Entenda
como a incorporação de novos remédios para a fabricação nacional ajudará o país
nos investimentos, na geração de empregos e na diminuição de custos ao SUS
Em
geral, qualquer produto fabricado no exterior e importado por outro país chega
com um valor bem mais alto, não é mesmo? A regra vale também para os
medicamentos. Se a tecnologia da produção é internacional, e o remédio é
importado para o Brasil, por aqui o custo dessa compra aumenta. A boa notícia é
que, na última sexta-feira (27.01), foi publicada no Diário Oficial da União
uma lista que detalha quais são os produtos prioritários para o Sistema Único
de Saúde (SUS).
Não
entendeu bem? A gente explica: foram determinados 52 itens que poderão ter
projetos apresentados para a transferência de tecnologias. Hoje esses produtos
são produzidos no exterior. A partir de uma fabricação nacional, aqui em solo
brasileiro, será possível colher três benefícios: mais investimentos, geração
de empregos na indústria e um custo reduzido para o SUS.
Mesmo
antes da transferência total da tecnologia, essas parcerias para o
desenvolvimento dos produtos já geram uma economia de 30% para o Governo
Federal no valor das importações. Isso porque o fabricante passa a fornecer o
produto para o Brasil e para o laboratório público parceiro com desconto no
preço praticado lá fora, no mercado internacional. É como se o medicamento
saísse o varejo e fosse vendido por atacado, já que, com a incorporação do
remédio e distribuição aos brasileiros, a compra será em uma escala bem maior.
Ao
mesmo tempo, o fabricante vai transferindo a tecnologia para o Brasil até que o
produto possa ser totalmente produzido por aqui, o que também implica em uma
redução de preços pelo menos de 5% ao ano.
Seleção
Ok,
então o Ministério divulgou a lista dos produtos prioritários. E agora? A bola
passou para os laboratórios públicos oficiais! São eles que apresentarão ao
Ministério da Saúde as propostas de parcerias para a almejada fabricação
nacional. E olha que boa notícia: na listagem estão dois dos medicamentos que
custam mais caro aos bolsos do SUS: Sofosbuvir (para tratamento de Hepatite C),
e Eculizumabe (indicado para insuficiência renal). Só esses dois remédios
juntos custam, por ano, cerca de R$ 1 bilhão do orçamento da saúde.
Agora
você deve estar se perguntando: como foram escolhidos os medicamentos que
integrariam essa lista? Vamos lá! O Ministério da Saúde levou em conta alguns
critérios, como identificar produtos antes negligenciados ou de alta tecnologia
e alto custo. Além disso, o objetivo foi atender plataformas que fazem parte da
política de incentivo ao Complexo Industrial da Saúde, como: biotecnologia,
doenças raras, fitoterápicos, medicina nuclear, entre outros. Entre os
selecionados está também um teste de diagnóstico para Zika, Dengue e
Chikungunya.
Entre
os 52 produtos, 19 são biológicos. A produção deles em território nacional
promete um significativo impacto ao orçamento do Ministério da Saúde, já que,
apesar desses remédios representarem apenas 4% da quantidade distribuída pelo
SUS, eles consomem 51% do recurso disponível para a aquisição de medicamentos.
Sabe o Eculizumabe, que mencionamos acima? Só no ano passado, ele demandou um
custo de R$ 391,8 milhões para atender 336 pacientes. Com a produção nacional,
o ganho é duplo: os custos caem e a assistência é ampliada.
Outro
destaque da lista vai para o Dolutegravir, recentemente incorporado pelo SUS e
considerado o mais moderno no tratamento de HIV/Aids. Para os transplantados,
entrou na seleção o Everolimo.
Vamos
à lista completa! Acesse aqui.
Ana
Cláudia Felizola, para o Blog da Saúde
0 comentários:
Postar um comentário