O ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, disse em entrevista exclusiva ao Valor que adoraria
privatizar a Hemobrás, estatal criada durante o governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), em 2004, para a fabricação de hemoderivados
empregados no tratamento da hemofilia, distúrbio no qual a coagulação do sangue
não acontece normalmente.
Na avaliação de Mandetta, a
companhia já demandou mais de R$ 3 bilhões em recursos públicos desde a sua
criação e “nunca produziu nenhuma gota de nada”.
Segundo ele, o ministério
contratará uma auditoria para avaliar o que já foi feito na empresa e o que o
governo pode fazer com a companhia.
“Nós já gastamos de R$ 3 a R$
4 bilhões e nunca conseguimos produzir nenhuma gota de nada”, disse. “Meu sonho
é de privatizar a Hemobrás. Por que o Brasil tem que ser dono? O Estado não é
competente para isso. Mas tem que mudar a Constituição”, acrescentou.
Desde o ano passado, Mandetta
está numa batalha com a atual diretoria. O ministro queria indicar novos
integrantes, mas os atuais membros da direção se recusam a deixar os cargos
alegando estabilidade.
Além disso, o Ministério
Público Federal (MPF) em Pernambuco, Estado em que a empresa está sediada,
expediu recomendações para que não sejam indicados novos nomes antes do término
do mandato dos atuais membros em exercício.
Na avaliação do MPF, a
“destituição repentina” de três membros do Conselho de Administração da
Hemobrás acarretaria em abuso de poder de controle. Os três integrantes foram
eleitos em assembleia, em 2018, para mandato de dois anos e por isso ainda têm
algum tempo no cargo.
“Não pude mudar [a diretoria]
antes porque eles tinham estabilidade, então não mandei um centavo para lá. No
primeiro ato da nova administração, eu quero chamar uma auditoria, chamar todo
mundo para saber o que precisa fazer”, defendeu o ministro da Saúde. “A gente
precisa saber o que foi feito lá. Se não presta para isso, presta para alguma
coisa? Se for bom negócio, a gente pode investir. Já foi dinheiro demais sem
planejamento”, complementou.
A venda da Hemobrás, assim
como de outras estatais, depende de autorização do Congresso Nacional. A
companhia também está na mira do secretário especial de Desestatização,
Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar.
Valor econômico
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