O Instituto de Tecnologia do
Paraná (Tecpar) é responsável por fornecer 90% da demanda nacional de mais de
10 milhões de kits diagnósticos disponibilizados por ano.
O principal Laboratório
Público Brasileiro de produção de kits de diagnósticos de brucelose e
tuberculose bovina e aviária está “interditado”, desde dezembro, e, põe em
risco a qualidade da carne e leite no País.
Após auditoria do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em setembro passado, o Tecpar
foi obrigado a parar a fabricação dos kits. O relatório constatou não
conformidades em partes da planta. Com a mudança do marco regulatório as
exigências sanitárias passaram a ser mais rigorosas, apesar do Tecpar fabricar
antígenos há mais de 30 anos sem qualquer registro de anormalidades.
As adequações exigidas no
relatório, não só implicam na paralização temporária das atividades, também,
demandam novos investimentos em torno de R$ 4 milhões em reformas e aquisição
de novos equipamentos.
Como toda empresa pública o
Tecpar só pode realizar compras ou contratar serviços através de licitações
públicas que levam entre 6 e 12 meses para se efetivar; comprar o equipamento e
esperar pela entrega e instalação e validação interferirá um ou dois anos na
retomada da produção.
Como os kits diagnósticos são
produzidos a preços de custo - o Tecpar é uma Instituição pública que não visa
lucros - para atender a demanda nacional não é justo penalizar o Estado do
Paraná com o ônus de mais este investimento que deveria ser realizado pela união.
Consultado o Tecpar, informou
que “Enviamos uma carta ao ministro [Blairo Maggi] e pedimos ajuda para
mobilizar recursos”, explica o diretor presidente do Tecpar, Julio Cesar Félix.
A instituição que foi
surpreendida pela determinação de paralização das atividades imposta pelo MAPA,
em dezembro, dispõem de produtos semiacabados e em processo que poderiam,
seguindo os mesmos procedimentos e controles dos últimos 20 anos, concluir os
kits e disponibilizá-los ao mercado, evitando o risco eminente de desabastecimento.
Para que o Tecpar possa
concluir os lotes paralisados em diferentes estágios do processo de fabricação,
ultimou entendimentos junto ao MAPA, e, estabeleceu procedimentos, específicos
para esses lotes, mas ainda depende da liberação das autoridades sanitárias do
Ministério.
Os lotes em processo
garantirão o abastecimento do mercado até o final do ano, enquanto se
viabilizam os recursos necessários para adequação de uma nova área no Parque
Tecnológico da Saúde do Tecpar na CIC.
Por sua vez, o Departamento de
Fiscalização de Insumos Pecuários (DFIP) do Mapa informou que está realizando
importações emergenciais da Argentina e conta com fabricação de outros
laboratórios nacionais, mas é sabido que os custos de importação são elevados.
Os exportadores e o fabricante local não tem capacidade de atender às demandas
do MAPA.
País em alerta
Produtor de bovinos e presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Federação de Agricultura do Paraná (FAEP), o médico veterinário Ronei Volpi faz um alerta: “se o caso não for solucionado, a consequência é a probabilidade de, entre 60 e 90 dias, serem interrompidos os programas de combate [à tuberculose e à brucelose] no país”, afirma.
No País além do Tecpar, apenas o Instituto Biológico de São Paulo responde por 10% da demanda desses antígenos. Caso o MAPA não autorize a conclusão dos lotes em produção, pode haver falta do produto em dois meses, conforme revelou uma fonte ligada à área de sanidade animal, que prefere manter anonimato.
Luciana Faria de Oliveira, fiscal agropecuária e médica veterinária do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) diz que desde antes de 2016 já havia oscilação na disponibilidade do produto. Mas foi a partir do fim do ano passado que a situação se tornou crítica. “Com a impossibilidade de produção pelo Tecpar, a dificuldade se deu pela sobrecarga do Instituto Biológico (IB), que tradicionalmente responde por 10% da demanda nacional, e, agora precisaria produzir para todo o Brasil”, completa.
Estoques no limite
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) possui 24 estabelecimentos credenciados para a venda dos dois tipos de antígenos, contatados quatro deles revelaram estar com estoque baixo ou sem o produto no momento. “A ausência poderia prejudicar o controle das doenças de brucelose e tuberculose”, comenta Rafael Gonçalves Dias, fiscal da Adapar.
Superintendente da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, Altair Valotto estima que o produto importado tenha valor 40% a 50% superior para o produtor. “É um problema sério em nível nacional”, diz.
O Tecpar produz e distribuí
cerca de 8 milhões de doses de antígenos para diagnóstico de brucelose e
tuberculose bovina, (ATA, prova do anel no leite, prova lenta, tuberculinas PPD
bovina e aviária), atendendo ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da
Brucelose e Tuberculose do (Mapa) Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento .
Também produz kits para
diagnóstico da leucose enzoótica bovina e da Brucella ovis,
utilizando a técnica de imunodifusão em gel de ágar (IDGA).
Produtos
Kits para diagnóstico de tuberculose
Kits para diagnóstico de
brucelose
Kits para diagnóstico de Brucella
ovis
Kit para diagnóstico de leucose
enzoótica bovina
Com informações da Gazeta do Povo e do Tecpar.
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