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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Em levantamento publicado na última semana, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) aponta que, na América Latina e no Caribe, os casos de sífilis congênita dobraram em anos recentes — passando de 10.850 ocorrências em 2010 para a marca alarmante de 22,4 mil bebês nascidos com a doença em 2015. Relatório também aborda oscilações das taxas de transmissão vertical — de mãe para filho — do HIV.

Analisando as tendências para o vírus da AIDS, a OPAS identifica que, na comparação 2010-2011, foram registrados menos 800 casos de HIV em crianças associados ao contágio durante a gestação, o nascimento e o período neonatal. Já de 2014 para 2015, a diferença foi de apenas cem ocorrências a menos — o que indica uma desaceleração nos progressos rumo ao fim da transmissão vertical.

Com o relatório, a agência de saúde regional da ONU lança luz sobre os riscos que continuam ameaçando meninos e meninas, mesmo com quedas comprovadas nos últimos anos. Um total de 2,1 mil crianças latino-americanas e caribenhas adquiriram HIV em 2015, a maioria pela transmissão materno-infantil — 55% menos que em 2010.

“Os países têm feito grandes esforços para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho”, disse o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Análise de Saúde da OPAS, Marcos Espinal. “Toda vez que chegamos perto da eliminação da transmissão de uma doença, avançar se torna mais difícil, porque envolve atingir todas as mulheres, sobretudo aquelas que historicamente encontram barreiras para acessar os serviços de saúde.”

Em 2015, 72% das mulheres grávidas na América Latina e no Caribe foram testadas para HIV, e 88% das mulheres soropositivas receberam tratamento — um aumento de 16% e 71% desde 2010, respectivamente. O acesso ao tratamento, acompanhado de outras intervenções, reduziu a taxa de transmissão do vírus da AIDS da mãe para o filho de 15% para 8% em cinco anos na região O objetivo agora é chegar aos 2%. 

Brasil e ONU querem promover eliminação da transmissão vertical do HIV 
em municípios. Imagem: EBC

Sífilis
Em 2015, 83% das gestantes foram testadas para sífilis no pré-natal e 84% dos casos positivos receberam tratamento, taxas que permaneceram estáveis por cinco anos. Atualmente, o número de crianças nascidas com sífilis congênita na região — 170 por cada 100 mil nascidos vivos — representa mais que o triplo da meta de eliminação — 50 por cada 100 mil nascidos vivos.

“A expansão de testes diagnósticos rápidos e o início do tratamento na mesma visita (médica), bem como o envolvimento dos parceiros sexuais das mulheres grávidas diagnosticadas para conhecer seu estado e tratá-las, é crucial para evitar a reinfecção durante a gravidez e acabar com a doença em 2030”, disse o chefe da Unidade de HIV, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e Hepatites Virais da OPAS, Massimo Ghidinelli.

Para reduzir o máximo possível o número de crianças que contraem HIV de suas mães ou nascem com sífilis congênita, os países precisam ter pelo menos 95% de mulheres grávidas recebendo assistência pré-natal, 95% ou mais sendo testadas e pelo menos 95% das diagnosticadas recebendo tratamento adequado.

Embora a região das Américas ainda não tenha eliminado a transmissão vertical como uma ameaça à saúde pública, 18 países e territórios reportaram dados compatíveis com essa dupla eliminação em 2015.

Cuba foi o primeiro país do mundo a ser validado pela OMS por ter alcançado a eliminação e outros países e territórios do Caribe estão em vias de alcançá-la.

Fonte: OPAS/OMS


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