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domingo, 14 de maio de 2017

PRODUÇÃO DE CARNE E LEITE DO BRASIL PODE FICAR COMPROMETIDA PELA FALTA DE KITS DIAGNÓSTICOS PRODUZIDOS PELO TECPAR

O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) é responsável por fornecer 90% da demanda nacional de mais de 10 milhões de kits diagnósticos disponibilizados por ano.

O principal Laboratório Público Brasileiro de produção de kits de diagnósticos de brucelose e tuberculose bovina e aviária está “interditado”, desde dezembro, e, põe em risco a qualidade da carne e leite no País.

Após auditoria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em setembro passado, o Tecpar foi obrigado a parar a fabricação dos kits. O relatório constatou não conformidades em partes da planta. Com a mudança do marco regulatório as exigências sanitárias passaram a ser mais rigorosas, apesar do Tecpar fabricar antígenos há mais de 30 anos sem qualquer registro de anormalidades.

As adequações exigidas no relatório, não só implicam na paralização temporária das atividades, também, demandam novos investimentos em torno de R$ 4 milhões em reformas e aquisição de novos equipamentos.

Como toda empresa pública o Tecpar só pode realizar compras ou contratar serviços através de licitações públicas que levam entre 6 e 12 meses para se efetivar; comprar o equipamento e esperar pela entrega e instalação e validação interferirá um ou dois anos na retomada da produção.

Como os kits diagnósticos são produzidos a preços de custo - o Tecpar é uma Instituição pública que não visa lucros - para atender a demanda nacional não é justo penalizar o Estado do Paraná com o ônus de mais este investimento que deveria ser realizado pela união.

Consultado o Tecpar, informou que “Enviamos uma carta ao ministro [Blairo Maggi] e pedimos ajuda para mobilizar recursos”, explica o diretor presidente do Tecpar, Julio Cesar Félix.

A instituição que foi surpreendida pela determinação de paralização das atividades imposta pelo MAPA, em dezembro, dispõem de produtos semiacabados e em processo que poderiam, seguindo os mesmos procedimentos e controles dos últimos 20 anos, concluir os kits e disponibilizá-los ao mercado, evitando o risco eminente de desabastecimento.

Para que o Tecpar possa concluir os lotes paralisados em diferentes estágios do processo de fabricação, ultimou entendimentos junto ao MAPA, e, estabeleceu procedimentos, específicos para esses lotes, mas ainda depende da liberação das autoridades sanitárias do Ministério.

Os lotes em processo garantirão o abastecimento do mercado até o final do ano, enquanto se viabilizam os recursos necessários para adequação de uma nova área no Parque Tecnológico da Saúde do Tecpar na CIC.

Por sua vez, o Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários (DFIP) do Mapa informou que está realizando importações emergenciais da Argentina e conta com fabricação de outros laboratórios nacionais, mas é sabido que os custos de importação são elevados. Os exportadores e o fabricante local não tem capacidade de atender às demandas do MAPA.

País em alerta

Produtor de bovinos e presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Federação de Agricultura do Paraná (FAEP), o médico veterinário Ronei Volpi faz um alerta: “se o caso não for solucionado, a consequência é a probabilidade de, entre 60 e 90 dias, serem interrompidos os programas de combate [à tuberculose e à brucelose] no país”, afirma.

No País além do Tecpar, apenas o Instituto Biológico de São Paulo responde por 10% da demanda desses antígenos. Caso o MAPA não autorize a conclusão dos lotes em produção, pode haver falta do produto em dois meses, conforme revelou uma fonte ligada à área de sanidade animal, que prefere manter anonimato.

Luciana Faria de Oliveira, fiscal agropecuária e médica veterinária do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) diz que desde antes de 2016 já havia oscilação na disponibilidade do produto. Mas foi a partir do fim do ano passado que a situação se tornou crítica. “Com a impossibilidade de produção pelo Tecpar, a dificuldade se deu pela sobrecarga do Instituto Biológico (IB), que tradicionalmente responde por 10% da demanda nacional, e, agora precisaria produzir para todo o Brasil”, completa.

Estoques no limite

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) possui 24 estabelecimentos credenciados para a venda dos dois tipos de antígenos, contatados quatro deles revelaram estar com estoque baixo ou sem o produto no momento. “A ausência poderia prejudicar o controle das doenças de brucelose e tuberculose”, comenta Rafael Gonçalves Dias, fiscal da Adapar.

Superintendente da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, Altair Valotto estima que o produto importado tenha valor 40% a 50% superior para o produtor. “É um problema sério em nível nacional”, diz.

O Tecpar produz e distribuí cerca de 8 milhões de doses de antígenos para diagnóstico de brucelose e tuberculose bovina, (ATA, prova do anel no leite, prova lenta, tuberculinas PPD bovina e aviária), atendendo ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose do (Mapa) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento .

Também produz kits para diagnóstico da leucose enzoótica bovina e da Brucella ovis, utilizando a técnica de imunodifusão em gel de ágar (IDGA).

Produtos
Kits para diagnóstico de tuberculose
Kits para diagnóstico de brucelose
Kits para diagnóstico de Brucella ovis
Kit para diagnóstico de leucose enzoótica bovina

Com informações da Gazeta do Povo e do Tecpar.



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