Avanços da Medicina e a
melhoria da qualidade de vida estão provocando o envelhecimento da população
brasileira em um ritmo acelerado. Mas nem sempre a estrutura de saúde pública
acompanha as novas demandas. Um projeto que está sendo examinado pela Comissão
de Seguridade Social da Câmara (PL 7708/17), do deputado Arthur Virgílio
Bisneto, do PSDB do Amazonas, institui o Programa de Atendimento Especializado
às Pessoas Idosas. Unidades de saúde deverão ter equipes multidisciplinares
trabalhando paralelamente ao atendimento clínico convencional. Especialistas em
Geriatria e Gerontologia cuidarão de itens como mobilidade, cognição e
independência dos idosos, além de problemas associados à doença que levou o
paciente a ser internado. A proposta estabelece que 20% dos leitos têm que
compor uma ala geriátrica. Se a unidade de saúde for dividida por especialidade
médica, cada setor terá que dispor de alguns leitos para os mais velhos.
Relatora da proposta na
Comissão de Defesa da Pessoa Idosa, a deputada Leandre, do PV do Paraná, fez
algumas modificações no texto original. Ela incluiu os pronto-socorros no
programa e previu a formação continuada de profissionais nas próprias unidades de
saúde, para compensar o pequeno número de médicos geriatras atuando no país:
"Quando eu tenho uma
pessoa bem cuidada, trabalhando na prevenção, seguramente é muito mais barato
do que você ter que trabalhar na questão depois com uma ação que é mais onerosa
e menos eficaz. A partir do momento em que eu invisto em formação, seguramente
o meu custo vai cair, porque eu vou poder antecipar muitos problemas que, com o
passar do tempo, se tornarão mais graves, crônicos, mais caros."
Para o geriatra Leonardo
Pitta, na maioria das unidades de saúde já existem profissionais disponíveis –
portanto, não haveria aumento de custos ou a necessidade de novas contratações.
Ele reforça a importância de uma adequação dos recursos humanos e da preparação
do local para proporcionar um melhor acolhimento aos pacientes com mais idade:
"Na prática, a gente
reconhece que o idoso internado precisa de um atendimento diferenciado para
poder inibir a ocorrência de algum evento desfavorável ao longo da
internação."
O projeto original só tornava
o programa obrigatório para hospitais e unidades de pronto atendimento com pelo
menos 100 leitos. O relatório aprovado na Comissão dos Direitos de Defesa da
Pessoa idosa retirou este limite, porque a relatora considerou que só as
cidades maiores seriam beneficiadas. Além da Comissão de Seguridade Social e
Família, a proposta ainda tem que passar pela Comissão de Constituição e
Justiça. Se não houver pedido específico, ela não precisa ser examinada em
plenário e vai direto para o Senado.
Reportagem - Cláudio Ferreira
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