Os motivos para a fuga de
capital humano do Brasil, ação conhecida como “fuga de cérebros”, foram tema de
audiência pública da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e
Informática (CCT) nesta quarta-feira (25). Participantes do debate apontaram
que a falta de investimentos e a burocracia na aprovação de projetos
científicos resultam na fuga de cérebros para outros países e impedem o
desenvolvimento do Brasil.
A expressão “fuga de cérebros”
refere-se à emigração de profissionais qualificados em busca de melhores
condições em outros países. O corte drástico no orçamento da ciência,
tecnologia e inovação, a partir de 2016, contribuiu para essa evasão, segundo o
presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Mário Borges.
Quando há recursos, de acordo
com Mário, o brasileiro se destaca no campo científico. Ele citou como exemplo
o reconhecimento da professora Celina Turchi, da Fiocruz de Pernambuco, como
uma das dez personalidades da ciência mundial listadas pela revista britânica
Nature, pelo seu trabalho sobre o vírus zika e a microcefalia.
— O Brasil foi capaz de
equacionar o problema do vírus da zika com apenas dois anos de pesquisa e
investimento em cima disso. Nós somos bons, no Brasil, em futebol e ciência. Só
que futebol não precisa de dinheiro, agora, ciência precisa — disse o
presidente da CNPq.
O senador Cristovam Buarque
(PPS-DF), que pediu a realização da audiência, lamentou que o governo não
priorize a Ciência para manter profissionais no país.
— A Alfândega não deixa sair
pedras preciosas, mas deixa sair cérebros de cientistas e, é óbvio, que a gente
não vai impedir com força. A gente tem que pensar o que está acontecendo para
que eles estejam indo embora e fazer com que eles queiram ficar aqui — afirmou.
Para o diretor do Projeto
I-2030, Tadao Takahashi, a injustiça social é a segunda causa de emigração de
cientistas.
— Na verdade, o problema do
cientista, ou do engenheiro, ou do médico que quer sair, não é só de carreira.
É o entorno social no qual ele vive e que vai ficando intolerável e vai fazendo
com que ele comece a pensar que exista algum lugar melhor onde ele pode
conciliar a vida pessoal com a vida profissional — disse.
A descontinuidade das
pesquisas por conta de troca de governo foi criticada pelo senador Omar Aziz
(PSD-AM).
— Nós não podemos mudar uma
meta estabelecida para 20-30 anos. O problema é que muda governo, muda
política. Não dá para se mudar de política conforme a cabeça do governante de
plantão — disse.
Cristovam Buarque afirmou
ainda que vai requerer uma discussão aprofundada do tema no Plenário do Senado.
Com informações da Rádio
Senado
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