Na lista das dez empresas com
mais artigos científicos publicados com as universidades estaduais paulistas
(USP, Unicamp e Unesp), oito são estrangeiras. As exceções são a Petrobras, que
lidera a quantidade de pesquisas em parceria com essas universidades, e a
Embraer, que fica em 10° lugar.
O levantamento, inédito, do
diretor-científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, foi apresentado
nesta quarta (8), no lançamento do livro "Repensar a Universidade:
desempenho acadêmico e comparações internacionais" [Com-Arte/Fapesp, 256
págs., R$ 50].
Brito Cruz analisou a
quantidade de estudos científicos publicados pelas universidades públicas de
São Paulo em coautorias com empresas, de 2011 a 2017, na base de periódicos
acadêmicos Web of Science. "Estamos falando de parceria científica de
verdade", disse. "São estudos feitos de maneira conjunta. Não se
trata de a empresa colocar dinheiro para a universidade pintar a parede de um
laboratório."
Entre as empresas de fora com
mais trabalhos acadêmicos com os cientistas paulistas no período analisado
estão a Novartis (com 118 estudos), a Roche (73) e a Merck (59).
O ranking traz cenários
interessantes. Por exemplo, uma pequena empresa nacional de Ribeirão Preto
(340km da capital paulista), a Apis Flora, figura em 23° lugar com 26 estudos
feitos com universidades. Eles trabalham com produtos para saúde derivados de
mel e de própolis -e têm mais estudos acadêmicos com universidades paulistas do
que companhias gigantes como a Sanofi (26° lugar, com 22 estudos) e a Microsoft
(37° lugar, com 12 estudos).
A Apis Flora, como destacou
Brito Cruz, já teve investimento da própria Fapesp para fazer pesquisa. A
empresa ganhou, por exemplo, em 2008, um aporte de recursos por meio do
programa Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) para o desenvolvimento
de biocurativos a partir de extrato de própolis para tratar queimaduras.
Os dados de Brito Cruz
mostram, ainda, que a quantidade de estudos feitos com empresas no total de
publicações das universidades de São Paulo vem aumentando em ritmo frenético e
se compara a de países desenvolvidos. Na USP e na Unicamp, por exemplo, quase
3% de todos os estudos científicos publicados entre 2015 e 2017 tiveram
parceria com alguma empresa. A taxa é um pouco maior do que a da Universidade
da Califórnia em Davis, que fica no meio do Vale do Silício (EUA).
"Isso serve para
desmontar um discurso recorrente de que universidades públicas não fazem
pesquisa com indústria", diz Brito Cruz. "Pelo menos no Estado de São
Paulo isso não é verdade."
DESEMPENHO
O livro "Repensar a
Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais", que traz
o estudo de Brito Cruz, reúne trabalhos de 18 especialistas em ensino superior
e avaliações de desempenho acadêmico das universidades [um dos estudos da obra,
sobre os principais rankings internacionais de universidades que existem, é de
minha autoria!]
A obra é coordenada por
Jacques Marcovitch, professor e ex-reitor da USP, e faz parte de uma proposta
da própria Fapesp de analisar formas de mensurar desempenho acadêmico e de
refletir sobre as universidades paulistas. No ano passando, Marcovitch
coordenou outra publicação, "Universidade em Movimento"
[Com-Arte/Fapesp, 256 págs., R$ 40], na qual os autores trataram de gestão das
universidades e da crise financeira instalada na USP. Com informações da
Folhapress.
Empresas com mais artigos
científicos com universidades paulistas (2011-2017)
1 - Petrobras (199 estudos)
2 - Novartis (118)
3 - Roche (73)
4 - Merck (59)
5 - Westat (53)
6 - AstraZeneca (52)
7 - Pfizer (51)
8 - GSK (50)
9 - Agilent (49)
10 - Embraer (47)
Fonte: Brito Cruz, Carlos
Henrique (2018): "Indicadores sobre Interação Universidade-Empresa em
Pesquisa em São Paulo" em "Repensar a Universidade: desempenho
acadêmico e comparações internacionais" (p. 198)
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