Confira relatos sobre
como é trabalhar no ramo Combatendo a
desconfiança
Graduado em administração de
empresas e em direito, Luiz Henrique Bezerra, 40 anos, começou a atuar em RIG
quando trabalhou na Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Assumi a
chefia do escritório da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) aqui em
Brasília. Foi quando eu entrei definitivamente no ramo", rememora.
Atualmente, ele trabalha na Volkswagen do Brasil e tem de monitorar tudo o que
acontece no Congresso Nacional. "Sempre acompanho projetos de lei e
políticas públicas governamentais que impactam diretamente a indústria
automobilística", relata. "Precisamos contribuir para a construção
desses projetos de lei que estão em tramitação e ajudar a melhorá-los, muitas
vezes promovendo alterações junto ao Congresso ou ao Poder Executivo para
ajustá-los à realidade do consumidor e da indústria brasileira", exemplifica.
Luiz Henrique diz que nunca
sofreu nenhum tipo de preconceito direto por atuar como lobista, mas a
discriminação velada existe. "Quando digo o que faço, as pessoas começam a
olhar com certa desconfiança e ficam curiosas para saber como funciona meu
trabalho", conta. Ele destaca que o reconhecimento do Ministério do
Trabalho e Emprego é muito importante para desmitificar o lobby. Luiz Henrique
acredita que uma regulamentação traria mais transparência e seriedade ao setor,
facilitando o trabalho de quem atua no ramo de forma séria. "Queremos ser
reconhecidos como profissionais sérios e que agem às claras. Quem faz coisa
errada quer estar sempre escondido, por isso não temos problema em falar da
nossa atividade", defende.
Compartilhando experiências
Paula Johns, 51, é socióloga e
atua na área de relações institucionais e governamentais desde 2003. O
interesse pelo ramo surgiu quando trabalhou com um tratado internacional de
tabaco que, quando chegou ao Senado, havia ficado travado por causa de lobby oposto
que articulava pela indústria do tabaco. "Foi assim que comecei a visitar
senadores para levar informações sobre saúde pública. Então, um dos
aprendizados foi enfrentar o adversário no espaço legislativo", lembra.
Atualmente, ela é diretora-geral da ACT Promoção da Saúde, que foi fundada em
2006 com o nome de Aliança de Controle do Tabagismo. A instituição
é voltada para políticas públicas de controle do tabagismo e
prevenção de outros fatores de riscos de doenças crônicas. Entre os trabalhos
desenvolvidos por Paula, está um curso de compartilhamento de experiências.
"Defendemos uma causa e,
como atuamos na promoção de políticas públicas, desenvolvemos um conjunto de
ações para que nossas ideias sejam implementadas", explica ela, que é
mestre em desenvolvimento internacional. Paula fez um curso de relações governamentais
no Insper. "As aulas ensinaram táticas, técnicas e estratégias para
exercer a função de lobista", pontua. Para a socióloga, a discussão da
regulamentação do lobby é importante, justamente para desconstruir essa aura de
ilicitude que permeia o assunto. "Essa pauta se tornou mais uma defesa de
uma categoria profissional do que uma questão de se aumentar os mecanismos de
transparência do lobista" diz. De acordo com ela, ficou nítido que a
categoria de sente mal em ser chamada de lobista, pois atribui-se a uma
conotação negativa; por isso, passou-se a usar o termo relações institucionais
e governamentais.
Atuando com transparência
O advogado Paulo Castelo
Branco, 74, é especialista em mediação e conciliação e processo legislativo e
trabalha como profissional de RIG desde 1980. "Nós levamos às autoridades
os interesses dos nossos clientes para que o Congresso Nacional tivesse
conhecimento e, assim, as leis pudessem ser bem elaboradas", lembra.
Atualmente, ele continua advogando e exercendo a atividade de lobista. A
contratação é caso a caso. "A pessoa me procura para eu avaliar se os
interesses dela são compatíveis com a legalidade, com a Constituição Federal e
também os princípios éticos que devem ser respeitados", explica. Apesar da
má fama que escândalos de corrupção acabaram atribuindo ao lobby, o advogado
diz que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito por atuar na área. "Sempre
desempenhei uma atividade bem conceituada, sou respeitado e honro os limites
das relações institucionais e governamentais", afirma.
Correio Brasiliense
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