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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Mais de 40% das pessoas que vivem com HIV não sabem que estão infectadas, alerta OMS

Em 2015, foram registrados 2,1 milhões de novas infecções, número pouco abaixo dos 2,2 milhões de 2010. Cenário exige mais esforços dos Estados-membros, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). Prevenção do HIV também estagnada.

A agência da ONU reconhece sucesso histórico do fornecimento de medicamentos contra Aids, mas alerta: países não podem ser “complacentes” consigo mesmos.

Pacientes recebem terapia antirretroviral no Quênia. Foto: Observatório Africano de Saúde / OMS


Às vésperas da Conferência Internacional sobre Aids, que tem início nesta segunda-feira (18) em Durban, na África do Sul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta na semana passada (15) sobre os principais desafios associados à epidemia.
Entre eles, o aumento da resistência à terapia antirretroviral, a necessidade de ampliar o acesso à testagem para o vírus e a estagnação da prevenção.

Atualmente, mais de 40% das pessoas que vivem com HIV não sabem que contraíram o vírus e a prevenção de novas infecções está estagnada — em 2015, foram registrados 2,1 milhões de novas transmissões, número pouco abaixo dos 2,2 milhões de 2010 — e já verifica retrocessos em determinadas regiões do mundo.

A OMS lembra que seu último relatório sobre a resistência aos medicamentos para HIV (2004-2008) revelou que 5% dos indivíduos que recebiam tratamento antirretroviral eram resistentes a pelo menos uma droga do gênero.

A agência de saúde conta com procedimentos próprios para orientar países a monitorar e combater a ineficácia dos medicamentos no combate ao vírus. Como o tratamento continua a se expandir, a OMS considera que países terão de reforçar a vigilância para garantir a qualidade dos serviços de tratamento e minimizar o surgimento da resistência.

Mapa da doença
Os dados mais recentes da agência de saúde das Nações Unidas indicam que, em locais onde a epidemia de Aids estava sob controle, o número de novos casos de transmissão do vírus voltou a crescer, principalmente entre segmentos mais vulneráveis da população.

Em 2014, 35% das novas infecções por HIV no mundo ocorreram entre homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo e seus clientes, pessoas trans, pessoas que injetam drogas e que estão privadas de liberdade.

Nas porções oriental e sul do continente africano, meninas com idade entre 10 e 19 anos permanecem particularmente afetadas pela epidemia.

Testagem de HIV no Quênia. Foto: IRIN News / Wendy Stone
Para OMS, a redução de novas infecções exige uma discussão sobre as barreiras sociais e legais que impedem muitas pessoas de acessar os serviços de HIV.
A Organização Mundial também destaca os benefícios de novas abordagens de alto impacto como a profilaxia pré-exposição (PrEP) — em que as drogas antirretrovirais são usadas para proteger indivíduos com risco elevado de infecção pelo HIV.

Integrar iniciativas de prevenção aos serviços de saúde sexual e reprodutiva é outro meio eficaz para combater a epidemia, de acordo com a OMS

A agência de saúde da ONU ressalta ainda a importância de revitalizar estratégias já consolidadas e bem-sucedidas, como a promoção do uso de preservativos e a manutenção da dinâmica de circuncisão masculina voluntária nos 14 países mais afetados das regiões leste e sul da África, onde 11,7 milhões desses procedimentos foram realizados em 2015.

Tratamento
Desde 2015, a OMS recomenda que todas as pessoas diagnosticadas com HIV iniciem a terapia antirretroviral o mais cedo possível para prevenir a doença e a morte.

Dados comprovam que o tratamento salva vidas: as mortes relacionadas à Aids caíram 45% desde seu pico em 2005 e 26% desde 2010. No entanto, quase metade das pessoas que vivem com o HIV ainda não sabem que estão infectadas.

Segundo a OMS, o cenário exige que Estados garantam acesso a serviços de testagem ágeis e de baixo custo. A agência das Nações Unidas chama atenção para os benefícios do autoteste, que pode ampliar o alcance de exames de HIV, principalmente entre os que relutam a usar serviços de saúde.

“O enorme progresso sobre o HIV, particularmente no tratamento, é uma das grandes histórias de sucesso de saúde pública do século”, afirmou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan.

“Entretanto, não é um momento para complacência. Se o mundo quer atingir a meta de acabar com a Aids (enquanto ameaça de saúde) até 2030, deve expandir e intensificar rapidamente seus esforços.”

Financiamento sustentável a longo prazo
A OMS alertou também para mudanças nos modelos de financiamento, que terão de lidar com a transição de fontes externas de verba para orçamentos predominantemente domésticos.

Segundo o organismo internacional, países precisam alinhar as respostas ao HIV à busca pela cobertura universal de saúde e a iniciativas de proteção social.

A medida pode disponibilizar mais recursos para a saúde em geral, por meio de impostos, por exemplo, e estabelecer mecanismos robustos de financiamento que permitam aos indivíduos receber os serviços que precisam sem passar por dificuldades financeiras

OMS/OPAS

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