Comunicamos, com imenso pesar, o falecimento hoje (23/09) de Nelson Brasil de Oliveira, presidente de honra da ABIFINA, aos 93 anos. Um dos fundadores da entidade, dedicou grande parte de sua vida à estruturação do setor de química fina no Brasil, sempre com uma visão desenvolvimentista. Defendia que uma indústria nacional forte, amparada por políticas de Estado, é o caminho para o crescimento socioeconômico de longo prazo.
Disseminou essa perspectiva
por onde passou, tendo publicado centenas de artigos e participado de
conferências em seminários nacionais e internacionais sobre indústria,
inovação, desenvolvimento tecnológico, políticas públicas e economia. Tornou-se
referência para empresários e gestores públicos.
Nascido em Bagé (RS), Nelson
Brasil graduou-se engenheiro químico. Foi consultor da Norquisa (1992 a 2002),
diretor de Comercialização e Desenvolvimento da Carbonor (1982 a 1992) e
engenheiro da Petrobras (1960 a 1982), chegando a diretor do Centro de
Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes). Foi ainda professor (1951
a 1960) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na ABIFINA,
ocupou a vice-presidência em diferentes gestões, exercendo o papel de executivo
da entidade.
Nelson Brasil era um líder
nato e, com sua postura enfática, participou de momentos decisivos para a
indústria. Atuou nas negociações do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT,
na sigla em inglês), durante a Rodada Uruguai (iniciada em 1986), tratando dos
direitos de propriedade intelectual (PI).
Depois, entre os anos 1990 e
2000, atuou na elaboração da Lei da Propriedade Industrial (nº 9.279) e nas
negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Trabalhou ainda pela
inconstitucionalidade da extensão do prazo de patentes. Acreditava que a
proteção dos direitos de PI deveria ser moderada para não inviabilizar o
desenvolvimento da indústria nacional.
Ainda nos anos 2000,
incentivou a iniciativa pioneira da Fiocruz de contratar localmente a fabricação
dos insumos farmacêuticos ativos para os medicamentos que produzia, como forma
de resolver o problema de má qualidade dos produtos comprados por licitação
internacional. Apoiou, ainda, o licenciamento compulsório do antirretroviral
Efavirenz.
Esses e muitos outros temas
foram liderados por Nelson Brasil, sempre com ética e transparência. Valorizava
sua equipe e foi um exemplo para todos com quem conviveu. Tanto pela
generosidade de dividir seus conhecimentos, como por sua coragem, firmeza,
espírito de justiça e palavras de incentivo.
Nelson Brasil deixa Marta, sua
esposa há 72 anos; seus filhos Eloisa, Clarice e Eduardo; e seus netos e
bisnetos. Deixa também dezenas de amigos que tiveram a honra de fazer parte da
grande família criada com seu amoroso coração.
Hoje nos despedimos com
sentimento de tristeza. Mas também com o privilégio de termos feito parte de
sua trajetória.
Velório e cerimônia de
cremação
Data: 24/09/2022 (sábado)
Local: Crematório Memorial do
Carmo - R. Monsenhor Manuel Gomes, 287 - Caju, Rio de Janeiro
Velório: Sala 2, início às 11h
Cerimônia de Cremação: 14h
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