O Rio de Janeiro, segunda
maior metrópole do país, e Santa Isabel do Rio Negro, município do Amazonas com
apenas 20 mil habitantes aproximadamente, apresentam um problema comum: a alta
frequência de giardíase, infecção intestinal que afeta principalmente as crianças
e pode prejudicar o seu desenvolvimento. A situação é destacada em duas
pesquisas lideradas pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) publicadas em
revistas científicas internacionais. Na capital fluminense, exames de fezes
realizados em 89 crianças menores de quatro anos frequentadoras de uma creche
em uma comunidade detectaram infecção por giárdia em quase 50% dos casos. Já na
cidade amazonense, foram contempladas 433 crianças e adolescentes menores de
14, e a prevalência da doença chegou a 17%.
Além de exame parasitológico
de fezes para diagnóstico da infecção, os estudos envolveram análises
moleculares para caracterização do perfil genético dos parasitos. No Rio de
Janeiro, o resultado foi considerado surpreendente: em 15 casos, foi identificada
a presença do chamado genótipo E, considerado por muito tempo como causador de
infecções unicamente em animais de produção, como cavalos, bois e porcos. Uma
vez que a transmissão da giardíase ocorre a partir da ingestão de cistos de
giárdia, que são liberados nas fezes de pacientes e animais infectados, os dois
estudos ressaltam que a falta de saneamento básico e a deficiência no
fornecimento de água tratada nas regiões estudadas são fatores que contribuem
para a disseminação da doença.
Saiba mais sobre as pesquisas:
Desafios no combate à
giardíase
Pesquisa no Rio de Janeiro
identifica em humanos tipo de giárdia até então associada a animais.
Especialistas alertam para a importância do saneamento e tratamento adequado
Problema esquecido
Em município do norte do
Amazonas, 17% dos menores de 14 anos apresentam infecção intestinal por
giárdia. Estudo reforça necessidade de políticas públicas contra a doença
Por: Maíra Menezes
(IOC/Fiocruz)
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