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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Governo quer tornar crime comércio irregular de prótese

Ministro da Saúde afirmou no Senado que enviará ao Congresso Nacional um projeto de lei que transforma esse tipo de negócio em estelionato e adiantou que dispositivos terão preço de referência
O GOVERNO Mandará para o Congresso um projeto de lei para tipificar como crime de estelionato a comercialização fraudulenta de implantes. Também está prevista a criação de um registro nacional de implantes e de uma divisão no Ministério da Justiça encar- regada de combater os crimes contra a saúde.
As medidas, que antes serão submetidas a consulta pública, foram anunciadas ontem pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, durante uma audiência pública na comissão parla- mentar de inquérito (CPI) que investiga denúncias de crimes praticados por médicos, hospitais e fornecedores de próteses e órteses.
O ministro Arthur Chioro e o senador Magno Malta durante a audiência.
Chioro apresentou o relatório do grupo interministerial cria- do para propor medidas de re- estruturação dos processos que envolvem a comercialização de dispositivos implantados no organismo por cirurgia.
O Ministério da Saúde tam- bém recomendará aos conse- lhos profissionais a uniformiza- ção do uso dos equipamentos, como forma de fortalecer a fiscalização sobre a atuação de médicos e dentistas.
— Estamos propondo medidas em cinco eixos, regulação: sanitária, econômica, do uso, ações de aprimoramento da gestão do SUS [Sistema Único de Saúde] e proibições e penalidades — disse o ministro da Saúde.
Chioro informou que está prevista a criação de um preço de referência externo, o que possibilitará o monitoramento do mercado. O governo prevê ainda a distribuição de um manual de boas práticas para compra dos dispositivos.
Relator da CPI, Humberto Costa (PT-PE) disse que o diag- nóstico apresentado pelo grupo interministerial pode ajudar a coibir práticas irregulares já identificadas pela comissão na indicação e venda de próteses.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Angelo Amato, disse que a tecnologia dos equipamentos cardiovasculares é cara. Ele apontou uma “demanda reprimida fantástica” para o exercício da regulação desses equipamentos e disse que a iniciativa deve partir do governo.
O médico Marcelo Paiva Paes disse que a mercantilização da medicina deve virar crime, uma vez que o exame das infrações administrativas nos conselhos profissionais é difícil. Ele citou o envolvimento de empresas do Rio em irregularidades na co- mercialização de dispositivos e cobrou a elaboração de um marco legal que criminalize essas práticas e “traga de volta a dignidade da medicina”.
— O mercado não pode tudo, mas está determinando a formação do médico. Precisamos limitar o espectro danoso, mesquinho do que o mercado fez com a medicina — afirmou. O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Marco Antonio Percope, defendeu a norma- tização dos dispositivos e sua precificação, como forma de eliminar a acentuada diferença regional de preços.
A CPI das Próteses é pre- sidida pelo senador Magno Malta (PR-ES) e tem como vice- -presidente o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
[Mario Sergio Ramalho] Senti falta de uma proposta que corrija os valores dos procedimentos, para remunerá-los adequadamente o que reduziria muito a distorção dos custos para o SUS, onde a prótese possa ser cobrada pelo seu valor correto, sem compor a margem do hospital e/ou a remuneração do médico.


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