Negócio de US$ 62 bilhões
ainda depende de autorização em outros países
Sede da Takeda em Tóquio.
Aprovação dos acionistas é
maior desafio para o deal
A Superintendência-Geral (SG)
do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições,
a compra de 100% do capital social da biofarmacêutica irlandesa Shire pela
farmacêutica japonesa Takeda. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (8) pela
autoridade antitruste.
O acordo, anunciado no início
de maio, é avaliado em US$ 62 bilhões (US$
79,7 bilhões, incluindo dívidas). O deal se tornou o maior negócio
fechado durante o primeiro semestre do ano, segundo um relatório da consultoria
Mergermarket sobre a atividade global de M&A nos primeiros seis meses de
2018.
O negócio é uma tentativa da
Takeda - empresa criada no fim do século XVIII, quando vendia ervas medicinais
em Osaka, que se tornou especialista em tratamentos oncológicos e neurológicos
com presença em mais de 70 países - de ampliar seu portfólio de medicamentos e
recuperar seus ganhos. O acordo deve criar uma das maiores empresas
farmacêuticas do mundo, com uma receita combinada de US$ 30 bilhões.
Os lucros da farmacêutica
japonesa diminuíram quase pela metade durante o primeiro trimestre deste ano,
devido à queda brusca nas vendas de seu conhecido remédio contra o câncer, o
Velcade, que perdeu a proteção de sua patente nos Estados Unidos.
Sob o comando de Christophe
Weber, o primeiro CEO não nipônico da história da companhia, a Takeda busca se
expandir no mercado americano, o maior consumidor de medicamentos do mundo. A
intenção é absorver os remédios para tratar doenças raras da Shire e vacinas e
medicamentos da irlandesa que estão para ser aprovados. Executivos da Takeda
esperam que o negócio seja concluído na primeira metade de 2019.
Para isso, uma votação dos
acionistas da japonesa, que deve acontecer no começo do próximo ano, precisa
alcançar dois terços de aprovação do deal. Analistas consideram esse passo mais
complicado do que a aprovação dos órgãos antitruste pelo mundo. Os acionistas
japoneses têm criticado os planos de expansão da empresa e demonstram
preocupação sobre os riscos que a compra da Shire pode representar para as
avaliações de crédito e dividendos da Takeda, de acordo com informações da
Bloomberg. Weber, por sua vez, tem assegurado em entrevistas que a diretoria já
assegurou a maioria dos votos e que pode antecipar a convocação para que o aval
dos acionistas anteceda as aprovações das autoridades antitruste.
Aprovações mundo afora
Em seu parecer, a
Superintendência-Geral (SG) do Cade afirmou que a operação no Brasil não
resultará em sobreposições horizontais entre os produtos da Takeda e Shire que
existem no mercado e aqueles que estão em estágio avançado de pesquisa. O
negócio também não causa integração vertical no país.
A área técnica entendeu que o
deal não suscita preocupações concorrenciais no mercado de produção e
comercialização de produtos farmacêuticos e o aprovou em rito sumário.
O deal recebeu aprovação
incondicional da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla
em inglês) no dia 10 de julho. No entanto, a aquisição permanece sujeita a uma
série de condições, incluindo autorizações de outros órgãos reguladores e
aprovação dos acionistas das duas companhias.
Além do Cade, a transação deverá passar pelo crivo das autoridades antitruste do Canadá, da China, da Colômbia, da União Europeia, de Israel, do Japão, do México, da Rússia, da Coréia do Sul, de Taiwan, da Turquia e da Ucrânia. O processo já está em andamento na China, no Canadá e no México. Na Europa, as aquisições de empresas farmacêuticas passam por uma revisão mais detalhada e rigorosa.
Contudo, a aprovação da FTC dá um novo impulso aos esforços de Weber para vender a operação para os investidores, segundo reportagem da agência de notícias Bloomberg. A Takeda já garantiu o financiamento de uma parte da operação em dinheiro com um grupo de bancos, incluindo o JP Morgan, o Sumitomo Mitsui Banking Corp. e o MUFG Bank Ltd., como informou o Law360.
Além do Cade, a transação deverá passar pelo crivo das autoridades antitruste do Canadá, da China, da Colômbia, da União Europeia, de Israel, do Japão, do México, da Rússia, da Coréia do Sul, de Taiwan, da Turquia e da Ucrânia. O processo já está em andamento na China, no Canadá e no México. Na Europa, as aquisições de empresas farmacêuticas passam por uma revisão mais detalhada e rigorosa.
Contudo, a aprovação da FTC dá um novo impulso aos esforços de Weber para vender a operação para os investidores, segundo reportagem da agência de notícias Bloomberg. A Takeda já garantiu o financiamento de uma parte da operação em dinheiro com um grupo de bancos, incluindo o JP Morgan, o Sumitomo Mitsui Banking Corp. e o MUFG Bank Ltd., como informou o Law360.
Parte do receio dos
investidores advém da capacidade da Takeda em adquirir uma empresa duas vezes
maior que seu valor. O temor foi refletido na queda das ações da companhia,
logo após ela ter anunciado seu interesse pela Shire. Os papéis da Takeda
despencaram até 20% e voltaram a subir semanas depois, com expectativas de que
o acordo seja aprovado.
Operação com prescrição
Após quatro tentativas sem
sucesso, a quinta oferta pública da Takeda foi acolhida pela Shire em 24 de
abril. Naquela ocasião, o conselho da biofarmacêutica irlandesa disse que
estava disposto a discutir a proposta, após descartar as anteriores por
subvalorizar o pipeline dos medicamentos da empresa e suas perspectivas
futuras.
Cada ação da Shire foi trocada por US$ 30,33 em dinheiro e 0,839 de novos papéis da Takeda, o que representa uma avaliação da empresa irlandesa em cerca de 46 bilhões de libras (cerca de US$ 62 bilhões), sem incluir as dívidas. Os investidores da Shire ficarão com cerca de 50% da companhia combinada, que será listada no Japão e nos EUA.
Cada ação da Shire foi trocada por US$ 30,33 em dinheiro e 0,839 de novos papéis da Takeda, o que representa uma avaliação da empresa irlandesa em cerca de 46 bilhões de libras (cerca de US$ 62 bilhões), sem incluir as dívidas. Os investidores da Shire ficarão com cerca de 50% da companhia combinada, que será listada no Japão e nos EUA.
Por Paula Dume
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