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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Zika - a corrida para desenvolver uma vacina eficaz contra o vírus

Desde que a epidemia de zika foi declarada emergência de saúde pública no Brasil, em novembro de 2015, a comunidade científica internacional vem unindo esforços para desenvolver uma vacina eficaz contra o vírus. Hoje, existem 39 projetos em andamento, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entre as iniciativas mais avançadas, cinco estão na chamada fase 1, a dos testes em humanos. Confirmando os resultados positivos nessa etapa, a imunização passará por mais duas fases ampliadas de testes em humanos, com número maior de participantes, até atingir níveis de segurança e eficácia que possibilitem a liberação para uso de toda população.

No Brasil, a grande aposta do Ministério da Saúde é uma vacina desenvolvida pelo Instituto Evandro Chagas, do Pará, em parceria com a Universidade Medical Branch do Texas, nos Estados Unidos.

A previsão é de que os testes da vacina brasileira em humanos comecem ainda este semestre. O processo de desenvolvimento de uma vacina, que começa “in vitro” no laboratório até que possa ser disponibilizada, pode levar mais de dez anos; mas os estudos acelerados da vacina contra zika, desenvolvida no Brasil em parceria com a Universidade do Texas, sinalizam com a possibilidade de ser lançada em menos tempo.

Hoje já existem vacinas contra dengue e febre amarela. Estudos sobre a imunização contra a chicungunha, outra doença transmitida pelo Aedes, estão menos adiantados.

DOENÇA TEM APENAS UM TIPO DE VÍRUS

Um dos pontos que tornam essa tarefa menos complexa é que existe somente um tipo de vírus da zika, ao contrário de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como a dengue, que tem quatro cepas. O projeto pretende criar uma vacina com o vírus atenuado, o mesmo princípio da imunização contra a febre amarela, que tem eficácia de mais de 95%.

Existem dezenas de vacinas sendo testadas e estudadas, mas praticamente todas exigem duas doses para a imunização, o que pode ser mais difícil de administrar. A ausência da segunda dose reduz o nível de proteção.

A revista Nature, publicou recentemente um artigo da Equipe da Universidade da Pensilvânia – USA, com os resultados dos testes de uma nova vacina contra o Zika se mostra eficiente em testes com ratos e macacos, oferecendo imunidade aos animais. Ela é baseada no vírus inativado, e apenas uma dose baixa é necessária para fazer efeito.

Um ano depois de ser declarado uma emergência de saúde internacional, o vírus Zika ainda é uma ameaça, com a Organização Mundial de Saúde informando casos em 70 países nas Américas, África, Ásia e Pacífico Ocidental até agora.

Considerada pelos cientistas uma das mais promissoras a vacina desenvolvida pela Equipe da Universidade da Pensilvânia é mais potente que as demais, e comprovou eficácia em ratos e macacos, oferecendo imunidade ao Zika, com um vigésimo da dose necessária para outras vacinas.

“A vacina funcionou tão bem nos macacos quanto nos ratos, o que nos faz pensar que também vai funcionar em pessoas”, afirmou “Drew Weissman, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, um dos membro da equipe que desenvolveu a imunização. Ele espera iniciar ensaios clínicos em seres humanos dentro de 18 meses.

Tateando no escuro

Mesmo sem um novo grande surto, o perigo representado pelo Zika permanece até que o vírus seja contido.

Além disso, ainda estamos tentamos compreender completamente as suas consequências. “Nós não sabemos exatamente quais são as suas complicações a longo prazo. Conhecemos as principais anomalias, como a microcefalia, mas não sabemos sobre os efeitos menores que podem acontecer nos próximos anos em infectados”, explica Herve Zeller, do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças em Solna, na Suécia.

A esperança é de que a corrida para documentar a segurança e eficácia de vacinas leve o mais rapidamente possível a distribuição da melhor candidata. [NewScientist]

Com base em artigos dos autores, da revista Nature e NewScientis


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