Audiência
pública sobre a ocorrência da sífilis congênita no Brasil. Dep. Laura Carneiro
(PMDB - RJ)
Laura
Carneiro: não é possível que País ainda conviva com essa doença
Melhorar
o diagnóstico de sífilis durante a gravidez e garantir o tratamento da gestante
e do parceiro foram algumas das medidas propostas por deputados e convidados
que participaram da audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos
Direitos da Mulher, nesta quarta-feira (24).
Atualmente,
no Brasil, a doença atinge cinco a cada 100 mil bebês nascidos vivos por ano. O
número de casos dobrou nos últimos dez anos.
A
sífilis congênita pode provocar aborto e deixar sequelas como má formação,
alterações ósseas, surdez, dificuldade de aprendizagem e lesões neurológicas,
entre outras.
A
deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ) lembrou que a sífilis deixa tantas sequelas
quanto a zika, e que sua incidência é ainda maior. Para a deputada, não é
possível que o País ainda conviva com esse tipo de doença.
"Há
50 mil casos por ano de sífilis na gestação e 12 mil crianças que nascem com
sífilis congênita. É muita coisa em pleno século 21, quando você não deveria
ter nenhuma incidência, nenhum caso de sífilis. Eu acho que estamos muito
atrasados, muito mais do que deveríamos estar, em questões muito simples".
Tratamento
nos homens
Diretora
do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente
Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken
informou que o aumento do número de casos se deu por falhas no diagnóstico
precoce e falta da penicilina, mas que o ministério conseguiu realizar a compra
emergencial do remédio e resolveu o problema do abastecimento.
No
entanto, persistem outros problemas, como o diagnóstico tardio, a falta de
tratamento adequado e a recusa de muitos homens em seguir o tratamento, podendo
infectar novamente a parceira. Foi o que destacou a obstetra Lucila Nagata,
representante da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo).
"Há
um trabalho publicado na revista da Febrasgo mostrando que em 36,6 mil casos de
sífilis congênita, 78% das gestantes fizeram pré-natal; 56% tiveram o
diagnóstico antes do parto; e só 13,3% tiveram os seus parceiros tratados.
Então, um ponto que precisamos atacar é fazer com que esses parceiros se tratem
de sífilis quando suas esposas, suas companheiras, forem diagnosticadas."
Conscientização
Maria
Albertina Rego, da Sociedade Brasileira de Pediatria, também lamentou a
insuficiência de profissionais capacitados para aplicação da penicilina e a
falta de conscientização dos homens em seguir o tratamento.
Ela
propôs mudanças no sistema assistencial de saúde para aumentar o diagnóstico
precoce e para que o paciente se envolva com sua própria situação.
O
representante do Conselho Federal de Enfermagem, Gilvan Brolini, informou que a
entidade aprovou nota autorizando que técnicos de enfermagem possam administrar
penicilina em mulheres grávidas, e que a aplicação poderá ser feita em unidades
básicas de saúde, o que era vedado pelo conselho.
Foto
- Billy Boss, Reportagem - Mônica Thaty, Edição - Rosalva Nunes, Agência Câmara
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