao Ministério da Saúde e vamos dar início à programação da segunda edição do
Zibra, o primeiro funcionou como projeto piloto", afirmou.
Inspirado
na experiência da análise genômica do ebola na África, durante o surto de
2014-2015, a análise das amostras foi feita através do OxfordNanopore MinION
device, um sequenciador de DNA, de apenas 100g, que pode ser carregado por USB
de um computador portátil. O equipamento é capaz de sequenciar 12 amostras
simultaneamente em seis horas.
Um
seminário foi realizado na ocasião do encerramento, no auditório da Fiocruz
Bahia, pelos pesquisadores, que apresentaram os dados do projeto e aprofundaram
as discussões na temática zika. De acordo com o integrante do Zibra, Moritz
Kraemer, da Universidade de Oxford, em 2015, 93% dos casos de zika aconteceram
no Brasil. "Essas pesquisas também vão ajudar a entender a magnitude de
transmissão da doença e a associação do vírus aos riscos de microcefalia e
desenvolvimento de anormalidades no sistema nervoso central, como a síndrome de
Guillain-Barré", explicou o pesquisador.
Acesse
o site do projeto.
Fiocruz Bahia
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