Cientistas
americanos fizeram testes com ratos surdos e descobriram uma forma de restaurar
parte da audição deles com uma terapia genética que consideram um "marco".
Os ratos foram
capazes de ouvir um pequeno sussurro após o tratamento. Segundo os
pesquisadores, a capacidade de restaurar parte da audição dos animais abre
caminho para descobrir tratamentos semelhantes para humanos em um "futuro
próximo".
O estudo,
divulgado na publicação científica Nature Biotechnology, corrigiu
erros que faziam com que os pelos sensíveis ao som ficassem defeituosos.
Os pesquisadores
usaram um vírus sintético para cortar e corrigir o defeito.
"Isso é sem
precedentes, esta é a primeira vez que nós vimos esse nível de restauração de
audição", disse o pesquisador Jeffrey Holt, do Boston Children's Hospital.
Defeito
Cerca de metade
das formas de surdez acontecem por causa de um erro no DNA.
Nos experimentos
no Boston Children's Hospital e na Escola de Medicina de Harvard, os ratos
tinham uma disfunção genética chamada síndrome de Usher.
Nesses casos, há
instruções imprecisas para a formação dos pelos dentro da orelha.
Em orelhas
saudáveis, conjuntos de células de pelo externas ampliam ondas sonoras e, em
seguida, células de pelo internas convertem os sons para sinais elétricos que
vão para o cérebro.
Os pelos normalmente
formam essas linhas em forma de V.
Mas com a
síndrome de Usher essas linhas ficam desorganizadas - o que afeta gravemente a
audição.
Os pesquisadores
desenvolveram então um vírus sintético que fosse capaz de "infectar"
a orelha com as instruções corretas para a formação de células de pelos.
Experimentos mostraram que, com isso, ratos
profundamente surdos puderam ouvir cerca de 25 decibéis - o volume de um
sussurro.
"Nós
ficamos extremamente surpresos por ver tamanho nível de resgate da audição, e
nós ficamos impressionados com o que conseguimos", disse o pesquisador
Gwenaelle Geleoc à BBC.
Existem cerca de
100 diferentes tipos de defeitos genéticos que podem causar a perda de audição
- e cada um exige tipos diferentes de terapia.
"Nós
realmente conseguimos ter uma compreensão da ciência básica e da biologia da
orelha, então agora estamos no momento de traduzir esse conhecimento e
aplicá-lo em pacientes humanos em um futuro muito próximo."
Opção segura?
Uma das grandes
questões a serem esclarecidas agora é se o vírus sintético é algo saudável -
ele foi feito com base em um vírus adenoassociado, que já foi usado em outras
formas de terapia genética.
Os pesquisadores
também querem entender se o efeito é duradouro - eles sabem que funciona por
pelo menos seis meses.
Há ainda
questões sobre a "janela de oportunidades". Enquanto a terapia
funcionou em ratos tratados no nascimento, ela falhou com aqueles que receberam
o tratamento dez dias depois.
Ralph Holme,
diretor de pesquisa no Instituto Ação Para Perda de Audição, se disse
entusiasmado com o trabalho, mas fez ressalvas.
"Essa
pesquisa é bastante motivadora. Mas há um receio de ainda possa ser tarde
demais usar essa terapia logo após o nascimento com bebês com síndrome de
Usher, já que eles são mais desenvolvidos do que ratos recém-nascidos."
"A
tecnologia pode ser mais eficiente para tratar formas progressivas de perda de
audição", completou
James
GallagherRepórter de Saúde e Ciência da BBC
Direito de
imagem BOSTON CHILDREN'S HOSPITAL
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