Destaques

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Ozonioterapia - próximo dia 17, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado começará a debater um projeto de lei que prevê a regulamentação no Brasil - Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) emite parecer contrário

A terapia utilizada no Brasil experimentalmente para diversos problemas de saúde, como inflamações e feridas, será discutida no Senado e submetida a votação

No próximo dia 17, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado começará a debater um projeto de lei que prevê a regulamentação no Brasil de um tratamento médico que ganha popularidade nos consultórios particulares, apesar de não ser oficialmente reconhecido por aqui: a ozonioterapia. Depois da audiência pública, o projeto deverá seguir para a Câmara dos Deputados e, por fim, se aprovado, para sanção presidencial. A técnica é reconhecida em catorze países, entre eles Rússia, China, Portugal, Espanha e Cuba, e faz parte de sistemas públicos de saúde. Nos Estados Unidos, 23 estados a praticam. Trata-se de uma terapia que utiliza o gás ozônio misturado a moléculas de oxigênio no organismo como tratamento complementar de diversas doenças.

O requerimento para a audiência, apresentado pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), foi aprovado pela comissão nesta quarta-feira (27/09). A ideia é propiciar ao colegiado informações para posterior análise de projeto de lei do próprio Raupp (PLS 227/2017), que legaliza a prescrição da ozonioterapia no país. Segundo ele, a terapia é indicada como tratamento auxiliar de uma série de doenças, como artrite reumatoide, úlcera diabética, hepatites, herpes simples e queimaduras.

Serão convidados para debater o tema a presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia, Maria Emília Gadelha Serra, e o presidente do Centro de Apoio às Pessoas com Câncer de Bauru, Calos Eduardo Faraco Braga. A lista ainda inclui o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, e a médica Clarice Alegre Petramale, do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde.

Ao falar de seu projeto em Plenário, nesse mês de setembro, o senador disse que a ozonioterapia não substitui o tratamento médico, mas pode ser usada junto com ele. Outra vantagem seria o baixo custo do procedimento.

O ozônio tem várias funções terapêuticas, que começaram a ser descobertas durante a I Guerra Mundial, no contato com as graves feridas e infecções dos soldados. No uso terapêutico, ele entra no organismo de carona com o oxigênio. A junção dos dois gases é produzida por um aparelho mecânico. A combinação é então misturada a uma amostra de sangue do paciente e reinjetada no organismo, aplicada sobre a pele por meio de compressas, entre outras vias. O recurso é empregado como forma de cuidado paralelo para inflamações crônicas como artrites e artroses, dores lombares, feridas de difícil cicatrização e queimaduras (veja os detalhes no quadro ao lado). Afirma a otorrinolaringologista Emília Gadelha Serra, presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia, dedicada pesquisadora do assunto: "Em contato com a membrana das células do corpo, a mistura gasosa aumenta a oxigenação dos tecidos, além de possibilitar efeitos analgésico e anti-­inflamatório e apresentar propriedades germicidas".

No Brasil, a ozonioterapia sai ao custo médio de 300 reais por aplicação. No entanto, como se trata de recurso ainda experimental, dada a proibição legal, apesar dos bons resultados colhidos em outros cantos do mundo e do ritmo acelerado de estudos em torno do mecanismo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) entende ser inviável autorizá-­lo, preferindo um olhar cauteloso. Diz um documento do CFM: "A revisão da literatura demonstra que a ozonioterapia tem sido empregada em alguns projetos, mas não há estudos bem fundamentados demonstrando sua eficácia em medicina".

Entre os raros riscos, se aplicada de forma incorreta e em quantidade muito superior à recomendada, a ozonioterapia pode provocar embolia. Em 2015, porém, o Conselho Federal de Odontologia emitiu parecer regulamentando a prática. Desde então, os dentistas brasileiros são autorizados a usar a ozonioterapia como apoio nos procedimentos de extração de dentes, tratamento de canal e controle de inflamações na gengiva.
Com base no artigo publicado em VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552

Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) emite parecer contrário à regulamentação de ozonioterapia como tratamento complementar para Artrite Reumatoide

Em carta aberta à Comissão de Assuntos Sociais (CAS), do Senado Federal,  senadores, entidades médicas e setoriais, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) se manifestou contrária à adoção da ozonioterapia como terapia complementar ao tratamento de artrite reumatoide (AR), pois não há evidência científica suficiente sobre sua segurança e eficácia a longo prazo. A legalização da prescrição da ozonoterapia será objeto de consulta pública, prevista para ser iniciada ainda neste mês de outubro.

Na carta assinada pelo presidente da entidade, Dr. Georges Christopoulos, e endossada pelo seu diretor científico, José Tupinambá, e pela coordenadora da Comissão Científica em AR, Dra. Licia Mota, a SBR pondera que não há estudos suficientes que demonstrem a eficácia dessa alternativa de tratamento para a artrite reumatoide, como não são conhecidos os seus potenciais efeitos lesivos a longo prazo. 

Em minucioso levantamento bibliográfico sobre o tema, foram encontradas poucas referências científicas que justifiquem a adoção da ozonioterapia como ferramenta eficaz e segura para o tratamento da AR – desses, somente um estudo foi realizado em humanos e numa população restrita (30 pacientes). O levantamento bibliográfico abrangeu publicações existentes nas bases MEDLINE, SciELO, PubMed e EMBASE até setembro de 2017.

A ozonioterapia consiste na mistura, em  determinadas concentrações, de ozônio e nitrogênio, com aplicação por vias específicas – sendo totalmente proibida sua inalação ou aplicação por via respiratória, por ser extremamente nociva, podendo causar de lacrimejamento à morte em minutos dependendo da concentração usada.

SOBRE A SBR – A Sociedade Brasileira de Reumatologia – SBR é uma associação civil científica, sem fins lucrativos, fundada em 1949, com o objetivo de promover o desenvolvimento cientifico e da especialidade no Brasil. Hoje, conta com mais de 2 mil associados, distribuídos em 24 sociedades regionais estaduais e mantem assessorias e comissões científicas por áreas de especialidade, além de representações em associações nacionais e internacionais e junto ao Ministério da Saúde. A SBR é responsável pela certificação de especialistas em reumatologia, área médica que engloba mais de 120 diferentes doenças.  É filiada à Associação Médica Brasileira.

Para mais informações, acesse www.reumatologia.org.br e siga suas ações, iniciativas e novidades pelo Facebook

Contato:
SPMJ Comunicações
11.3289-2699 r.107

FONTE Sociedade Brasileira de Reumatologia – SBR


0 comentários:

Postar um comentário

Calendário Agenda