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sábado, 11 de agosto de 2018

Desempenho de exames de diagnóstico para zika - expõem a fragilidade do teste IgG-Elisa em o vírus da dengue é endêmico


Entre 2015 e 2016, o Brasil e vários países do continente americano vivenciaram a emergência de epidemias causadas pelo vírus zika, com grande repercussão mundial por causa da ocorrência de malformações congênitas em crianças cujas mães se infectaram durante a gestação. Desde então, um dos principais desafios para o enfrentamento da zika tem sido a dificuldade para o diagnóstico laboratorial correto das infecções causadas pelo vírus. Isso porque o vírus da zika apresenta similaridade com outros vírus da mesma família, os chamados “flavivirus”, o que muitas vezes impede uma acurada distinção das infecções causadas por eles.

Por isso, estudiosos do Brasil, Estados Unidos e Argentina avaliaram a capacidade de dois testes sorológicos, comercialmente disponíveis e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil, em identificar infecções causadas pelo zika. Os testes avaliados foram o IgM-Elisa, que é indicado para detectar uma infecção pelo vírus zika ocorrida recentemente, e o IgG-Elisa que é usado para verificar se a pessoa testada já foi infectada pelo vírus zika em qualquer momento durante a vida. Ambos os testes são produzidos pela Euroimmun.

Os resultados dessa investigação foram divulgados no artigo científico Diagnostic performance of commercial IgM and IgG enzyme-linked immunoassays (Elisas) for diagnosis of Zika virus infection, publicado no Virology Journal. O estudo, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, avaliou a performance dos testes sorológicos em amostras de soros de pacientes que tinham o diagnóstico de zika confirmado previamente por um teste molecular e também em amostras de pessoas que não tinham infecção pelo vírus (pacientes com confirmação do diagnóstico de dengue e doadores de sangue).

Os pesquisadores concluíram que o teste IgM-Elisa apresentava alta especificidade, ou seja, apresentava corretamente resultados negativos em amostras de soro de pacientes que não tinham zika, mas pouca sensibilidade, o que significa que não conseguiam identificar a infecção nas amostras de pacientes que tinham o diagnóstico de zika confirmado pelo teste molecular de referência. Em comparação, embora o teste IgG-Elisa tenha apresentado uma boa capacidade de identificar corretamente aqueles que já tiveram uma infecção pelo vírus zika, ele mostrou baixa especificidade, particularmente para pacientes previamente expostos a infecções por dengue, o que significa que o teste apresentava um resultado falsamente positivo em pacientes que não tiveram zika, mas tiveram dengue.

Estes resultados sugerem que o teste IgM-Elisa para zika não é útil para confirmar um diagnóstico de zika em pacientes que são suspeitos da doença, enquanto que o teste IgG-Elisa é mais adequado para o diagnóstico de zika entre viajantes, que residem em áreas livres de transmissão de flavivirus e nunca foram infectados pelo vírus da dengue, mas que teria pouca utilidade em localidades onde o vírus da dengue é endêmico como no Brasil.



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