Testes com macacos têm
resultados promissores e estratégia pode ser importante opção para grávidas
Anticorpos monoclonais
produzidos com técnicas de biotecnologia como os usados no tratamento de alguns
tipos de câncer, como os de mama, gástrico e dos ossos podem ser aplicados para
impedir que o vírus da zika infecte as pessoas. A descoberta,
publicada ontem na revista "Science Translational Medicine" é fruto
de uma parceria entre cientistas americanos e pesquisadores do Instituto
Oswaldo Cruz (IOC) e da Universidade de São Paulo, que tem como objetivo achar
uma maneira rápida e segura de proteger grávidas da infecção pelo vírus, e seus
fetos de sequelas como a microcefalia.
No estudo, os cientistas
primeiro isolaram linfócitos B (um tipo de célula de nosso sistema imunológico
que fabrica anticorpos) de um indivíduo na fase aguda da doença. Estes
linfócitos foram então cultivados em laboratório (clonados) para produzirem mais
anticorpos, passando a ser denominados "monoclonais" Deles foram
então extraídos, isolados e purificados 91 anticorpos. Após testes in vitro em
que os anticorpos monoclonais eram desafiados a combater o vírus da zika,
foram selecionados os três que apresentaram as mais altas taxas de
neutralização, batizados SMZAbl, SMZAb2 e SMZAb5.
INJEÇÃO PREVENTIVA
Um "coquetel" com
estes três anticorpos foi então injetado em quatro macacos, com outros quatro
animais recebendo uma injeção de placebo, sem anticorpos capazes de combater,
para servir de grupo de controle. No dia seguinte, todos os animais foram
inoculados com um tipo especialmente danoso do vírus. Exames subsequentes
mostraram que, nos macacos que receberam a injeção com os três anticorpos, o
vírus não conseguiu se multiplicar. Já nos que receberam o placebo, a infecção
rapidamente se instalou, com o vírus se replicando e a carga viral atingindo
altos níveis em seus organismos.
- Os anticorpos foram tão
eficazes no bloqueio da infecção pelo zika que não deu tempo
de os macacos sequer construírem sua própria resposta imunológica ao vírus -
destacou ao GLOBO David Watkins, pesquisador da Universidade de Miami, EUA, e
líder do estudo.
Segundo Watkins, estes
primeiros resultados das experiências com os anticorpos monoclonais contra
o zikasão tão promissores que já estão em curso estudos para
fabricá-los com pureza e segurança suficientes para iniciar testes com humanos.
Ainda de acordo com o pesquisador americano, se tudo der certo, em dois a três
anos eles já estarão disponíveis para a população, numa muito necessária
alternativa de prevenção da doença em grávidas.
- Por melhor que seja uma
futura vacina com vírus atenuado contra o zika, ela terá que ser
usada com cautela em grávidas pelo perigo que o vírus apresenta para o fetos -
lembra o pesquisador. - Já com os anticorpos não há esse tipo de preocupação.
(Cesar Baima).
Coquetel
impede replicação do vírus da zika em macacos
Cientistas
brasileiros e americanos criaram um coquetel com anticorpos produzidos em
laboratório que, em testes com ma- cacos, impediu em até 100% a replicação
do vírus da zika. A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade de
Miami (EUA), em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz
eaU)niversidadedeSãoPaulo(USP).
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