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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Burocracia e falta de investimentos causam fuga de capital humano, indicam participantes de audiência

Os motivos para a fuga de capital humano do Brasil, ação conhecida como “fuga de cérebros”, foram tema de audiência pública da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) nesta quarta-feira (25). Participantes do debate apontaram que a falta de investimentos e a burocracia na aprovação de projetos científicos resultam na fuga de cérebros para outros países e impedem o desenvolvimento do Brasil.

A expressão “fuga de cérebros” refere-se à emigração de profissionais qualificados em busca de melhores condições em outros países. O corte drástico no orçamento da ciência, tecnologia e inovação, a partir de 2016, contribuiu para essa evasão, segundo o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mário Borges.
Quando há recursos, de acordo com Mário, o brasileiro se destaca no campo científico. Ele citou como exemplo o reconhecimento da professora Celina Turchi, da Fiocruz de Pernambuco, como uma das dez personalidades da ciência mundial listadas pela revista britânica Nature, pelo seu trabalho sobre o vírus zika e a microcefalia.

— O Brasil foi capaz de equacionar o problema do vírus da zika com apenas dois anos de pesquisa e investimento em cima disso. Nós somos bons, no Brasil, em futebol e ciência. Só que futebol não precisa de dinheiro, agora, ciência precisa — disse o presidente da CNPq.

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que pediu a realização da audiência, lamentou que o governo não priorize a Ciência para manter profissionais no país.

— A Alfândega não deixa sair pedras preciosas, mas deixa sair cérebros de cientistas e, é óbvio, que a gente não vai impedir com força. A gente tem que pensar o que está acontecendo para que eles estejam indo embora e fazer com que eles queiram ficar aqui — afirmou.

Para o diretor do Projeto I-2030, Tadao Takahashi, a injustiça social é a segunda causa de emigração de cientistas.

— Na verdade, o problema do cientista, ou do engenheiro, ou do médico que quer sair, não é só de carreira. É o entorno social no qual ele vive e que vai ficando intolerável e vai fazendo com que ele comece a pensar que exista algum lugar melhor onde ele pode conciliar a vida pessoal com a vida profissional — disse.

A descontinuidade das pesquisas por conta de troca de governo foi criticada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM).

— Nós não podemos mudar uma meta estabelecida para 20-30 anos. O problema é que muda governo, muda política. Não dá para se mudar de política conforme a cabeça do governante de plantão — disse.

Cristovam Buarque afirmou ainda que vai requerer uma discussão aprofundada do tema no Plenário do Senado.

Com informações da Rádio Senado


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