O governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), assinou um decreto para estudar os mecanismos de
financiamento para a implantação de um núcleo da Fiocruz em Ribeirão Preto. O
documento foi assinado na última segunda-feira (22/5) e em 90 dias deverá ser apresentado,
pelo grupo de trabalho instituído, um modelo de financiamento. A plataforma
será instalada no Supera Parque e estará voltada para pesquisa, desenvolvimento
tecnológico e inovação em saúde. A nova planta fabricará o kit
diagnóstico point of care, sistema que fornece resultados rápidos
para diversas doenças.
Segundo o coordenador do
projeto, Rodrigo Stabeli (à direita), o acordo assinado na segunda-feira dá
continuidade às tratativas que vinham sendo feitas com a USP
“Será uma grande conquista. Poderemos
ter, pela primeira vez, uma planta da Fiocruz, um dos mais importantes
institutos de pesquisa do Brasil e com renome internacional, para se instalar
em Ribeirão Preto. E isso vai ser um investimento importante para a ciência e
tecnologia e um grande avanço para a saúde. Assim, apresentaremos diagnósticos
precisos e mais rápidos para a população”, disse Alckmin. O foco da nova
unidade será a produção de kits para resultado rápido sobre vírus zika e
chikungunya. O local é estratégico e também apropriado para o desenvolvimento
de pesquisas aplicadas.
Segundo o coordenador do
projeto, Rodrigo Stabeli, o acordo assinado na segunda-feira dá continuidade às
tratativas que vinham sendo feitas com a Universidade de São Paulo (USP),
dentro de uma parceria para a instalação de uma Plataforma de Medicina
Translacional, atraindo pesquisadores que trabalham na transformação do
conhecimento em insumos e produtos para a saúde. “Vamos reunir intelectuais da
principal universidade da América Latina e do principal instituto de pesquisa
em saúde da América Latina, com conhecimento voltado para translação e dessa
maneira desenvolver dispositivos que possam melhorar a saúde e o bem-estar da
população”, disse Stabeli.
De acordo com Stabeli, o
acordo tem duas etapas: a primeira será a montagem de um laboratório que
reunirá profissionais em farmacologia, imunologia, bioinformática,
biotecnologia e nanotecnologia para buscar alvos que possam ser traduzidos
rapidamente para o setor produtivo. “Assim poderemos desenvolver produtos que
sejam bioinsumos para vacinas, biofarmacêuticos ou dispositivos para
diagnósticos complexos que poderão ser acessados pela população. Ou seja, alvos
moleculares, que serão desenvolvidos em convergência com setores de produção,
já que num primeiro momento não vamos produzir. Essa primeira etapa promove a
união da Fiocruz com unidades bem produtivas da USP, como as faculdades de
Medicina, de Filosofia, Ciências e Letras e de Ciências Farmacêuticas da USP
num conglomerado de equipamentos e expertise que incluirá a reforma de um
prédio para instalar esse laboratório bi-intistucional”.
A segunda etapa será a de
desenvolvimento de um dispositivo para diagnóstico point of care,
pelo qual se consegue reunir, num único produto, a avaliação de várias doenças
(infecciosas ou não), de forma rápida em uma tecnologia que não existe no
Brasil. A Fiocruz, junto com parceiros internacionais, vai trazer isso para o
país para o fortalecimento do Complexo Econômico e Industrial da Saúde.
“Teremos point of care para todas as abordagens, como a Rede
Cegonha, a Rede Sepsis e para diagnóstico multidiferencial de dengue e
chicungunha. O point of care utiliza os princípios de
diagnósticos em equipamento de alta complexidade em um ambiente que não requer
alta complexidade (como uma UBS, por exemplo). O equipamento estará ligado ao
serviço de vigilância, na frente do médico, o que representa um grande salto
para o diagnóstico e é algo bastante inovador. A planta será instada em
Ribeirão Preto, num investimento de R$ 54 milhões, financiado pelo governo de
São Paulo.
Os investimentos serão
estudados a partir do decreto de segunda-feira, pelo qual se montou um grupo de
estudo que vai criar subsídios para propor o mecanismo de financiamento, cujos
valores em 2017 chegarão a R$ 18 milhões. Para a Planta Translacional serão R$
8 milhões, em um projeto temático da Fapesp, que também vai financiar mais dois
projetos, chegando a R$ 15 milhões. “Esta é uma iniciativa bi-institucional que
trabalha em projetos estratégicos para o país, de forma suntentável. A Fiocruz
vai entrar com contrapartidas não financeiras e o governo estadual com as
financeiras”, frisou Stabeli.
Pela Fiocruz, compõem o grupo
de trabalho os vice-presidentes de Produção e Inovação em Saúde, Marco Aurélio
Krieger – que participou da solenidade de assinatura do decreto como presidente
interino da Fiocruz –, e de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario
Moreira, o coordenador de Ações de Prospecção, Carlos Gadelha, e o
pesquisador/especialista e coordenador do projeto, Rodrigo Stabeli. “A partir
do grupo de trabalho constituído vamos discutir mecanismos de financiamento. Na
atual conjuntura econômica é importante elaborar novos mecanismos de
financiamento de C&T&I que possam estar associados ao desenvolvimento
econômico. Precisamos reinventar os mecanismos de financiamento da
C&T&I, pois os que existem no país estão ultrapassados e deficitários.
A partir do novo Marco de C&T&I a Fiocruz tem trabalhado na vanguarda
e, neste caso, com a parceria do Governo de São Paulo e da Prefeitura de
Ribeirão Preto, tenta criar soluções de financiamento, em parceria com
instituições públicas e arranjos produtivos locais. Futuramente esse modelo
poderá ser disseminado para outras entidades federativas”, avaliou Stabeli.
O Supera Parque faz parte do
Sistema Paulista de Parques Tecnológicos e tem como principal vocação a área da
saúde. O local também concentra instituições de ensino renomadas, como a
Universidade de São Paulo, empresas incubadoras e técnicos especializados nos
segmentos de equipamentos médico-hospitalares, biotecnologia, fármacos,
cosméticos, bioenergia e tecnologia da informação e comunicação.
O grupo será coordenado pela
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
(SDECTI) e contará com a participação de representantes da Secretaria da
Fazenda, Desenvolve SP, Prefeitura de Ribeirão Preto e Fiocruz. A comissão
criada vai formular proposta da metodologia de estudo para implantação do
núcleo da Fiocruz, a elaboração de relatórios mensais dos trabalhos
desenvolvidos e o encaminhamento de parecer final com as proposições definidas
pelos participantes.
Supera Parque
O Supera Parque é responsável
por atrair e reter empresas tecnológicas, com destaque para os setores de
saúde, biotecnologia, tecnologia da informação e bioenergia. O Parque surgiu do
convênio entre USP, Prefeitura de Ribeirão Preto e SDECTI. O Governo de São Paulo
já investiu mais de R$ 11 milhões na iniciativa.
Com uma área de
aproximadamente 378 mil m², cerca de 150 mil m² destinados à instalação de
empresas, o Supera Parque está dividido em três fases de implantação. A fase 1,
já em atividade, conta com a Incubadora de Empresas e o Centro de Negócios, com
cerca de 50 empresas instaladas, além dos serviços prestados pelo Centro de
Tecnologia. A fase 2, ainda em desenvolvimento, prevê a urbanização dos 150 mil
m² e a instalação do Centro de P&D. A fase 3 abrigará a Aceleradora de
Empresas e o Núcleo Administrativo do Parque.
foto: Governo de São Paulo,
Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
0 comentários:
Postar um comentário