Destaques

sábado, 28 de outubro de 2017

Doação de sangue por gays pode impedir exportação, alerta diretor do Hemocentro

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a discutir recentemente a inconstitucionalidade de normas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbem homens homossexuais de doarem sangue por 12 meses após a última relação sexual.

O julgamento foi adiado na quinta-feira (26) após pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. A questão começou a ser julgada na semana passada, quando o relator do caso, ministro Edson Fachin, considerou a restrição como discriminatória. A votação está em 4 votos a 1 pela anulação.

Único ministro com posicionamento contrário à mudança até o momento, Alexandre de Moraes entendeu que as restrições não são medidas arbitrárias e discriminatórias, por estarem baseadas em estudos científicos, que, por sua vez, integram parte de um conjunto de regras que regem a política nacional de coleta e transfusão de sangue no Brasil.

É para também o que atenta o diretor técnico do Hemocentro de Goiás, Dr. Divanilton Antunes Braga. Em entrevista ao Jornal Opção, o especialista vai além e lembra que o tema em discussão no Supremo pode gerar barreiras na exportação de plasma — parte líquida do sangue — hoje enviado para fracionamento no exterior, uma vez que o Ministério da Saúde segue normas internacionais da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Podem passar a não aceitar o plasma do Brasil”, reitera.

A ressalva é a mesma do ministro da Saúde, Ricardo Barros. Em entrevista nesta semana, ele afirmou que uma possível mudança nas regras pode gerar problemas ao país em relação às barreiras sanitárias.

O diretor técnico do Hemocentro de Goiás admite, no entanto, que o fim da restrição pode elevar consideravelmente os números de doadores. Segundo ele, são recorrentes as reclamações na unidade goiana por parte de homossexuais devido à exceção. “Sempre temos muitas reclamações, mas não dá para saber também até que ponto pode aumentar, pois não temos qualquer dado sobre o tema”, ressalvou.

Questionado sobre quais seriam os benefícios ou maléficios caso a anulação avance no Supremo, Braga pondera que, enquanto diretor do Hemocentro, prefere não emitir opiniões e diz apenas que segue o que define o Ministério da Saúde

Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil


0 comentários:

Postar um comentário

Calendário Agenda