Sessão na Câmara vai celebrar o Dia Nacional de Conscientização
sobre o Autismo
O tema é pauta para projetos e deputados já apresentaram 48 propostas
relacionadas ao autismo
Especialistas afirmam que é fundamental o convívio de estudantes
autistas com os outros alunos que não têm esse problema neurológico. Autismo é
um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características
fundamentais: inabilidade para interagir socialmente; dificuldade no domínio da
linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos; e padrão de
comportamento restritivo e repetitivo.
Na Câmara tramitam 48 propostas relacionadas ao autismo. Uma dessas
propostas (PL 1473/19), apresentada pelo deputado Amaro Neto, do PRB do
Espírito Santo, estabelece a garantia de atendimento educacional especializado
gratuito aos estudantes com transtorno do espectro autista e, em casos de
comprovada necessidade, o autista terá direito a acompanhante especializado.
"Eu tenho algo muito próximo dentro de casa. Os meus filhos não
têm [autismo]. Mas os meus filhos convivem com uma criança com autismo severo,
e eu vi que como a inclusão e como estar perto de crianças que não são
especiais ajudam essas crianças tão especiais no desenvolvimento da sua vidinha
logo no início dos primeiros anos de vida."
O termo abrangente é espectro autista porque os seus portadores têm
graus de comprometimento de intensidade variável: vai desde quadros mais leves,
como a síndrome de Asperger, na qual não há comprometimento da fala e da
inteligência, até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter
qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e
retardo mental.
Presidente da Frqente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas
com Transtorno do Espectro Autista, o deputado Célio Studart, do PV do Ceará,
afirma que há muito trabalho a ser feito:
"É comum nós vermos, por exemplo, vagas em colégios que são
negadas a pessoas com autismo, porque o colégio se vê em dificuldade de incluir
aquela pessoa. Isso está muito errado. É preciso rever essa questão. É preciso
também mostrar que essas pessoas têm o mesmo direito de qualquer pessoa com
deficiência na hora de ocupar vagas no mercado de trabalho. Então a lei tem que
valer para os autistas também."
O estudante Igor Andrade, de 20 anos, é autista e está cursando a
faculdade de design gráfico. Mas para chegar até aí, ele teve que superar
turmas que não entendiam as suas peculiaridades:
"É porque as pessoas não conseguem relacionar ao meu respeito, a
minha atitude, a minha sociedade, a minha aparência... (...) Eu estudei nas 900
numa escola muito chata, que eu sofria bullying, que as crianças me agrediam e
os professores não souberam trabalhar comigo direito."
A psicóloga Ana Maria Bereohff, especializada em autismo, defende o
convívio com os outros alunos não autistas:
"Então é muito importante como modelo comportamental, como
socialização. Então ela tem condição de frequentar, sim. Óbvio a gente também
tem que falar que as escolas têm estar preparadas, com professores
especializados, com adequação curricular, com adaptação curricular. Porque o
autismo, muitas vezes, traz uma dificuldade na atenção, uma agitação motora,
uma dificuldade até na própria compreensão dos comandos."
Para celebrar o Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo, em 2
de abril (terça), a Câmara dos Deputados fará uma sessão solene no Plenário
Ulysses Guimarães nessa data, a partir das 9 horas da manhã.
Reportagem – Newton Araújo, Agência Câmara
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