Para
debatedores, óculos de baixa qualidade prejudicam a saúde do consumidor,
potencializando o aparecimento de doenças como cataratas e até cegueira.
Solução seria o acesso a oftalmologistas e a certificação de produtos prescritos
Segundo
a Associação da Indústria Óptica, um em cada dois óculos são comprados no
mercado paralelo ou na economia informal; oftalmologistas chamaram atenção
também para a venda de óculos sem consulta médica
Oftalmologistas
e representantes da indústria óptica defenderam, nesta terça-feira (23), a
certificação obrigatória de óculos e lentes. A medida está prevista no Projeto
de Lei 4008/15, do
deputado Rômulo Gouveia (PSD-PB), que foi discutido em audiência pública na
Comissão de Seguridade Social e Família.
Segundo
os médicos, o uso de óculos de grau ou de sol de baixa qualidade pode gerar
danos à saúde do indivíduo, como o aparecimento da catarata – que poderia ser
evitada com lentes de sol com filtro de raios ultravioletas – e problemas
relacionados ao contato da pele com substâncias nocivas, liberadas por
armações.
“Preocupa-nos
muito o problema dos óculos no mercado paralelo e a falta de consulta médica.
Isso faz com que haja uma maior quantidade de cegos, uma cegueira que poderia
ser prevenida nos consultórios”, observou o médico oftalmologista Marcos Ávila,
que representou o Conselho Federal de Medicina (CFM) na reunião.
Dados
citados pelo representante da Associação Brasileira da Indústria Óptica
(Abióptica) Leôncio Queiroz apontam que, no Brasil, um em cada dois óculos são
comprados no mercado paralelo ou na economia informal. “Cinquenta por cento dos
pacientes estão colocando a visão em risco”, alertou Queiroz.
Para
reduzir essa porcentagem, ele recomendou também a criação de um selo que
permita ao consumidor identificar os óculos de qualidade. “O preço menor e a
falta de selo fazem muitas pessoas acreditarem que todos os óculos são iguais.
Um selo permitiria a identificação rápida de óculos com garantia de qualidade
no mercado”, acredita.
Ao
lado dos óculos de qualidade, os participantes do debate alertaram para a
necessidade de consultas com médicos oftalmologistas, realizadas com
instrumentos de medida bem calibrados, para que o paciente saia com a
prescrição exata dos óculos a serem confeccionados.
Custos
Outro ponto abordado no encontro foram os custos desses óculos certificados. A deputada Raquel Muniz (PSD-MG) acredita que alguns programas de governo poderiam estabelecer que o paciente saia do consultório médico já com os óculos.
Outro ponto abordado no encontro foram os custos desses óculos certificados. A deputada Raquel Muniz (PSD-MG) acredita que alguns programas de governo poderiam estabelecer que o paciente saia do consultório médico já com os óculos.
Hiran
Gonçalves apresentou substitutivo a projeto sobre óculos e lentes: apenas
poderão ser fabricados produtos certificados
O
presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Homero Gusmão de
Almeida, por outro lado, observou que não adianta delegar a responsabilidade ao
Sistema Único de Saúde (SUS), que não tem dinheiro.
Uma
possível saída apontada pelo relator do projeto, deputado Hiran Gonçalves
(PP-PR), estaria na tributação menor de óculos ou no aumento da concorrência
entre os fabricantes e os vendedores. “Óculos ainda são extremamente caros para
os consumidores brasileiros, que precisam inclusive usar óculos escuros [em
razão de o Brasil ser um país tropical]”, observou o parlamentar.
O
PL 4008/15 aguarda votação na Comissão de Seguridade. Hiran Gonçalves
apresentou um texto substitutivo ao projeto. A proposta proíbe a fabricação, o
fornecimento e a comercialização de lentes oftálmicas e lentes de contato sem
certificação por organismo de certificação de produto. Caberá à autoridade
sanitária e aos órgãos de fiscalização delegados pelo Inmetro o cumprimento da
lei.
O
texto já foi aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria,
Comércio e Serviços.
ÍNTEGRA
DA PROPOSTA:
Reportagem
– Noéli Nobre, Edição – Rachel Librelon, Foto - Alex Ferreira/Câmara dos
Deputados
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