“Sem financiamento público não
há geração significativa de conhecimento”, afirma Júlio Cesar Felix
O presidente da Associação
Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), Júlio
Cesar Felix, participou na manhã desta terça-feira (10) de Audiência Pública na
Comissão de Ciência Tecnologia Inovação e Informática, que lotou o Plenário 11
da Câmara dos Deputados, para debater sobre o orçamento e cortes para o setor.
Ele destacou que o papel do investimento público é fundamental para o
fortalecimento da Ciência e Tecnologia no país.
“Todos os dados disponíveis
que temos hoje no mundo demonstram de forma cabal que a fonte mais
significativa para o financiamento do sistema de ciência é pública”, afirmou
Júlio Cesar Felix, que também é diretor-presidente Instituto de Tecnologia do
Paraná (Tecpar).
Felix foi categórico ao
afirmar que não há futuro se o sistema de ciência nacional não se conecta com o
sistema nacional de inovação, mediante a expansão e incorporação do
conhecimento, a agregação de valor aos produtos e serviços e, por conseguinte,
aumento da competitividade das empresas e melhoria da distribuição de renda e
da qualidade de vida da população. “Esses resultados só são alcançados quando
se tem políticas públicas consistentes cuidadosamente planejadas, com visão de
longo prazo e com financiamento expressivo e sistemático em CT&I”, disse.
Helena Nader, representante
Academia Brasileira de Ciências destacou que o Brasil está parado no Século 18.
“A situação é grave, o Brasil está na contramão de qualquer país. Se a olharmos
para África do Sul, que acabou de sair de um Apartheid, ela está anos luz na
nossa frente na educação, na inovação e na ciência. Porque eles entenderam que
educação e ciência não são despesas, eles são investimentos”, afirmou.
Além de Nader, diversos
representantes de entidades do setor apresentaram números alarmantes sobre o
atual cenário da Ciência, Tecnologia e Inovação diante dos cortes de orçamento.
Para o presidente da ABIPTI, o caminho para a solução desta crise é a
utilização dos recursos extra-orçamentários provenientes dos Fundos Setoriais e
que estão alocados no FNDCT.
Felix destacou também outro
importantíssimo instrumento do governo para apoio ao setor que é o “Poder de
Compra do Estado”. “Nos EUA, o poder de compra é o principal instrumento
aplicado com sucesso no fomento das MPEs (American Act/33). No Brasil, as
compras públicas movimentam cerca de 10% do PIB do país. Dois exemplos de
destaque no emprego dessa modalidade foram a aquisições pelo estado dos
primeiros aviões da Embraer e a aquisição pelo Ministério da Saúde de
medicamentos para compor o coquetel antiaids”, ressaltou.
Conhecimento sem cortes
O debate faz parte de uma
grande agenda em defesa do investimento no setor, liderada pelo Movimento
“Conhecimento sem Cortes”, que inclui manifestações, reuniões e mobilização nas
redes. Na tarde desta terça-feira, será realizado um Ato Público de entrega de
82 mil assinaturas da petição da Campanha ao presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia. Será também divulgado e distribuído aos parlamentares
um Manifesto aos Parlamentares Brasileiros, apresentado pelo presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro
Moreira, presidente da SBPC.
Desde o início da campanha
"Conhecimento sem cortes", em junho, fora, instalados
“Tesourômetros" em várias capitais do país, que atualizam, minuto a
minuto, o valor dos cortes em ciência, tecnologia e educação.
Estiveram presentes na
Audiência os parlamentares Celso Pansera, autor do requerimento para realização
do debate, Paulo Magalhães, Margarida Salomão, Ivan Valente, Luciana Santos,
Luiza Erundina, Alessandro Molon, Henrique Fontana, José Augusto Nalin, Glauber
Rocha. Também foram representadas no debate diversas entidades, como o Conselho
Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação
(Consecti), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa
(Confap), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino
Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), a Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes),
a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Associação de Empresas de
Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação (P&D Brasil) e a Campanha
Conhecimento Sem Cortes.
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