Em
2017, devido ao uso de fármacos, 7% dos candidatos tiveram o processo de coleta
interrompido
BRASÍLIA
(2/4/2018) - Para preservar a
saúde do doador e garantir a qualidade do sangue coletado, a Fundação
Hemocentro de Brasília segue uma série de requisitos definidos pelo Ministério
da Saúde.
Entre
os motivos mais comuns está a anemia (10,6 %), causada pela deficiência de
ferro no organismo. A chefe do Núcleo de Triagem do Hemocentro, Kamila Moraes,
explica que, nas mulheres, esse estado anormal pode estar relacionado ao fluxo
intenso da menstruação e a dietas muito radicais.
Caso
a anemia seja detectada na avaliação clínica feita no próprio hemocentro, o
profissional de saúde da fundação orienta o doador a como regularizar a
situação. O período para voltar à estabilidade leva, geralmente, de dois a três
meses.
O
processo de pré-triagem ainda verifica informações como pressão arterial,
pulso, peso e altura. Se houver alguma variação que demonstre risco para a
saúde do doador, a coleta é adiada por tempo determinado de acordo com o
impeditivo.
Se a
mulher estiver grávida — ou com suspeita — ou amamentando, recomenda-se esperar
um ano. "A retirada de quantidade significativa de sangue pode provocar
aborto", esclarece Kamila. Segundo ela, durante a amamentação, a restrição
está relacionada à perda de ferro, que pode interferir na saúde da mãe.
O
meio de transporte utilizado para ir ao hemocentro também afeta o processo. Se
tiver ido de bicicleta, por exemplo, o candidato corre o risco de ter a doação
interrompida. Isso porque a coleta de sangue, combinada ao exercício, aumenta a
probabilidade de desmaio.
"Essas
medidas foram tomadas para respaldar o doador e, principalmente, para não
comprometer a saúde dele", ressalta Kamila Moraes.
QUESTIONÁRIO - Para identificar outros fatores que
interferem na doação de sangue, a Fundação Hemocentro de Brasília preparou um
questionário com 43 perguntas.
Informações
como o uso de remédios, exames, cirurgias e tratamentos médicos são importantes
para garantir a qualidade do material colhido.
No
ano passado, cerca de 7% dos candidatos tiveram o processo de doação
interrompido devido ao uso de fármacos. "Alguns medicamentos têm
composições que interagem com outras, o que pode prejudicar o paciente que
receberá o sangue", justifica a chefe do Núcleo de Triagem.
"A
pessoa pode ser alérgica ou estar tomando antibióticos que reajam com o
medicamento do doador", acrescenta Kamila. O tempo de espera varia
conforme os componentes e o tipo de cada medicação (veja a arte).
As
vacinas também influenciam a qualidade do sangue. Por isso, é exigido um prazo
de 48 horas a um mês a partir da aplicação.
Além
de todo o histórico contido no questionário, no momento da doação de sangue,
são retiradas cinco amostras para exames laboratoriais, com o intuito de
detectar doenças como Chagas e hepatites. Caso haja alteração, o doador é
chamado para nova avaliação.
O
aparecimento de determinadas doenças pode requerer um período de espera mais
longo para doar. A lista completa e detalhada está no site do Hemocentro.
Quem
fez tatuagem ou tem piercing deve aguardar 12 meses. Porém, se o doador
apresentar o registro (pode ser uma foto) do estúdio, emitido pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), esse intervalo cai pela metade.
No
entanto, se o piercing for na mucosa oral ou genital, a doação de sangue é
impedida e só aceita após 12 meses depois da retirada do acessório. Isso
porque, de acordo com Kamila, esses lugares do corpo são suscetíveis a
processos inflamatórios e representam porta de entrada para doenças
infecciosas.
No
caso de homens que fazem sexo com outro homem, a espera é de um ano após o
último contato sexual. A medida impeditiva baseia-se na quantidade de casos de
aids e de infectados por HIV entre esse público.
Essa
exigência está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma ação
direta de inconstitucionalidadequestiona portaria do Ministério da Saúde e
resolução da Anvisa que restringem a doação de sangue por homossexuais.
Outro
fator restritivo é a estadia do doador em estados onde há alta incidência de
malária, como Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia,
Roraima e Tocantins.
Quem
esteve nessas unidades federativas deve aguardar um mês. Após esse prazo, é
feito um teste rápido no próprio hemocentro para checar se há infecção. Alguns
vírus ou bactérias podem ficar incubados e não ser identificados em exames de
sangue.
O
Hemocentro de Brasília fica no Setor Médico-Hospitalar Norte (Quadra 3,
Conjunto A, Bloco 3) e funciona de segunda a sábado, das 7 às 18 horas. Dúvidas
podem ser esclarecidas pelo WhatsApp: (61) 99136-2495.
0 comentários:
Postar um comentário