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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Governo de SP estuda implantação de núcleo da Fiocruz em Ribeirão Preto para fabricar o kit diagnóstico point of care, sistema que fornece resultados rápidos

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), assinou um decreto para estudar os mecanismos de financiamento para a implantação de um núcleo da Fiocruz em Ribeirão Preto. O documento foi assinado na última segunda-feira (22/5) e em 90 dias deverá ser apresentado, pelo grupo de trabalho instituído, um modelo de financiamento. A plataforma será instalada no Supera Parque e estará voltada para pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em saúde. A nova planta fabricará o kit diagnóstico point of care, sistema que fornece resultados rápidos para diversas doenças.

Segundo o coordenador do projeto, Rodrigo Stabeli (à direita), o acordo assinado na segunda-feira dá continuidade às tratativas que vinham sendo feitas com a USP

“Será uma grande conquista. Poderemos ter, pela primeira vez, uma planta da Fiocruz, um dos mais importantes institutos de pesquisa do Brasil e com renome internacional, para se instalar em Ribeirão Preto. E isso vai ser um investimento importante para a ciência e tecnologia e um grande avanço para a saúde. Assim, apresentaremos diagnósticos precisos e mais rápidos para a população”, disse Alckmin. O foco da nova unidade será a produção de kits para resultado rápido sobre vírus zika e chikungunya. O local é estratégico e também apropriado para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas.

Segundo o coordenador do projeto, Rodrigo Stabeli, o acordo assinado na segunda-feira dá continuidade às tratativas que vinham sendo feitas com a Universidade de São Paulo (USP), dentro de uma parceria para a instalação de uma Plataforma de Medicina Translacional, atraindo pesquisadores que trabalham na transformação do conhecimento em insumos e produtos para a saúde. “Vamos reunir intelectuais da principal universidade da América Latina e do principal instituto de pesquisa em saúde da América Latina, com conhecimento voltado para translação e dessa maneira desenvolver dispositivos que possam melhorar a saúde e o bem-estar da população”, disse Stabeli.

De acordo com Stabeli, o acordo tem duas etapas: a primeira será a montagem de um laboratório que reunirá profissionais em farmacologia, imunologia, bioinformática, biotecnologia e nanotecnologia para buscar alvos que possam ser traduzidos rapidamente para o setor produtivo. “Assim poderemos desenvolver produtos que sejam bioinsumos para vacinas, biofarmacêuticos ou dispositivos para diagnósticos complexos que poderão ser acessados pela população. Ou seja, alvos moleculares, que serão desenvolvidos em convergência com setores de produção, já que num primeiro momento não vamos produzir. Essa primeira etapa promove a união da Fiocruz com unidades bem produtivas da USP, como as faculdades de Medicina, de Filosofia, Ciências e Letras e de Ciências Farmacêuticas da USP num conglomerado de equipamentos e expertise que incluirá a reforma de um prédio para instalar esse laboratório bi-intistucional”.

A segunda etapa será a de desenvolvimento de um dispositivo para diagnóstico point of care, pelo qual se consegue reunir, num único produto, a avaliação de várias doenças (infecciosas ou não), de forma rápida em uma tecnologia que não existe no Brasil. A Fiocruz, junto com parceiros internacionais, vai trazer isso para o país para o fortalecimento do Complexo Econômico e Industrial da Saúde. “Teremos point of care para todas as abordagens, como a Rede Cegonha, a Rede Sepsis e para diagnóstico multidiferencial de dengue e chicungunha. O point of care utiliza os princípios de diagnósticos em equipamento de alta complexidade em um ambiente que não requer alta complexidade (como uma UBS, por exemplo). O equipamento estará ligado ao serviço de vigilância, na frente do médico, o que representa um grande salto para o diagnóstico e é algo bastante inovador. A planta será instada em Ribeirão Preto, num investimento de R$ 54 milhões, financiado pelo governo de São Paulo.

Os investimentos serão estudados a partir do decreto de segunda-feira, pelo qual se montou um grupo de estudo que vai criar subsídios para propor o mecanismo de financiamento, cujos valores em 2017 chegarão a R$ 18 milhões. Para a Planta Translacional serão R$ 8 milhões, em um projeto temático da Fapesp, que também vai financiar mais dois projetos, chegando a R$ 15 milhões. “Esta é uma iniciativa bi-institucional que trabalha em projetos estratégicos para o país, de forma suntentável. A Fiocruz vai entrar com contrapartidas não financeiras e o governo estadual com as financeiras”, frisou Stabeli.

Pela Fiocruz, compõem o grupo de trabalho os vice-presidentes de Produção e Inovação em Saúde, Marco Aurélio Krieger – que participou da solenidade de assinatura do decreto como presidente interino da Fiocruz –, e de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Moreira, o coordenador de Ações de Prospecção, Carlos Gadelha, e o pesquisador/especialista e coordenador do projeto, Rodrigo Stabeli. “A partir do grupo de trabalho constituído vamos discutir mecanismos de financiamento. Na atual conjuntura econômica é importante elaborar novos mecanismos de financiamento de C&T&I que possam estar associados ao desenvolvimento econômico. Precisamos reinventar os mecanismos de financiamento da C&T&I, pois os que existem no país estão ultrapassados e deficitários. A partir do novo Marco de C&T&I a Fiocruz tem trabalhado na vanguarda e, neste caso, com a parceria do Governo de São Paulo e da Prefeitura de Ribeirão Preto, tenta criar soluções de financiamento, em parceria com instituições públicas e arranjos produtivos locais. Futuramente esse modelo poderá ser disseminado para outras entidades federativas”, avaliou Stabeli.

O Supera Parque faz parte do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos e tem como principal vocação a área da saúde. O local também concentra instituições de ensino renomadas, como a Universidade de São Paulo, empresas incubadoras e técnicos especializados nos segmentos de equipamentos médico-hospitalares, biotecnologia, fármacos, cosméticos, bioenergia e tecnologia da informação e comunicação.

O grupo será coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI) e contará com a participação de representantes da Secretaria da Fazenda, Desenvolve SP, Prefeitura de Ribeirão Preto e Fiocruz. A comissão criada vai formular proposta da metodologia de estudo para implantação do núcleo da Fiocruz, a elaboração de relatórios mensais dos trabalhos desenvolvidos e o encaminhamento de parecer final com as proposições definidas pelos participantes.

Supera Parque

O Supera Parque é responsável por atrair e reter empresas tecnológicas, com destaque para os setores de saúde, biotecnologia, tecnologia da informação e bioenergia. O Parque surgiu do convênio entre USP, Prefeitura de Ribeirão Preto e SDECTI. O Governo de São Paulo já investiu mais de R$ 11 milhões na iniciativa.

Com uma área de aproximadamente 378 mil m², cerca de 150 mil m² destinados à instalação de empresas, o Supera Parque está dividido em três fases de implantação. A fase 1, já em atividade, conta com a Incubadora de Empresas e o Centro de Negócios, com cerca de 50 empresas instaladas, além dos serviços prestados pelo Centro de Tecnologia. A fase 2, ainda em desenvolvimento, prevê a urbanização dos 150 mil m² e a instalação do Centro de P&D. A fase 3 abrigará a Aceleradora de Empresas e o Núcleo Administrativo do Parque.

foto: Governo de São Paulo, Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)


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