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quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Anticorpos bloqueiam infecção pelo vírus zika

Testes com macacos têm resultados promissores e estratégia pode ser importante opção para grávidas

Anticorpos monoclonais produzidos com técnicas de biotecnologia como os usados no tratamento de alguns tipos de câncer, como os de mama, gástrico e dos ossos podem ser aplicados para impedir que o vírus da zika infecte as pessoas. A descoberta, publicada ontem na revista "Science Translational Medicine" é fruto de uma parceria entre cientistas americanos e pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e da Universidade de São Paulo, que tem como objetivo achar uma maneira rápida e segura de proteger grávidas da infecção pelo vírus, e seus fetos de sequelas como a microcefalia.

No estudo, os cientistas primeiro isolaram linfócitos B (um tipo de célula de nosso sistema imunológico que fabrica anticorpos) de um indivíduo na fase aguda da doença. Estes linfócitos foram então cultivados em laboratório (clonados) para produzirem mais anticorpos, passando a ser denominados "monoclonais" Deles foram então extraídos, isolados e purificados 91 anticorpos. Após testes in vitro em que os anticorpos monoclonais eram desafiados a combater o vírus da zika, foram selecionados os três que apresentaram as mais altas taxas de neutralização, batizados SMZAbl, SMZAb2 e SMZAb5.

INJEÇÃO PREVENTIVA
Um "coquetel" com estes três anticorpos foi então injetado em quatro macacos, com outros quatro animais recebendo uma injeção de placebo, sem anticorpos capazes de combater, para servir de grupo de controle. No dia seguinte, todos os animais foram inoculados com um tipo especialmente danoso do vírus. Exames subsequentes mostraram que, nos macacos que receberam a injeção com os três anticorpos, o vírus não conseguiu se multiplicar. Já nos que receberam o placebo, a infecção rapidamente se instalou, com o vírus se replicando e a carga viral atingindo altos níveis em seus organismos.

- Os anticorpos foram tão eficazes no bloqueio da infecção pelo zika que não deu tempo de os macacos sequer construírem sua própria resposta imunológica ao vírus - destacou ao GLOBO David Watkins, pesquisador da Universidade de Miami, EUA, e líder do estudo.

Segundo Watkins, estes primeiros resultados das experiências com os anticorpos monoclonais contra o zikasão tão promissores que já estão em curso estudos para fabricá-los com pureza e segurança suficientes para iniciar testes com humanos. Ainda de acordo com o pesquisador americano, se tudo der certo, em dois a três anos eles já estarão disponíveis para a população, numa muito necessária alternativa de prevenção da doença em grávidas.

- Por melhor que seja uma futura vacina com vírus atenuado contra o zika, ela terá que ser usada com cautela em grávidas pelo perigo que o vírus apresenta para o fetos - lembra o pesquisador. - Já com os anticorpos não há esse tipo de preocupação. (Cesar Baima).

Coquetel impede replicação do vírus da zika em macacos

Cientistas brasileiros e americanos criaram um coquetel com anticorpos produzidos em laboratório que, em testes com ma- cacos, impediu em até 100% a replicação do vírus da zika. A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade de Miami (EUA), em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz eaU)niversidadedeSãoPaulo(USP).


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