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terça-feira, 10 de março de 2020

MINISTRO DEFENDE VENDER ESTATAL QUE PROCESSA SANGUE


O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse em entrevista exclusiva ao Valor que adoraria privatizar a Hemobrás, estatal criada durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2004, para a fabricação de hemoderivados empregados no tratamento da hemofilia, distúrbio no qual a coagulação do sangue não acontece normalmente.

Na avaliação de Mandetta, a companhia já demandou mais de R$ 3 bilhões em recursos públicos desde a sua criação e “nunca produziu nenhuma gota de nada”.

Segundo ele, o ministério contratará uma auditoria para avaliar o que já foi feito na empresa e o que o governo pode fazer com a companhia.

“Nós já gastamos de R$ 3 a R$ 4 bilhões e nunca conseguimos produzir nenhuma gota de nada”, disse. “Meu sonho é de privatizar a Hemobrás. Por que o Brasil tem que ser dono? O Estado não é competente para isso. Mas tem que mudar a Constituição”, acrescentou.

Desde o ano passado, Mandetta está numa batalha com a atual diretoria. O ministro queria indicar novos integrantes, mas os atuais membros da direção se recusam a deixar os cargos alegando estabilidade.

Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco, Estado em que a empresa está sediada, expediu recomendações para que não sejam indicados novos nomes antes do término do mandato dos atuais membros em exercício.

Na avaliação do MPF, a “destituição repentina” de três membros do Conselho de Administração da Hemobrás acarretaria em abuso de poder de controle. Os três integrantes foram eleitos em assembleia, em 2018, para mandato de dois anos e por isso ainda têm algum tempo no cargo.

“Não pude mudar [a diretoria] antes porque eles tinham estabilidade, então não mandei um centavo para lá. No primeiro ato da nova administração, eu quero chamar uma auditoria, chamar todo mundo para saber o que precisa fazer”, defendeu o ministro da Saúde. “A gente precisa saber o que foi feito lá. Se não presta para isso, presta para alguma coisa? Se for bom negócio, a gente pode investir. Já foi dinheiro demais sem planejamento”, complementou.

A venda da Hemobrás, assim como de outras estatais, depende de autorização do Congresso Nacional. A companhia também está na mira do secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar.

Valor econômico


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